𝟷.𝟷𝟶 ☽ 𝙰 𝚎𝚜𝚌𝚞𝚛𝚒𝚍𝚊̃𝚘 𝚎𝚜𝚝𝚊́ 𝚖𝚎 𝚊𝚏𝚞𝚗𝚍𝚊𝚗𝚍𝚘

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Você não precisa me afogar,

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Você não precisa me afogar,

você escolhe.

Sua mão no meu pescoço,

calma ou violenta.

(Desconhecido)

𓅐

Uma batida condicionada ecoava suavemente pelo consultório.

Os olhos escuros do Emissário sentado desleixadamente com as pernas cruzadas sobre o sofá acompanhavam o movimento metódico do pêndulo. De um lado para o outro. Em uma sincronia tão perfeita com o som suave que poderia o fazer cair facilmente no sono que tanto precisava, se não estivesse sendo silenciosamente observado.

Piscando algumas vezes, mexeu-se inquieto no acolchoado para alcançar o metrônomo na mesa de centro, pousou a ponta do dedo sobre o pêndulo para silenciar seus movimentos e sons, afundando o cômodo em um silêncio profundo. Retribuiu ao olhar da mulher de cabelos escuros presos e rosto arredondado, sentada na poltrona à sua frente.

— Faltam quantos minutos?

Kim Yongsun olhou brevemente o relógio em seu pulso esquerdo.

— Quarenta minutos — respondeu, com um brilho quase divertido no olhar diante da reação exageradamente miserável de Felix. — Você sabe, o tempo passaria mais rápido se conversássemos.

Encostando-se contra o apoio do sofá, cruzou os braços na frente de seu peito com uma expressão de indiferença.

— Eu já te contei tudo.

— Na verdade, você narrou o que aconteceu — ela o corrigiu suavemente, sua voz tão amena quanto o metrônomo agora inerte e silencioso. — Em nenhum momento você falou sobre si. Sobre como foi pra você.

Apesar dos seus dedos pressionarem insistentemente e esporadicamente contra a palma de sua mão direita, Felix esboçou um sorriso frouxo para a terapeuta.

— Foi como uma porra de montanha-russa que só desce.

Por um instante, ela retribuiu ao seu sorriso, fazendo-o automaticamente relaxar sobre o acolchoado agradável do sofá tanto quanto sob o olhar singelo de Kim Yongsun. Após o breve momento de silêncio compartilhado, com um leve suspiro pensativo, ela quebrou-o novamente.

— Então, vou recapitular a sua narração, tudo bem?

Honestamente, não.

Mas ele não disse isso. Esteve naquele consultório por tempo suficiente para compreender que desenterrar o desconforto fazia parte do tratamento. Não ficava necessariamente mais fácil com o tempo, alguns dias eram mais desgastantes do que outros. Assim como uma ferida profunda deveria ser limpa e tratada, por mais que doesse imensamente, para melhorar e no futuro cicatrizar.

Solivagant • chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora