Encontro

59. Precisamos conversar

POV Rafa Kalimann

Depois que Gizelly saiu da minha casa a gente não se falou mais, até o comunicado que a gente ia fazer juntas ela imprimiu e deixou na portaria pra não precisar falar comigo. Seis dias, ela ficou seis dias sem me responder, sem atender minhas ligações. Tinha que falar com ela de qualquer jeito.

Toc toc!

- Entra... - ela respondeu e eu abri a porta.

- Gi? - disse ainda na porta.

- Rafaella? O que cê tá fazendo aqui? - sua cara demonstrava sua surpresa, mas ela não me deixou responder - Olha, não tô em um bom dia, melhor você ir embora, tenho uma cliente que se encaixou no horário daqui a pouco...

- Dani Fernandes.

- Como... - ela pausou entendendo tudo.

- Se fosse no meu nome você não aceitaria - ela me interrompeu.

- Não mesmo!

- Precisamos conversar - meu coração tava disparado.

- Rafaella... - ela me olhou - Este é meu trabalho, por favor, vai embora.

- Se eu for a gente não vai conversar. - entrei e fechei a porta - Me escuta Gi.

- Se o assunto não for profissional vou pedir para você se retirar - ela tava séria e com raiva, eu respirei fundo.

- É profissional sim - ela fez gesto para que eu me sentasse na cadeira.

- O comunicado... - eu a olhava e meu coração palpitava, minha respiração estava ofegante, eu queria abraçar Gizelly, mas ela estava me tratando apenas como uma cliente, isso tava me machucando - Ele ficou perfeito, você escreveu tudo o que eu precisava falar.

- Eu presto atenção nos detalhes Rafaella. - ela me olhava indiferente - Acabamos?

- Eu fiz algumas anotações aqui - tentei render o assunto e entreguei a pasta pra ela.

Gizelly pegou e passou alguns minutos lendo todas as anotações, voltou sua atenção para o computador e começou a digitar, claramente já estava ajeitando tudo.

- O que você quer falar sobre isso? - me olhou e seu olhar foi delicado, soube na hora de qual parte se tratava.

- Que eu sofri um aborto espontâneo e não induzido, quero que as pessoas saibam dessa parte da minha vida.

Ela voltou sua atenção ao computador e começou a digitar, alguns minutos depois ela imprimiu o documento.

- Lê - disse me entregando.

Eu comecei a ler e ela me olhava, talvez por achar que eu não tava percebendo. Algumas lágrimas se formaram em meus olhos, que eu deixei que rolassem, deu pra ver o esforço que Gizelly tava fazendo pra não ir me confortar e aquilo quebrou meu coração, eu vi aquela cena de seus olhos gritando que queriam me abraçar, mas seu corpo indo contra isso e apenas falei:

- Desculpa por ter vindo. - enxuguei as lágrimas que caíram, vim preparada pra tudo, menos pra essa indiferença de Gizelly - Tchau, Gi - ela apenas acenou com a cabeça e pegou uma pasta pra ler.

Eu me levantei e fui até a porta, como eu queria que ela me pedisse pra ficar, mas isso não aconteceu, eu abri a porta e saí, ela não me chamou e eu tive que ir embora.

Assim que cheguei no carro desabei. Comecei a chorar. Doía, doía demais! Por que tava doendo tanto?

Antes de dar partida e sair mandei uma mensagem para ela:

"O que você escreveu ficou lindo, obrigado por me conhecer tão bem, por ter posto em palavras o que eu estava querendo expressar. Desculpa Gi!"

Chorei mais um pouco e fui embora...

POV Gizelly Bicalho

Minha cliente era Rafaella Kalimann, isso mesmo, eu quase tive um infarto quando a vi na minha porta, mas não pude demonstrar. Não queria mais contato algum com ela, só seguiria representando ela porque o Dr. Carvalho havia pedido.

Foi horrível tratar Rafaella com indiferença, mas se não fosse assim ela não iria embora e eu iria ceder, eu sou apaixonada por essa mulher, mas não quero ser feita de trouxa, sempre sou, mas depois daquela reunião, nossa, aquilo me doeu demais!

O melhor que eu podia fazer era seguir em frente e era isso que eu tava tentando fazer. Mas pra isso dar certo eu não preciso de Rafa na minha vida, ela só iria impedir que minha vida pudesse seguir seu fluxo normal e eu ficaria parada em alguém que não quer e nunca irá querer nada comigo.

Quando ela saiu eu quase comecei a chorar, mas me controlei, bom, não antes de algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto. Tava doendo tanto, tanto, mais tanto. Como eu faço isso parar?! Não soube responder, uma mensagem dela chegou, quando eu abri e li o que tava escrito uma dor surgiu em meu peito.

Porra, eu devia ter abraçado ela! Ela tá sofrendo, não é hora de ser fria, meu Deus Gizelly Bicalho, o que você fez?

Acho que agora era definitivo, Girafa chegou ao fim... antes mesmo de começar. Porra!

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Notas da autora

Sem cancelamento, me pediram drama, eu tô dando drama, okay?

Mas tudo pode dar certo ainda!!! Fé no pai que Taís e Manu tão aí... E só vem Dani!!! 🙏🏾🙏🏾🙏🏾🦒

Por hoje é só, beijos!