19. Sinais

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POV Gizelly Bicalho

O sábado mal clareou e eu já estava de pé, não acredito que dormi na casa da Rafaella Kalimann, tendo como brinde a presença da maravilhosa Manu Gavassi. É, ontem não deu pra conversar muito com minha pequenez, mas ela elogiou minha comida! Tô super feliz por isso.

Eu fiz minha higiene matinal de forma rápida, queria finalizar umas comidas e preparar a minha moqueca capixaba de forma calma, além disso, queria fazer algumas receitas veganas pra Manu.

Corri pra cozinha e comecei a preparar um café da manhã reforçado pra mim, botei Marília Mendonça baixinho, afinal, não eram nem 7h da manhã, cantava suas músicas quase que em sussurro, quando Rafaella apareceu na cozinha.

- Bom dia Gi - sua voz de quem acabou de acordar estava fofa demais.

- Bom dia Rafaella! - sorri olhando em seus belos olhos verdes... nossa que olhar mais sedutor essa mineira tem, sangue, fogo e labareda - Senta aí que eu faço um café pra você. Tô fazendo uns ovos mexidos, cê vai tá querendo? - ela assentiu com a cabeça - E panquecas? Preparei a massa aqui, pra quando o povo acordar fazer pra elas. - concordou de novo - Quer bacon também? E torradas? E frutas? Posso tá cortando mais pra você.

- Isso tudo aí é só pra você?! - sorriu.

- Claro né Rafaella, cê tá achando que eu mantenho esse corpinho como? - falei apontando meu próprio corpo com as mãos, ela sorriu.

- Tá, eu vou querer tudo isso aí que cê perguntou. Quer ajuda? 

- Pode ficar só aí sentada me admirando, já é o suficiente - pisquei pra mais alta que apenas sorriu.

Quando terminei de preparar o café nós sentamos pra comer e uma conversa leve surgiu.

- Então todo dia cê come isso tudo no café da manhã? - Rafa perguntou.

- Eu sempre tento, o café da manhã é a refeição mais importante do dia, mas tem dias que já acordo na correria e acabo negligenciando as refeições, começando pelo café da manhã - a olhava.

- E o que cê faz no dia à dia? - sua fala tinha um tom de curiosidade.

- Sou advogada. - coloquei uma garfada de ovos mexidos na boca - Criminalista ainda por cima - falei com comida na boca - Desculpa.

- Sério?! - a mineira me pareceu surpresa - Que legal Gi.

- É legal até a página dois... - falei após engolir a comida - É bem difícil ser mulher e advogada criminalista ao mesmo tempo - acho que falei com um tom melancólico.

- Como assim, Gi? - ela perguntou.

- Ah, são as coisas que rola sabe? - fiz uma breve pausa - Todo dia eu tenho que escutar que isso não é postura de advogada, que advogada não pode usar essa roupa, que advogada não pode postar foto de biquíni no Instagram, que advogada não pode postar foto tomando cerveja com as amigas, "nossa, advogada com piercing no nariz?"... Isso pesa sabe? Você faz de tudo pra ser uma boa profissional, você faz tudo certo, é exemplar na profissão, mas por ser mulher e ter uma vida além da sua profissão, me faz ser julgada a todo instante e o pior, faz o povo julgar quem eu sou profissionalmente... - fiz outra breve pausa - Sei que isso ocorre em todas as profissões, ainda mais em cima da mulher, mas é algo que é bastante gritante quando se trata de advogada criminalista. Ainda somos poucas demais sabe?

- Nossa, deve ser bem difícil mesmo.

- Sim, mas vamos tá mudando desse assunto, que hoje eu só quero saber de coisa boa: sonhou comigo? - tentei parecer séria, mas quando vi a cara de nervoso da Rafa não segurei o riso - Tô zoando Rafinha, pode relaxar, foi só pra descontrair.

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