As paredes têm ouvidos num castelo como Rollinston e o segredo de Alana e Lady Sanchez não durou muito. Malvina, de ouvidos atentos durante o piquenique ouviu a história sendo contada pela baronesa sobre como seu novo vestido combinava com o colar que nunca teve chance de usar.
Ela tinha certeza porque uma criada chamada Alana a ajudou a visualizar fazendo o favor de experimentar os dois para ela.Malvina deixou escapar um suspiro de susto e correu para contar para a governanta. Ela não tinha nada contra Alana, na verdade, simplesmente não conseguia ficar de boca fechada ao saber certas coisas e achou que era uma boa oportunidade para ver se a governanta favoreceria sua filha numa situação tão grave.
Carine recebeu a notícia com tanto alarme e susto que precisou se sentar. Não teve tempo, porém de ir atrás da filha para tomar qualquer atitude porque logo ouviu o barulho da comitiva dos homens chegando da caça. Em instantes viu o patrão aparecer no andar dos criados chamando por ela. Seu coração acelerou e ela o atendeu o mais calmamente possível.
Malvina ainda estava perto quando tudo aconteceu e aproveitou para se manter perto o suficiente para ver o desenrolar da história. Será que a mãe delataria a filha? Ela começou a se arrepender de ter contado tudo caindo em si na gravidade do ato que cometera. A governanta era uma mulher honesta, é claro que ela faria o que era certo; e Malvina começou a temer pelo pior. Ela na verdade não queria ver Alana sendo despedida.
─ Pois não, milorde.
─ Senhora Durval, gostaria de falar com a senhora sobre sua filha.
─ Minha filha? Senhor, eu sinto muito. Realmente, não há explicação para o comportamento dela, eu compreendo perfeitamente se for seu desejo despedi-la.
─ Despedi-la?
─ Sim, por causa do episódio com Lady Sanchez. Acabou de chegar ao meu conhecimento, senhor.
─ Ora, sim, eu soube disso, mas não precisa se preocupar com coisa tão banal. São assuntos de mulheres e se Lady Sanchez tomou essa liberdade quem sou eu para julgar sua filha, ela estava simplesmente obedecendo uma senhora. Não se preocupe com isso. Não, eu queria falar sobre o trabalho dela com a reforma do castelo, que contribuiu para eu poder dar esta recepção. Sem a ajuda de sua filha receio que não teria tido ânimo para convidar ninguém para vir a Rollinston tão cedo. Estava muito sombrio e frio antes aqui.
─ Não estou compreendendo, senhor.
Nem Carine nem Malvina que ouvia tudo, na verdade. A conversa estava tomando um rumo inesperado.
─ O que estou querendo dizer, senhora Durval, é que eu gostaria de recompensar os esforços da senhora e de sua filha e convidá-las para o baile de hoje à noite como convidadas especiais.
─ Me perdoe, milorde, eu estou ouvindo direito? - A voz do Senhor Castro, o mordomo, surgiu do corredor e ele apareceu com a testa franzida em interrogação.
─ Ele tem razão. O senhor não pode nos convidar para a sua recepção. É inaceitável para a sociedade, disse Carine. E além disso meu trabalho durante a festa é indispensável.
─ Mas é claro que posso. Ninguém pode questionar o anfitrião e convido quem eu quiser. Se a senhora é indispensável eu entendo, senhora Durval, mas pelo menos autorize sua filha a aceitar minha oferta. Eu insisto.
Carine permaneceu calada e incerta. Henrique se apressou a aceitar seu silêncio como uma confirmação e lhe estendeu uma valise que carregava.
─ Agora, leve esta mala para Alana e avise que aguardo por ela esta noite.
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A Lei e o destino
RomanceHá muitos anos os reinos se uniram em um concílio para determinar leis universais que mantivessem a paz e a ordem. Mas entre essas leis, uma influenciou a vida da rainha Susana no Reino de Morabe e também a vida da plebeia Alana, no reino vizinho de...