12.

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Any:

Eu não queria abrir os olhos, estava bom demais ali. Super aconchegante, melhor que a cama da boate.

Sei que é de manhã, da pra sentir o calorzinho do sol, dá pra sentir a claridade.

Me espreguiço sentindo meu corpo doer em alguns pontos. Minha perna esbarra em algo, ou melhor, alguém.

Viro pro lado abrindo os olhos. Noah dormia bem tranquilo.

Não acredito no que vou falar isso, mas, a noite passada foi legal. Ele cumpriu a promessa, mas eu não sei se vou conseguir fazer o que ele quer.

Eu não quero me deitar com vários homens numa noite, não quero me vender. Não posso fazer isso comigo.

-Noah- o chamo.

Eu preciso falar com ele.

-Noah...

Ele se mexe, porém não acorda.

-Noah.

Seus olhos abrem rápido demais e até me assunto.

-o que foi?- pergunta sonolento.

-não vou me prostituir!

...

Noah andava de um lado pro outro no quarto. Ele tinha colocado uma calça de moletom e tinha jogado uma camisa pra mim.

Estava sentada o observando.

-você sabe que eu tô puto, a semana toda você vem me testando, apronta cada coisa nada haver, só pra me testar, sendo que eu já te falei que você não vai gostar quando eu perder a paciência.

E ele realmente me alertou, várias vezes. E eu realmente não quero que ele perca a paciência, já provei um pouco do veneno dele e não foi legal.

-Noah, você não tem poder nenhum sobre mim, você não é meu dono.

-ai que você se engana, você me pertence Any.

-não Noah, eu não pertenço a você, não é só porquê você me fez de refém, que isso queira dizer que você tem algum direito sobre mim.

Me assusto quando do nada ele tira uma arma de trás da televisão que tinha na parede. Ele destrava a arma, mas não aponta pra mim.

-se você me matar, vai está fazendo um favor pra mim, pois eu prefiro morrer, a fazer o quê você quer.

-PORRA, NÃO É TÃO DIFÍCIL COLABORAR!

-é sim, você quer que eu me prostitua, NÃO VOU FAZER ISSO- grito.

O choro vem logo em seguida.

-que espécie de ser humano você é?- questiono em meio às lágrimas- por que me obrigar a isso?

Noah aponta a arma pra mim, dessa vez eu não tenho dúvidas que ele faria o que devia ter feito a uma semana atrás.

-por que você é tão teimosa?

Não respondo absolutamente nada, não tenho que responder. Ele sabe que está errado, que não deve me manter presa.

-não sou seus capachos- é a única coisa que falo.

Ele vem até mim, o cano da arma encosta na minha testa. Respiro fundo tentando não sentir medo, mas era impossível.

-se for fazer, faz logo- digo o desafiando- acaba logo com isso.

Noah olhava nos meus olhos, e por incrível que pareça, eles ainda brilhavam que nem na noite passada.

Eu conseguia vez que ele era daquele jeito, que ele é ruim de verdade, e ele não precisa mudar, se ele se sente bem sendo assim, quem sou eu pra julgar?

As pessoas passam tanto tempo apontando o dedo, que esquecem que os outros tem uma vida, uma vida sofrida, cheia de dor e decepções. Noah pelo o que eu vejo, tem motivos de sobra pra ser assim.

Ele não tem amor, não tem carinho.

Ele tem o Andrey, mas até eu sei o quanto é difícil quando apenas uma pessoa te ama. Eu perdi as únicas pessoas que me amavam de verdade. Sinto falta de receber carinho, de ser amada.

-Hoje não- ele fala.

Noah tira a arma da minha testa. Solto um suspiro de alívio. Eu realmente pensei que ela ia me matar.

-obrigada.

-não agradeça, você vai continuar na boate, estou pouco me fodendo para o que você acha, a única forma de você ficar livre de mim, é só se eu morrer.

-Noah...

-eu já estou de saco cheio de você- ele me interrompe- porra, para de reclamar.

-não vou me prostituir.

Noah parecia que sempre estava um passo a frente de mim, o sorrisinho cínico cresce em seus lábios. Sua cara era de puro deboche.

-Mas você já se prostituiu Any, no momento em que se deitou na minha cama e abriu as pernas pra mim, você estava se prostiuindo, porquê é o que você é, uma prostituta.

A raiva me consumia por dentro.

-eu não...

-você sim. Antes de sairmos da boate, eu paguei ao Johnny uma boa quantia pra sair com você, pede pra ele a sua parte depois.

Ele havia conseguido me humilhar, caí direitinho na conversa dele. No fim das contas, acabei me prostiuindo.

-o Bailey vai te levar pra boate, espero que eu tenha boas notícias sobre você de hoje em diante. Eu não vou mais te ameaçar Any, a partir de hoje, ou você faz, ou você ver as coisas acontecerem sem aviso prévio.

Apenas concordo.

-agora vai embora.

...

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