Desejo Selvagem

XII

Os três entraram juntos no salão nobre. Harry estava sentado na cadeira central da longa mesa que ficava na extremidade oposta do recinto e todos os lugares estavam ocupados exceto por dois à sua direita. Era para Liam e Zayn.

Louis viu um lugar vago na mesa de Aaron, onde também se encontrava Nick. Aaron notou sua intenção e encantado, afastou o homem sentado perto dele. Sorriu e Louis retribuiu, agradecendo. Mas antes de sentar-se ele observou que Aaron e mais dois soldados empalidecerem depois de olhar para Harry que se mostrava carrancudo, o que na verdade não era nada de novo.

Aaron levantou-se do banco.

ㅡ Sr. Louis, milorde deseja que se sente à mesa principal.

ㅡ Engano seu. Não há lugar para mim naquela mesa.

ㅡ Ele pediu que um dos soldados saísse.

Havia pelo menos setenta e cinco soldados comendo ali e o barulho abafava até uma conversa em tom alto.

ㅡ O senhor não deve ter ouvido com esse alarido. - Louis segurou o braço de Aaron para sentar no banco sem cair.

ㅡ Por favor, não me toque. Quero que meu pescoço fique onde está.

Ele não entendeu o comentário, mas tirou a mão para não parecer atrevido.

ㅡ Desculpe-me, eu não pretendia...

ㅡ Acho melhor trocar de mesa agora. - Aaron disse, aflito.

Louis olhou para a mesa principal. O lugar ao lado de Harry estava vago, e ele o chamava com o dedo. Todos viram o gesto, que o deixou vestido com uma máscara carmim de vergonha. Com o canto dos olhos ele notou a fisionomia preocupada de Zayn.

Aaron apressou-se em escoltá-lo até a mesa do senhor daquelas terras, para depois puxar a cadeira que deveria ser ocupada.
Harry não olhou para ele de imediato, pois conversava com Liam. Porém surpreendeu-o ao servi-lo.
Ainda assim não estava claro porque ele fizera questão de sua presença tão próxima se o ignorava o tempo inteiro.

Tímido para conversar com desconhecidos, ele decidiu-se pelo sacerdote que estava à sua frente e parecia amável. Depois de comer e tomar um cálice de vinho, sentiu-se mais à vontade para iniciar uma conversa.

ㅡ Padre? - inclinou-se para a frente, sem querer que outros o escutassem.
ㅡ Eu estava pensando sobre os sacramentos matrimoniais.

ㅡ O que lhe ocupou a mente?

ㅡ A igreja não determina que o sacramento deve ser dito pela manhã?

ㅡ Sim, na tradição de Roma.

ㅡ Mas o senhor o pronunciou a noite anterior.

ㅡ Por vontade de milorde.

ㅡ E o enlace será válido? - Louis perguntou ao padre.

ㅡ O senhor está insinuando que a cerimônia de casamento que realizei não é válida? - o padre o fitou como se Louis tivesse perdido o juízo.

De repente todos se calaram e ele viu-se alvo das atenções. Vermelho, desejou não ter feito a pergunta, mas já era tarde.

ㅡ O senhor deve entender que estou preocupado com a posição de meu amigo diante de Deus e da igreja. Se o sacramento não for válido, o casamento também não será.

ㅡ Eu lhe asseguro de que o enlace é válido.

ㅡ Reconhecido pela igreja? - Louis ainda não estava convencido.

ㅡ O casamento tem validade. - Harry dirigiu-lhe a palavra pela primeira vez naquela noite.

ㅡ Milorde está querendo dizer que está não apenas acima do rei, mas também do papa? - Louis franziu o cenho diante de tamanha pretensão.