65. Escolha

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POV Gizelly Bicalho

O despertador do meu celular tocava e antes mesmo de abrir os olhos eu senti os braços de Rafa Kalimann em volta do meu corpo, a sensação me fez acordar com um sorriso. Me virei na cama e ela se mexeu sem se acordar, o contato de seus braços com meu corpo foi desfeito, a encarei e a chamei.

- Ei, Rafaella, amanheceu, bora tá acordando - vi um sorriso se formar no rosto da mineira e ela colocou seus braços em volta do meu corpo novamente.

- Mais cinco minutinhos - me apertou em seu abraço, eu retribui.

- Eu tenho que chegar cedo, tenho um cliente na primeira hora - falei triste e ela abriu os olhos pra me encarar.

- Bom dia, Titchela - disse me olhando.

- Bom dia meu amor - deixei a palavra escapar pela minha boca, mas não me importei.

- Meu amor? - Rafa sorriu.

- Ué, tem problema? Eu ein, é só jeito de falar Rafaella - disse.

- Achei fofo, apenas - ela não tirou o sorriso do rosto.

- Sabia que acordar e ver esse teu sorriso aí... - disse tocando seus lábios com a ponta do meu dedão - É maravilhoso? - ela ficou envergonhada e eu percebi, dei um selinho em sua boca e me levantei - Vou tomar banho, cê vem?

- Né você que tá com pressa? - ela soltou.

- Chamei só pra tomar banho, bebê, eu ein - sorri, pois sabia que não conseguiria apenas tomar banho com essa mulher.

- Melhor cê ir tomar seu banho e depois eu vou, te conheço o suficiente pra saber que se eu entrar no banheiro com você a gente vai demorar - disse se cobrindo com o lençol.

Eu tive que concordar, ela estava mais do que certa. Fui tomar meu banho, quando saí, Rafa se levantou e entrou no banheiro, eu olhei seu corpo durante todo o trajeto até ela fechar a porta. Fui fazer um café da manhã pra nós duas, quando terminei, vi Rafa em pé na porta da cozinha me encarando.

- Cê fica linda cozinhando - ela disse.

- Larga de ser besta Rafaella! - disse rápido - Vem, senta, bora comer rápido que eu tenho que ir trabalhar.

Sentamos e comemos, quando acabamos, Rafa se ofereceu pra lavar a louça, eu concordei, pois ainda tinha que pegar uns papeis que deveria ter separado na noite anterior, mas não o fiz. Em poucos minutos saímos, Rafa me deixou no meu trabalho.

- Vai embora sem me dar um beijo, Gizelly? - sua fala era firme, porém manhosa.

Me virei para ela e a beijei, quando separamos o beijo eu a olhei e a vi sorrir, naquele momento percebi que me acostumaria fácil com uma rotina daquela.

O dia apesar de cansativo passou rápido demais, antes da hora do almoço recebi o comunicado com o dia e a hora da primeira audiência do caso de Rafa, liguei pra mineira assim que recebi, ficamos de nos encontrarmos amanhã aqui no escritório, no final do dia, acabei remarcando o horário de um cliente. Na hora do almoço eu conversei com alguns integrantes da Abracrim-ES pra saber mais como ficaria pra mim esse cargo na diretoria e se isso exigiria meu retorno para o Espírito Santo, apesar de ser algo que almejei, eu tava construindo uma vida aqui e finalmente eu tava feliz profissional e pessoalmente.

Apesar de sentir saudades de minha mãe, nossa relação nunca mais foi a mesma depois que me assumi bissexual. Isso me machucava muito, tinha muito o que pensar antes de aceitar ou recusar esse cargo. O resto do dia foi corrido, mas deu tudo certo.

- Gizelly que cara é essa? Você ficou séria o caminho de volta inteiro e até agora não desandou a falar - Tabata quebrou o silêncio instaurado no apartamento.

- É a proposta que me fizeram... - parei de falar.

- Da Abracrim? - eu concordei - Você tá pensando em não aceitar? - eu fechei meus olhos e abaixei a cabeça - Gizelly, é uma oportunidade única amiga!

- Eu sei Tabiti... Eu só não sei se voltar pra lá agora que viemos pra cá é o certo, sabe?

- Por que não seria Gi? Nós sabemos como você ficou feliz em ser do conselho da Jovem Advocacia Criminal! - Tabata falava com a certeza de quem me conhecia muito bem - E você tá simplesmente cogitando não aceitar essa proposta? Quem é você?

Essa pergunta me acertou em cheio. Quem eu era? Naquele momento eu não sabia. Ser presidente da Comissão de Direitos Humanos da Abracrim-ES era um sonho, se fosse a um tempo atrás eu nem pensaria, já estaria sendo nomeada, mas hoje... hoje eu tô cogitando não aceitar. Quem me tornei? Quem é essa Gizelly Bicalho?!

- Eu sei Tabata, mas o Dr. Bottini tá contando comigo, ele até me passou casos de extrema importância. - respirei fundo - Amiga não sei o que fazer.

- Ei... - disse pegando minha mão - Você vai descobri o que fazer. Eu vou tá do teu lado quando você se decidir.

- Já disse que te amo?

- Hoje não. - ela riu - Precisamos do final de semana, precisamos ir pra um boteco e encher a cara! - ela falou animada - Tá marcado, sexta assim que largarmos vamos entrar no primeiro boteco descente que encontrarmos e vamos encher a cara.

- Sexta a tarde tem a audiência do caso da Rafa - falei.

- Da Rafa Kalimann? - perguntou a loira.

- Hnrum.

- O que você acha que vai acontecer?

- O caso tá bem estruturado, a defesa dela é bem forte, a acusação dele sobre o aborto não vai pra frente, Rafa tem um laudo médico que comprova o que rolou, mas só vamos usar se ele insistir em manter a acusação, pra não expor ainda mais a intimidade de Rafa - falei pensando em como aquilo seria psicoemocionalmente pesado pra Rafaella.

- Espero que dê tudo certo, Rafa Kalimann é uma pessoa incrível, não merece passar por isso - Tabata disse sincera.

- Pois é, não merece mesmo - deixei meu lado preocupado tomar conta de meu rosto.

- Mas vamos falar de coisas felizes? - eu assenti - Adivinha quem tá vindo pra São Paulo?

- Minha rainha Marília Mendonça? - falei entusiasmada.

- NÃO GIZELLY! - disse enquanto ria de mim - Mais uma chance.

- Luíza e Maurílio?

- Meu Deus você é péssima Gizelly Bicalho! - ela soltou - Taís e Letícia tão vindo!

- Que? Como assim eu só fico sabendo agora? Não vi nada no nosso grupo - falei indignada.

- Elas tentaram te ligar, mas seu dia hoje foi cheio, fiquei de contar. - eu fiz biquinho - Taís conseguiu um emprego em uma firma daqui, Letícia disse que vai aproveitar esses dias aqui pra distribuir currículo pra vir pra cá também. - meus olhos se encheram de lágrimas, aquilo era o que eu precisava pra me decidir. Minha família que eu escolhi tava vindo pra essa cidade, mudando tudo, porque tínhamos um sonho em comum - Tá chorando por que Gizelly?

- Eu amo vocês - disse e caí no choro.

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Notas da autora

Agora um observação que o comentário da bikalimann_sr me lembrou de fazer:

Aos leitores, um super obrigado por dedicarem o tempo de vocês lendo esta fic! Um muito obrigado a vocês que doam seu tempo votando nos capítulos, deixando seus comentários, interagindo comigo! Eu amo rir com o que vocês colocam nos comentários, tem uns que eu leio assim que acordo e já amanhêço o dia sorrindo e ele fica bem mais leve.

Obrigado mesmo, de coração a todos que estão aqui desde que comecei, aos que estão chegando e aos que irão chegar.

Quando eu peço a opinião de vocês nos comentários é porque eu gosto de saber o que vocês querem ver aqui, e espero tá sempre fazendo algo que condiga com o esperado!

Paslestrei, mas é isto. Beeeijos!

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