tráfico

17.

Any:

Quando o Bailey falou "você pode voltar pra faculdade e refazer sua vida" eu gritei muito, estava tão feliz.

Fiquei mais feliz ainda quando ele disse que Noah, tinha me deixado ficar com um apartamento.

Estava nesse exato momento arrumando minhas coisas no armário do quarto.

Bailey trouxe minhas coisas da boate. Ele também trouxe meu celular, minha bolsa da faculdade com minhas coisas, achei que nunca mais teria minha vida de volta.

A próxima missão é tirar a Joalin da boate, só que pra isso acontecer tenho, que me humilhar pro Noah, mas irei fazer isso por ela.

Olho o quarto mais uma vez, um suspiro de alívio escapa por meus lábios.

Abro uma gaveta pra por minhas roupas íntimas, mas algo chama minha atenção. Eram camisas masculinas.

Pego uma a cheirando. Aquele perfume é do Noah. Acho que ele deve ter esquecido aqui quando usava o apartamento. Que por sinal é muito bonito e grande.

Fico pensando até quando isso vai durar. Se Noah vai surtar a qualquer momento e me humilhar de novo, me prender e me obrigar a se prostituir outra vez. E se ele estiver apenas jogando?

O som da campainha me faz deixar os pensamentos de lado.

Ninguém sabe que estou morando aqui, só Noah e Bailey pelo o que sei.

Abro a porta dando de cara com quem menos eu esperava.

-Lamar, o que faz aqui?

Ele sorri com deboche.

-Só vim trazer uns papéis pra você assinar.

-e o que é?

Ele entra sem eu mandar. Fecho a porta indo atrás dele.

-são os documentos do apartamento, Noah quer que você assine.

-o apartamento vai ser meu?

-é, parece que você ganhou na loteria, mas não vai se achando não, se o Noah quiser tirar esse apartamento de você, ele tira num piscar de olhos.

-você é tão amargo, tá precisando relaxar- falo.

-só assina, aí eu vou embora.

Leio tudo com atenção, vai que alguma cláusula diz que "pertenço ao senhor Urrea".

Por fim, assino os papéis.

-por que não gosta de mim?- pergunto antes de estragar os documentos a ele.

-não é isso Any, é que eu fiquei com medo de você nos entregar pra polícia, entenda, os meninos são a única família que tenho, só de pensar que a qualquer minuto você poderia fazer algo, eu sentia vontade de te matar.

-por que está me contando isso agora?

-porque sei que você não vai falar nada, estaria sendo burra demais- ele fala sem papás na língua.

-então agora gosta de mim?- pergunto sorrindo.

-eu não disse isso- fala sorrindo- agora eu vou indo, ah e, Noah costuma vim aqui espairecer, não se assusta se ouvir algo.

-logo aqui? Ele tem outros apartamentos.

-sim, ele tem, mas estão todos alugados, ou você achou que ele só vivia com o dinheiro do tráfico?

-ta, tudo bem, pode ir...

Paro de fala quando a porta é aberta. Era Noah. Ele sorri todo cínico.

-eu vou indo- Lamar fala.

Quando eu acho que as coisas não podem ficar mais loucas, elas ficam. Lamar me puxa pelo o braço e lasca um beijo em mim, fico sem reação, mas acabo retribuindo.

Mas que porra?

Ele encerra o beijo com a maior cara de deboche possível.

Olho pra Noah que estava prestes a voar no pescoço dele.

-é, eu estava certo- Lamar fala me olhando- ele gosta de você, e sim, o beijo foi só pra saber a reação dele

Ele sai como se nada tivesse acontecido, mas antes deseja boa noite ao Noah.

Noah gosta de mim? Ele só pode está ficando maluco!

-atrapalhei?- o escuto perguntar.

-não, isso não foi nada- falo o olhando- o que faz aqui?

Pela primeira vez noto que ele segurava uma sacola. Era de algum restaurante.

-aqui não tem nada pra comer, então eu trouxe, mas já vou indo.

Ele põe a sacola no chão e vira pra ir embora.

Poxa, ele deve achar que tenho algo com Lamar...

Deixa ele achar, isso é ótimo.

-Noah- o chamo.

Ele para me olhando por cima do ombro.

-obrigada pela comida, boa noite.

...