30.

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Any:

Tinha algo querendo me despertar do meu sono, uma dor que estava começando a tomar intensidade.
Acho que já dormi demais.

Sinto uma pontada no pé da barriga. Tento abrir os olhos, mas estavam tão pesados.

- Noah...Noah...- o chamo.

Sentia meu corpo soar frio, uma dor de cabeça horrível e uma vontade enorme de vomitar.

-Noah- sussurro.

Quero abrir os olhos, mas tinha algo tapando minha visão.

-tá doendo- falo tentando tocar a ponta da minha barriga- dói muito...

Levo a mão até meu rosto e puxo uma faixa que estava nos meus olhos. A claridade me invade e fecho os olhos incomodada.

Volto a abrir os olhos vendo um teto branco. Algo fazia um bip perto de mim. Olho pro lado e vejo o monitor de batimentos cardíacos.

Minha boca está seca, quero água.

Por que estou num hospital? E por que sinto uma dor horrível na barriga?

-NOAH- grito em meio ao choro.

Simon... ele me empurrou da escada. Ele machucou Noah e os meninos.

Me contorço de dor.

Tento achar o botão pra chamar a enfermeira, mas a dor na minha barriga aumentava cada vez mais.

-ME AJUDA.

Sinto algo molhando o meio das minhas pernas, ergo a cabeça pra ver e uma mancha de sangue começava a formar no lençol.

Por que estou sangrando?

Estico o braço em que eu estava recebendo o soro, consigo apertar o botão de emergência.

O bip do monitor estava começando a ficar mais acelerado, meus batimentos estavam fortes demais.

Lágrimas e mais lágrimas escorriam por meu rosto. Eu não desejo essa dor a ninguém.

Escuto uma porta ranger e logo em seguida uma voz.

-meu Deus, ela acordou, chamem o médico- acho que era uma enfermeira.

Ela aparece no meu campo de visão e se assusta ao ver o monte de sangue.

-o que está sentindo querida?- ela tenta soar calma, mas se notava o nervosismo em sua voz.

-dói muito- gemo entre soluços.

- Eu quero que respire fundo, com cuidado e não olhe pro sangue...

- por que eu tô sangrando? Cadê o Noah? Eu quero o Noah!

-calma...

Um médico entra correndo na sala, ele não esconde a surpresa ao ver meu estado.

-Any, vamos te levar pra fazer uns exames, peço que se acalme- ele fala com a voz tranquila.

-por que eu tô sangrando?- choramingo.

-Você está perdendo o bebê.
...

Eu não me sentia nada bem, segundo os médicos, eu estava de coma a uma semana e três dias. Eu tinha que acordar.

A maior surpresa ao acordar, foi saber que eu estava grávida... mas o bebê não resistiu, estou tão fraca, tão debilitada, que ele não resistiu, ele dependia de mim pra viver.

Eu lembro bem de tudo o que aconteceu, estou com muito medo. Não quero voltar a passar por isso.

Olhava pra janela do quarto que me colocaram. O dia estava lindo lá fora, porém aquilo não importava pra mim. Eu só queria ir pra casa e esquecer que tudo isso aconteceu.

Por que comigo?

Minha vida era ótima, apesar de algumas coisas. Eu era livre, eu era feliz, ia me formar em enfermagem, trabalharia num hospital, agora parece que nada disso tem sentindo.

Tudo por culpa dele!

Noah desgraçou a minha vida.

Eu o odeio!

Algumas lágrimas escorrem por meu rosto.

Me sinto patética.

Minha atenção é atraída pela porta do quarto sendo fechada. Noah estava ali, ele segurava um buquê de rosas brancas e um ursinho.

Ele sorri parecendo realmente feliz, mas não retribuo seu sorriso.

-você acordou- sua voz soa aliviada- quando o doutor me ligou e eu vim correndo pra cá.

-eu preferia ainda está de coma- falo friamente.

-por que está falando isso?- a expressão dele muda- Any...

-eu perdi o bebê, acho que o médico não te falou isso... mas o que importa? Minha vida está toda fodida e a culpa é sua- falo expondo minha raiva- por que fez isso comigo?

- eu... Any, por favor, você não pode se estressar.

-eu não quero te ver- falo entre dentes- sai daqui, vai embora...

-por favor Any, vamos conversar, não faz isso.

-me deixa sozinha, eu quero ficar sozinha.

-A gente vai passar por isso juntos, eu vou cuidar de você, podemos ter outro bebê, eu prometo melhorar... eu só quero que você fique bem- ela fala desesperado.

O olhar dele era como o de uma criança perdida, mas nesse momento aquilo não me comovia.

-vai embora- peço.

-eu vou ficar lá fora, não vou sair daqui!

Ele deixa as flores no sofá e põe o urso na beira da cama. Noah me olha uma última vez e por fim sai.

Assim que ele fecha a porta, me debulho em lágrimas. Sei que chamei por ele ao acordar, mas não é tão simples quanto parece.

Eu o amo tanto, mas não posso perdoar o fato de que ele desgraçou a minha vida.

...

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