6. Fake news

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POV Rafa Kalimann

Acordamos cedo para ir ao aeroporto e pegar nosso vôo para São Paulo. Sabia, assim que acordei, que essa sexta-feira ia ser longa, mesmo ainda não tendo nada marcado na agenda.

- Vamos logo, não quero perder esse vôo - Marcella gritou.

Flavina correu pra sala com suas malas nas mãos em resposta, eu apenas sorri, afinal, estávamos a 30min do aeroporto, nosso vôo era de 06h05min e ainda eram 05h02min, sim, Marcella odiava se atrasar pra qualquer coisa.

Chegamos no aeroporto e ainda esperamos um pouco até o vôo sair. Chegando em São Paulo logo fomos pro meu apartamento, havia me mudado para a cidade durante esse último ano, devido aos trabalhos que vinha fazendo. 

Fla e Ma iam ficar comigo essas semanas, antes de voltarem pra Goiânia, mas logo Marcella iria acabar se mudando pra cá também, ela ainda estava articulando tudo com o marido, afinal, tinham um filho e ela não queria ficar longe de nenhum dos dois.

- Hoje eu tô tão afim de ficar aqui largadona, maratonando série na Netflix - falei pra Fla e no mesmo instante me arrependi, pois lá vinha Marcella com o celular na mão.

- Tá bom, eu entendo, vou falar com ela agora - disse desligando o celular.

Eu e Flavina nos olhamos, sabíamos que algo não tava legal pela cara que a Marcella estava fazendo.

- Rafa, temos que ir ao escritório daquela marca de roupas que tava querendo você como modelo. - Marcella fez uma pausa, como que buscando as palavras certas - Hm, eles tão com dúvidas quanto a você ser a cara da campanha - senti que ela me escondia algo.

- Por que eles teriam dúvidas quanto a isso, Ma? - Flavina se antecipou a minha pergunta e olhamos para Marcella.

- Hm... é que saiu uma matéria sobre você Rafa, é-é, quer dizer, uma fake news falando que você disse que odiou as roupas da marca e coisas do tipo - tentou passar tranquilidade.

Essas coisas de fakes sobre mim estavam ganhando mais força quando o assunto era meu trabalho, eu sentia que não devia rebater, mas estava tão cansada disso.

- E o que a gente faz agora? - perguntei.

- Vamos até lá e tentamos explicar que isso é uma fake news, com fé tudo dá certo e eles fecham o contrato - Marcella respondeu confiante.

E lá se foi minha esperança de passar uma sexta tranquilo com minhas primas...

Horas depois chegamos ao escritório da marca de roupa, a reunião foi longa e cansativa, eu tive que explicar que nunca falei mal das roupas dessa marca.

- Olha Sra. Godói, eu estou afirmando que estas palavras nunca saíram de minha boca. - afirmei confiante - Eu tenho o maior respeito e gosto por demais dessa marca, tanto que a uso a muito tempo, antes mesmo de vocês pensarem em me chamar pra ser garota propaganda, acho até que se procurar direitinho encontre uma foto minha usando uma de suas peças em alguma foto do meu Instagram - falei, encarando a mulher.

Eu e Marcella tivemos que sair da sala para que aquelas pessoas debatessem sobre a minha verdade que estava sendo pesada com uma mentira. Arg, como eu odeio esse mundo de fake news. A secretária da mulher nos mandou entrar e assim o fizemos.

- Tudo bem Srta. Kalimann, acreditamos em você, mais tarde entraremos em contato com sua assessora para falarmos sobre os detalhes do contrato - disse, não me passando nem um pouco de confiança.

Fui o caminho de volta ao meu apartamento em silêncio, acreditava que havia perdido o contrato e realmente estava triste com isso. Não por conta do dinheiro, afinal, minha vida financeira andava bem, mas porque aquela era uma marca de qualidade e com preços acessíveis, tudo o que eu poderia querer, pois assim, meus fãs que não tinham muito dinheiro poderiam ter acesso a roupas boas e de qualidade por preços baratos.

Fui tirada dos meus pensamentos por minha prima que dirigia e agora estava parada no trânsito de São Paulo.

- Rafa? - Ma falou animada.

Eu apenas disse um "Hm".

- Ótimas notícias! - falou mais animada ainda e me deixando curiosa.

- Vai contar logo ou me deixar morrer de curiosidade? - retruquei.

- Acabamos de conseguir aquele local que estávamos de olho! - sua animação era mais que evidente.

- Do que cê tá falando Marcella? 

- O imóvel no principal shopping de São Paulo, aquele que você comentou que seria perfeito pra expandir a RK Intimates para cá - me olhou sorrindo.

Eu não contive a animação, que apareceu em meu sorriso na mesma hora. A RK Intimates era minha loja de lingeries, atualmente ela tinha um espaço físico em Goiânia e funcionava por meio virtual também, ela era responsável por me dar bastante lucro, e abrir uma filial aqui em São Paulo era uma meta minha desde que decidi me mudar pra cá.

O resto do caminho foi só planejamentos de reuniões com designers de interiores, empreiteiros e tudo que precisaríamos pra fazer dessa loja um sucesso em São Paulo.

Chegamos no apartamento e eu contei toda a novidade para a Flavina, que deu pulos de animação, em seguida, meu celular tocou e eu tive o maior susto feliz quando vi o nome que apareceu na tela: Maria Manoela.

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Notas da autora

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