23.

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Noah:

Estava deitado em minha cama pensando no que tinha acontecido a uma hora atrás. Ter falado pra Any que gosto dela não estava nos meus planos, mas quando a vi fiquei tão aliviado, que tive que dizer.

Isso não muda nada, ainda mantenho firme a ideia de que não podemos nos envolver, seria arriscado demais, se bem que... A trouxe pra casa, agora Simon terá certeza que Any significa algo, porém, ele não pode mexer com ela, agora ela está aqui.

Não gosto de me sentir vulnerável, é uma sensação muito ruim, parece que tudo vai me machucar, que tudo é uma ameaça.

Lamar ainda estava reunindo informações sobre o cara, mas pelo o que ele me disse, esse Simon não era ninguém antes de se envolver com o tráfico.

Any entra no quarto. Ela tinha um sorriso no canto da boca.

-Andrey dormiu?- pergunto.

-Sim, ele perguntou por você, eu disse que você estava cansado.

-e estou, meu ombro tá doendo muito e minha cabeça parece que vai explodir.

-posso olhar seu ombro?- ela pergunta.

Faço que sim.

Any vem até a cama, ela senta ao meu lado e puxa meu braço devagar. A ajudo a tirar minha camisa. Any tira os curativos do meu ombro com cuidado.

-acho melhor deixar assim um pouco, pra poder respirar, não é bom deixar abafado- ela fala ainda analisando a ferida- já está começando a cicatrizar.

Os olhos dela estavam de um tom de castanhos tão intenso. Com a outra mão, aliso o rosto dela, afasto uma mecha de cabelo que caia em seu rosto.

Any toca minha mão a acariciando.

-somos bem complicados né?- ela pergunta me olhando nos olhos- quero ficar com você, mas tenho medo, e também sei que não posso.

-por que você tem medo?- pergunto.

-porque você fez coisas que me fizeram sentir isso Noah, você me obrigou a me prostituir, me fez de prisioneira... Isso sãos coisas que eu sei que nunca vou perdoar.

-eu sei, e não espero que me perdoe, sei que tenho a ficha bem podre, mas esse sou eu Any. Não pense que um dia irei mudar, porque isso não vai acontecer- falo me expondo- eu não sou romântico, não sou fofo, não sou carinhoso, essas coisas não existem em mim... Eu posso ser legal, posso ser mais tranquilo e tratar as pessoas bem, mas não sei ser como você, nem como o Andrey, dou amor as pessoas da minha forma. Então se um dia nos encontramos outra vez e esses sentimentos ainda existirem, a gente pode tentar ficar juntos.

Algumas lágrimas escorriam por seu rosto. Any sorri em meio aquela cena patética. Eu nunca pensei que fosse capaz de me expressar dessa forma.

-Eu amo você- ela sussurra- e eu nem sabia que te amava- agora ela rir como se aquilo fosse patético- mas agora eu sei, e isso é péssimo- Any enxuga as lágrimas se afastando- como posso te amar? Como posso dizer que te amo assim do nada? Eu acho que estou ficando louca!

Como ela pode me amar?

Sou doente!

Sou a pior pessoa que existe na face da terra. Ela não pode e nem deve me amar.

-esquece que esse amor existe- falo a encarando- eu não mereço esse amor Any, você é demais pra mim!

-não é tão fácil assim...

-por que não? Você tem motivos de sobra pra não me amar!

-porque enquanto a gente fala sobre essas coisas, eu só penso em estar entre seus braços- ela fala com uma cara estranha- eu não consigo te odiar, eu quero ficar com você.

Não consigo evitar o sorriso em meus lábios.

-você sabe que é burra por querer isso- falo me aproximando dela- Any, se entrar na minha vida, você vai correr mais riscos do que já está correndo- falo para que ela fique com medo e desista de mim- você quer isso? Viver com medo?

-Eu não sei... eu só sei que agora, nesse exato momento, eu quero ficar com você, depois a gente resolve se vai se odiar e se cada um vai seguir seu caminho.

Ela não é existe!

-você vai ser minha, minha e de mais ninguém- falo.

-eu já sou sua Noah!

-somos dois doentes- falo voltando a alisar o rosto dela- falamos uma coisa, agora estamos fazendo outra totalmente diferente.

Ela concorda.

Any segura meu rosto e em seguida une nossos lábios. Seguro firme em seu cabelo. Passo a outra mão por sua coxa a apertando.

Ela encerra o beijo me olhando com diversão

-eu quero te pedir uma coisa...

-o quê?

- eu quero que dê a liberdade da Joalin.

...

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