Capítulo Vinte

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Stefano Greco:

O despertador tocou cedo, e antes que eu pudesse processar o som irritante, senti Mario se remexendo ao meu lado. Ele deu um gemido baixo, enterrando o rosto no travesseiro como se tentasse se esconder da realidade.

— Não... só mais cinco minutos... — murmurou ele, ainda meio grogue.

Eu sorri, esticando a mão para desligar o alarme antes que nos enlouquecesse.

— Cinco minutos não vão fazer milagre, amor — provoquei, dando um leve empurrão em seu ombro.

Mario se virou lentamente, ainda de olhos fechados, mas com um sorriso preguiçoso se formando em seus lábios.

— E se eu disser que sou um especialista em milagres de cinco minutos? — ele respondeu, a voz abafada pelo travesseiro.

Eu ri, puxando o cobertor para cobrir nossos rostos, criando uma pequena fortaleza de tecido. Era nosso ritual matinal — enrolar um pouco mais na cama, fingindo que o dia podia esperar. Dentro daquele espaço aconchegante e quente, tudo parecia possível. A rotina lá fora podia esperar mais um pouco, enquanto a gente aproveitava os poucos minutos de pura paz.

— Sabe que vamos acabar atrasados, né? — Eu disse, mesmo sabendo que essa era sempre a nossa desculpa. A verdade é que eu gostava desses momentos com ele, mesmo que significasse sair correndo depois.

— Só se você não acreditar nos milagres — Mario respondeu, com um brilho malicioso nos olhos, me puxando para mais perto dele.

Esses eram os momentos que faziam tudo valer a pena. Mesmo nas manhãs corridas, nos atrasos inevitáveis e nos tropeços diários, era o carinho e a intimidade que compartilhávamos que transformavam nosso cotidiano em algo extraordinário.

Ainda sob o cobertor, Mario continuou com aquela expressão travessa, os olhos meio abertos, mas cheios de brilho. Ele tinha um jeito de transformar os momentos mais simples em algo mágico, e eu adorava isso nele. Ficamos ali, os dois, como se o mundo fora da nossa pequena fortaleza de cobertor não existisse. Ele se aproximou ainda mais, nossas testas se tocando, e eu pude sentir sua respiração leve e tranquila. Era difícil não se perder nesses momentos.

— Sabe... — ele começou, a voz baixa, quase um sussurro. — Acho que, se continuarmos assim, vamos precisar de mais de cinco minutos de milagre. Talvez uns trinta... ou uma hora inteira.

Eu ri baixinho, sabendo que ele estava apenas tentando adiar o inevitável. Mario odiava sair da cama nas manhãs frias, e eu? Bom, eu não me importava de passar mais tempo ao lado dele, sentindo a proximidade e o calor de nossos corpos juntos.

— A essa altura, a gente já deveria aceitar que ser pontual não faz parte do nosso DNA — brinquei, passando os dedos pelo cabelo dele, bagunçando ainda mais.

Ele se mexeu um pouco, abrindo os olhos e me encarando com aquele sorriso que eu conhecia tão bem.

— E quem precisa ser pontual quando a gente pode ficar aqui mais um pouco? — Ele fez uma pausa e completou: — Aposto que ninguém lá fora vai sentir tanta falta da gente assim. Quer dizer, não agora.

A verdade era que ele tinha razão. Não importava se ficássemos ali mais alguns minutos. O mundo poderia esperar enquanto nos envolvíamos em nossa bolha de intimidade e carinho. E, honestamente, essa era a melhor parte do dia. Não o café apressado ou o trânsito, mas esse pequeno ritual, onde a vida desacelerava e tudo se resumia ao toque suave da mão dele na minha e ao calor que compartilhávamos sob o cobertor.

— Eu posso até concordar com você... mas você sabe que, se ficarmos aqui, vamos perder completamente a noção do tempo. E não sei se quero encarar a cara do chefe quando dissermos que nos atrasamos porque o "milagre de cinco minutos" foi longe demais. — Eu o provoquei, rindo.

Amor rebelde | Livro 1.5 - Meu coração é seu!Onde histórias criam vida. Descubra agora