5.

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Any:

Eu não sabia se Noah ia mesmo me matar. Ele tinha me trazido de volta pro quartinho que estávamos antes dele precisar de mim.

Estava amarrada outra vez na cadeira, só que dessa vez eu não conseguia ver nada, ele deixou a venda no meu rosto.

Minha barriga roncava muito, meus pulsos doíam e minha cabeça latejava de dor.

Minha tia deve está tão preocupada, apesar de não termos uma boa relação. Ela implica muito comigo. Acha que eu não devia perder meu tempo na faculdade, que eu devia só trabalhar e blá blá blá...

Vai ver ela deve tá adorando que eu não estou em casa.

No fundo eu sempre soube que ela só me criou porquê meu pai era irmão dela. Não duvido nada que ela adoraria se livrar de mim, mas aí ela iria querer o dinheiro dela de volta.

Escuto uma porta abrir e logo depois passo a firmes.

-quem tá aí?- pergunto- Noah?

Sinto quando passam a mão em meu cabelo e depois a venda é tirada do meu rosto.

Olho pra trás e não sei porque, mas me sinto aliviada quando vejo Bailey. Ele não tem cara de ser tão mau.

-eu vou morrer agora?

Ele faz que não.

-você tá com fome?- pergunta com a voz firme.

-muita.

Ele desamarra minhas mãos. Passo os dedos por meu pulso, estavam vermelhos.

-trouxe isso pra você.

Pela primeira vez, noto um prato com um sanduíche e um copo de suco.

-o Noah sabe? Porque não quero prejudicar você.

-é o nosso segredo- ele fala.

Ele me entrega o prato e trato de comer logo. Bailey senta na cadeira que tinha de frente a minha.

Ele não tem cara de quem fala muito.

Bailey é alto, forte, moreno e o corte de cabelo dele lembra o do exército. Ele também tem muitas tatuagens.

Aquele sanduíche estava uma delícia, meu estômago agradecia muito.

Eu queria perguntar se Noah ia me matar de uma forma muito dolorosa, ou se ele me torturaria antes...

-tente fazer um acordo- Bailey fala.

-o quê?

-tente negociar sua vida com Noah.

-e se ele não aceitar?

-bom, não custa nada tentar... Ele vai te ouvir, agora come logo.

Apenas concordo.

O que eu posso negociar? Não acho que ele aceitaria!

...

Bailey tinha me deixado sem a venda. O que foi bom, observei melhor o lugar que eu estava.

Além da porta de saída, tinha uma outra porta atrás de mim, uma janela, uma mesa e um colchão no chão.

O lugar não era sujo, mas a iluminação amarelada deixava o ambiente meio sombrio.

A porta é aberta com brutalidade, Noah entra segurando uma arma. Ele fecha a porta e me olha.

-Vamos acabar logo com isso...

-não Noah, eu não quero morrer.

Ele não dá valor pra o que falo.

Noah destrava a arma a apontando pra mim.

-eu faço o que você quiser, mas por favor, não me mata, juro que faço qualquer coisa- imploro.

Ele baixa a arma me olhando estranho.

-qualquer coisa?

Faço que sim. As lágrimas já rolavam por meu rosto.

-você só tem que fazer uma coisa...

-e qual seria?

-deixar minha tia em paz e me deixar se despedir dela, eu prometo não falar nada do que vi.

Ele parecia pensar seriamente no que eu tinha pedido. Ele tem que aceitar!

-ok, você vai trabalhar na minha boate.

Meus olhos saltam de surpresa. Ele aceitou.

Mas uma boate? Que nojo!

-e o que vou ter que fazer?

Ele sorri de lado- acho que já sei- você vai ser uma prostituta.

Baixo a cabeça tentando esconder minhas lágrimas.

Será que eu devo mesmo fazer isso? Me prostituir pra salvar minha vida?

-Tudo bem, eu vou- falo.

...

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