Mario D'angelo:
Depois que Maicon saiu do escritório, o silêncio se instalou, exceto pelo som suave do ar-condicionado e o barulho distante da rua. Olhei para a pilha de documentos ainda sobre minha mesa. O trabalho nunca parava. Respirei fundo e peguei a primeira pasta da pilha, forçando minha mente a focar. Eu precisava me concentrar, mergulhar de cabeça no que estava diante de mim.
Os contratos que eu tinha que revisar não eram exatamente emocionantes, mas exigiam atenção aos detalhes. Cada cláusula parecia interminável, mas eu sabia que aquilo fazia parte do trabalho. E, se Maicon confiava em mim para cuidar dessa parte, eu não podia decepcioná-lo.
Enquanto lia, minha mente vagava de vez em quando. Pensei no Stefano, em como ele sempre dizia que não importava se não pudéssemos ter filhos biológicos, mas isso ainda me incomodava. Eu queria tanto ser capaz de dar a ele tudo, construir uma família do jeito que imaginávamos. Mas agora, tinha que encontrar uma nova maneira de aceitar essa realidade e seguir em frente.
Voltei minha atenção para o documento. Uma cláusula sobre rescisão me pareceu confusa, e fiz uma anotação rápida para discutir com Maicon depois. As palavras começaram a perder o sentido enquanto meus pensamentos voltavam para minha família. Aquela ligação da minha mãe que eu ignorei ainda ecoava na minha cabeça.
Sabia que não poderia fugir para sempre, mas, por enquanto, o trabalho era minha desculpa perfeita para evitar lidar com essas questões. Pelo menos até que estivesse pronto.
Continuei revisando os contratos, rabiscando notas aqui e ali, mergulhando mais fundo nos detalhes. A sensação de estar ocupado me deu um pequeno alívio da bagunça emocional. Aqui, no meio dos papéis e contratos, eu podia controlar as coisas. Havia uma clareza nas regras, nos prazos, nos números. E, às vezes, era exatamente disso que eu precisava: algo que eu pudesse controlar.
Após o que pareceram horas, olhei o relógio e percebi que já era tarde. A pilha de documentos tinha diminuído consideravelmente, o que me deu uma sensação de progresso. Terminei de revisar o último contrato, fechei a pasta e me recostei na cadeira, esticando os braços acima da cabeça.
O silêncio do escritório agora parecia menos sufocante e mais como um espaço de descanso. Eu sabia que o caos da vida real estava esperando do lado de fora, mas por enquanto, eu tinha conseguido um pequeno momento de paz. Fechei os olhos por um instante, apenas para aproveitar a sensação de que, por mais complicada que a vida fosse, havia sempre algo que eu poderia organizar, nem que fosse apenas uma pilha de papéis.
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Na hora do almoço, Maicon apareceu na porta do escritório com aquele sorriso casual e me chamou para comer alguma coisa. Sabia que eu não iria recusar — uma pausa para o almoço era mais do que necessária depois de horas atolado em papéis. Saímos juntos e acabamos indo até o restaurante onde o Stefano trabalha. Maicon, sempre espirituoso, fez alguns comentários sobre como ele precisava de um bom almoço para lidar com os gêmeos mais tarde.
Enquanto caminhávamos até o restaurante, vi Stefano à distância, e a cena quase me fez rir. Lá estava ele, em mais uma de suas fantasias temáticas — desta vez, vestido como um pirata, cercado por um grupo de crianças que brincavam ao redor. Ele parecia estar em seu elemento, com um sorriso genuíno no rosto, animando os pequenos com brincadeiras e piadas. Era uma daquelas cenas que me faziam admirá-lo ainda mais.
— Olha só quem está trabalhando duro — comentei, rindo, e Maicon seguiu meu olhar.
— Ele leva jeito com isso, né? — Maicon disse, balançando a cabeça com um sorriso. — As crianças parecem adorar ele.
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Amor rebelde | Livro 1.5 - Meu coração é seu!
Roman d'amourStefano e Mario sempre souberam que eram feitos um para o outro desde o momento em que se encontraram. Suas almas pareciam se entender de uma maneira profunda e sincera, com sonhos e valores compartilhados que fortaleceram o vínculo entre eles. O ca...