Sixteen - daydreams of a distracted

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Não sei como mas consegui manter a calma na sala de aula.

Eu estava, firmemente, no controle.

Quase que debruçado em cima da carteira, apoiando o rosto nas mãos, eu admirava-o enquanto ele lecionava.

Havia adquirido um certo apreço pela forma como Peeta explicava algumas coisas. De como modelava a massa do pão com aquelas mãos ágeis e experientes. Da forma como, as vezes, ele não se continha e passava a gesticular com as mãos. Acabando por se sujar; certa vez passei por ele e seu queixo estava todo sujo de trigo, e ele parecia alheio a isso. De como o sorriso parecia não abandonar seu rosto. Seus olhos, os lábios, nariz, aquele pau; aquela senhora bunda... Como eu ia dizendo, o senhor Mellark me cativava de muitas maneiras. Embora eu me sentisse culpado por ultimamente não estar prestando atenção na aula em si e sim nele.

O que eu podia fazer afinal? O caso não era que o conteúdo fosse chato, não era. Mas meu professor não “ajudava” também.

Ainda é bem vívida em minha mente a forma como, na aula passada, ele temperou um peru. Aquilo me deixou um tanto... Excitado. Não que eu desejasse que ele enfiasse o braço em mim. Isso era algo que eu não desejava, mesmo. Preferia manter minha imaginação em outra coisa. Mas meu amiguinho deu sinal de vida. Uma reação um tanto vergonhosa, para ser sincero.

No auge da minha distração sexualizadora Peeta desviou a atenção da guloseima que preparava, virando a cabeça na direção em que eu estava.

— Todos conseguem ver?

A voz de Peeta viajou pela sala, recebendo acenos e afirmações como resposta. Eu não precisava dizer que “sim, eu estava.”

Não tinha problema em conseguir vê-lo, de onde estava, uma das vantagens de ser tão alto. O observei, enquanto explicava, fechar as mãos entorno da massa e passar a movê-la para frente e para trás, fazendo movimentos circulares logo em seguida. Peeta esboçou um sorriso que me fez corar e devolver o sorriso de forma abobalhada sobre a direção de seus olhos.

Meu peito aqueceu e acelerou e a realidade me recaiu como uma pedra. Não que eu tenha tido a certeza naquele instante. Não, não era isso. Aquele momento só me fez lembrar de algo que eu já possuía certeza à alguns dias.

É! Eu não havia para onde correr. Aquela junção de palavras – “Peeta Joshua Mellark” – o nome do meu professor estava tatuado abaixo das camadas de pele do meu peito, no meu coração, que pulsava enlouquecidamente.

Parecia que a cada bombear a ansiedade percorria meu corpo. Eu estava nesse estado elétrico desde ontem, isso quase me tirou o sono. Por um único motivo: Um encontro.

Sim, eu tenho um encontro com Peeta hoje a noite. Estava ciente de como aquilo tudo era muito louco. Havíamos marcados na tarde anterior, eu havia cedido. E ele combinou tudo. O restaurante seria o ponto de encontro. Embora eu não fizesse a mínima ideia de onde ficava.

Para ser sincero eu estava perdido. Literalmente perdido. Dividido entre: “vá em frente, siga o plano” e “isso foi uma ideia estúpida. Corra para as montanhas. Porque vai dar merda.” Estava mais nervoso do que o habitual, podia sentir de antemão minhas mãos suando no momento em que o olhasse nós olhos e falasse toda a verdade. Me imaginava travado e com cara de tonto, mas não havia como voltar atrás.

Tentava manter em minha cabeça que de nada adiantaria ficar pensando qual seria a reação de Peeta ao ver que eu sou o anônimo com quem tanto conversou. Não conseguia imaginar, nem ter uma ideia.

Bem, de qualquer forma será uma surpresa bem grande.

Embora o professor ainda não houvesse terminado de preparar tudo ouvi o sinal tocar enquanto o cheiro de pão quentinho se espalhava pela sala; Observei Peeta nos liberar, enquanto limpava as mãos. As vezes as comidas que ele, ou nós, preparávamos não ficavam prontas a tempo. O que o deixava bastante chateado, e a nós com água na boca. Era uma infelicidade dupla, o desejo de comer e ver a cara frustrada que ele fazia. Era de dar dó.

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