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Depois de alguns minutos, quando se separaram, Zayn não se mostrou mais raivoso nem assustado.

— Você vai me desejar quando se deitar comigo. - Liam prometeu numa voz que deixou Louis com vontade de ouvir aquelas palavras... ditas por outro.

Na certa se tratava de algum feitiço das Terras Altas que destruía a resistência de todos.

Com a ponta da manta, Liam limpou a tintura azul que ficara no rosto de Zayn.

— Não duvide de mim, eu nunca o farei sofrer. - ele segurou-lhe o rosto contra o peito como se amparasse um bem precioso.

Por algum motivo, a ação comoveu Louis.

— Agora terá de se desculpar, inglês. - Harry disse.

— Pelo quê? - Louis esforçou-se para encarar o olhar lupino e misterioso que o fazia sonhar.

Não houve resposta. Ele também não disse mais nada. Faria o mesmo jogo dele e não se desculparia por nada. O que acontecera com Zayn não significava que o líder do clã dos Styles  estivesse certo na forma de vingança que escolhera.

No silêncio que se seguiu, ouvia-se apenas o som dos remos e das ondas que rebentavam no barco.

— Eu vencerei. - Harry prometeu em voz baixa e não mais o olhou.

Inexplicavelmente ferido pela rejeição, Louis virou-se para o lado do barco. A ilha  que Zayn se referira não chegava nunca, e a extensão do oceano ao redor deles o deixava assustado.

Liam desamarrou Zayn e ajudou-o a sentar-se ao lado de Louis antes de retomar os remos.

Sem a raiva que o sustentara, as imagens horríveis do barco afundando voltaram a atormentar Louis.

— Você vai tolerar o insulto do inglês? - Nick perguntou ao irmão, furioso.

— Ele se desculpará. - afirmou Harry

— Não o farei! - Louis murmurou o desafio sem pensar.

Harry resmungou e o som não pareceu humano. Louis estremeceu ao fitá-lo e desejou não tê-lo feito. O dourado dos olhos tomava conta de quase toda a íris, o que os deixavam com aspecto animalesco. Era evidente que Harry estava muito aborrecido.

Se não houvesse passado da idade de acreditar em dragões e lobisomens, Louis diria tratar-se de um e sentiu um frio percorrer-lhe a espinha.

— Você está admitindo que é fraco e covarde para vingar-se nas pessoas gravidas?

Harry ficou em pé e, tenso, encarou o irmão.

— Como ousa me desafiar, Nick?

— Eu apenas repeti o que o inglês disse. Não o vi fazer nada para punir essa insolência.

O barco balançou. Louis cerrou os dentes, e o queixo doeu com o esforço. Fechou os olhos, tentando bloquear a realidade que o rodeava, mas o som do vento e da água não o abandonava.

— Talvez ele pense que forçá-lo a tolerar sua companhia seja uma punição bem adequada. - Zayn ironizou.

Louis percebeu uma agitação que fez o barco tombar perigosamente para um lado e depois para o outro. Imerso no poço do medo, abriu os olhos e procurou a pessoa mais forte do barco... Harry.

Harry estava acima dele, segurando Nick, impedindo-o de agarrá-lo. Aturdido, ele levou as mãos ao pescoço, em uma tentativa inútil de se proteger.

— Eu não tolero tais insultos, mesmo que você não se incomode. - O olhar de Nick era de pura recriminação.

— Pois serei eu a estabelecer o seu limite de tolerância. - sentenciou Harry com voz gélida.

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