Capítulo X

132 5 1
                                    

_ Tive medo de que não viesse.

Os grilos cantavam do outro lado da janela semiaberta atrás da cortina, cortando o silêncio da madrugada. A biblioteca era aconchegante, com toda aquela madeira nos móveis, as paredes cheias de livros e a lareira crepitando um calor que quebrava o ar frio que vinha de fora.

Henrique estivera sentado e levantou-se assim que a viu. Alana estava à porta, envolta em um xale de lã cinza. Embaixo, um belo corpete branco apertava sua cintura e descia até o quadril onde começava uma saia azul leve e rodada, caindo abaixo do corpete como nuvens. Ela estava com o cabelo preso num coque displicente e tinha um leve rosado nas bochechas e nos lábios. Deu-lhe um sorriso caprichado antes de responder:

_ Decidi parar de fugir.

Ele se aproximou sério, ansioso. Buscou seus lábios e a envolveu num beijo desesperado. A boca dele se derreteu na dela, a língua explorando cada canto, absorvendo-a. Alana sentiu as pernas fraquejarem. O xale caiu e ela buscou uma parede para encostar, pois temia não ser capaz de sustentar seu peso com tamanho frenesi em seu corpo.

_ Quando te vi aqui pela primeira vez naquele vestido tão fino e com esses cabelos soltos era isso que queria fazer. Depois todas as noites ficava tentado em descer aqui só pra saber se você não estava pegando um livro, mas eu sabia que se descesse você nunca mais viria.

_ Eu venho quase todas as noites buscar novos livros.

_ Pois agora você pode ter certeza que vou estar aqui te esperando.

Ele voltou a buscar seus lábios numa ânsia desesperada. A corrente elétrica que passava por seus corpos, sentida desde o primeiro toque, fazia com que seus desejos se ampliassem e ele a devorava enquanto ela se entregava languidamente.

As mãos de Henrique começaram a descer do seu ombro para os seios, seus lábios acompanharam o caminho de descida e ele começou a beijar sua mandíbula e seu pescoço. Alana inclinou a cabeça para trás, sentindo que ele agora estava perigosamente perto de seus seios. Ela abriu a boca, arfando por ar. Queria que ele continuasse, mas sabia que já estava ultrapassando uma linha invisível muito, muito perigosa, mais um pouco e perderia o controle.

_ Calma, não significa que o caminho está completamente livre. Ainda prezo muito minha honra.

_ Desculpe, sei que sim.

As mãos dele ainda estavam insistentemente paradas em sua cintura e seus dedos começaram a percorrer a pele de seu pescoço.

_ Você é magnífica. É uma ofensa ter tudo isto escondido assim...

O desejo estampado em seu olhar dizia o que ele queria. Apesar disso, Henrique se conteve.

_ Quero que saiba, disse Alana enquanto sentia-o entrelaçar os dedos nos seus, que tenho plena consciência de que ao vir aqui, estou deixando de lado a razão, estou me permitindo viver algo que nunca experimentei antes, mas que terá um fim.

_ Não pensei que fosse tão prática e racional.

_ Minha vida é regida pela praticidade e racionalidade. É por isso que gosto tanto de ler, para ter um pouco de sonho e...

_ Romance?

Ela riu.

_ Espero que eu preencha este requisito da sua vida a partir de agora, completou ele.

Ele foi até a mesa e voltou com um buquê de flores que tinha colhido no caminho de volta após o encontro deles na pedra.

_ São lindas.

_ São para ficar no seu quarto e te fazer lembrar de mim ao acordar.

_ Então é romântico?

_ Não sei. Nunca dei flores para ninguém antes.

A Lei e o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora