Capítulo 4

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Depois do jantar estar pronto, Liam aparece na cozinha com os cabelos molhados e com a minha roupa, que pelos visto ficou bem.

- Bem, fica melhor em ti do que em mim. – Disse a rir, a tentar aliviar um bocado o ambiente, felizmente nunca passei por isso, mas ser expulso de casa deve ser muito mau, e ser expulso por algo que não escolhemos, pior ainda.

- É, até que ficou bem.

Coloquei o macarrão na mesa e falei:

- Fiz o jantar, deves ter fome. – Disse servindo os nossos dois pratos.

- Sim, alguma. – Responde. – Obrigado. – Agradece por tê-lo servido.

Começamos a comer e reparei que calhou muito mal, estava super salgado, então, reprimindo o riso, perguntei:

- O que achas Liam?

- Está bom. – Disse rapidamente e passado alguns segundos, encaramo-nos e começamos a rir ao mesmo tempo. – Ok, desculpa. Está muito salgado.

Continuamos a rir, até que eu levanto-me e ponho no micro ondas duas lasanhas já prontas.

Jantamos e a meio, Liam pergunta-me:

- E tu? Como foi? - Ao ver que fiquei confuso completa. - Como te assumiste? 

Ele nem sabia ou não tinha a certeza se eu era gay ou bissexual, porquê a pergunta?

- Costumo dizer que tive sorte e muito azar. – Respondo e ele fez uma expressão de quem não percebeu. – Eu assumi-me perante os meus pais aos 15 anos e correu tudo bem, eles apoiaram-me sempre. O pior foi quando eu ganhei coragem e me assumi perante o meu melhor amigo, por quem eu estava apaixonado, na época já tinha 16 anos, e foi o pior ano da minha vida, o Gustavo, meu melhor amigo, contou a muita gente e passado alguns dias toda a escola já sabia e passei por muita coisa, olhares, encontrões, comentários, bullying, etc.

Eu já estava abalado por causa das lembranças que me vieram daqueles tempos.

- Mas não é só isso pois não? – Ele pergunta e fico estático, como é que ele é tão inteligente?

Coloco os pratos e os talheres na máquina de lavar de forma a ganhas tempo para reformular uma resposta, volto a minha atenção para ele.

- Não, não foi só isso.– Respondo. – O meu pai faleceu 1 semana depois de tudo acontecer.

Ele fez uma cara de pena e eu não queria falar mais do assunto.

- Desculpa, não sabia.

Assenti e disse:

- Então, amanhã é sábado por isso podes ficar a ver televisão na sala ou jogar na consola que tem no teu quarto, ela é do meu irmão mas ele não se deve importar.

- Ok, boa noite Henry. – Fala levantando-se e dirigindo-se ao corredor que dá para o seu quarto, mas volta a virar-se para trás e diz com os seus olhos com um brilho especial. – Obrigado ... por tudo, se não fosses tu talvez estaria na rua.

Assinto e sorrio, sorriso esse que foi retribuído por outro ainda mais bonito. Repreendo-me mentalmente por estar a reparar demasiado nos detalhes que envolvem o Liam.

Mal ele vai para o seu quarto, corro para o meu entrando na casa de banha e desabo. Nunca ultrapassei a morte do meu pai, foi a pessoa que mais me apoiou quando eu pensava que era aquele que ficaria muito desiludido, e passado algum tempo já não estava mais ao meu lado, é muito injusto.

Não sei quanto tempo fiquei trancado na casa de banho, mas foi tempo suficiente para eu perceber que se tratava de outra recaída de depressão e liguei para a Mafalda, a minha melhor amiga e psicóloga.

- Henry, está tudo bem? O que se passa para me ligares tão tarde?

- Mafalda ... - Nem precisei dizer mais nada, ela percebeu pelo meu tom de voz e pelo meu soluço.

- Ok, calma, faz como combinamos, respira fundo 10 vezes, lava a cara e continua a falar comigo.

Após fazer tudo digo:

- Está.

- Boa, agora conta-me o que se passou.

- Estava a falar com um amigo e inevitavelmente recordei-me de tudo. – Respondi.

- E como te sentiste? – Questionou.

- A mesma angustia de sempre.

- Henry, toma aqueles comprimidos para dormires facilmente e amanhã vou aí almoçar e falamos melhor, tudo bem? Levo comida, ó desastre de master chefe. – Disse a minha melhor amiga e rimos os dois.

- Sim Mafalda, mas trás para mais uma pessoa.

- Tu e a tua mania de dares muita comida ao Mike em vez de ração. – Fala e eu rio.

- Não Mafaldinha, tenho um convidado a viver em minha casa por tempo indeterminado. – Disse.

- Hmm amanha vais-me explicar tudo, mas tudo bem, eu levo comida para mais um. 

- Obrigado por tudo Mafalda, Boa noite.

- Dorme bem Henry. – Despede-se a minha melhor amiga.

Deito-me na minha cama só vestindo umas cuecas, e logo sinto o sono a chegar devido ao comprimido forte que tomei.

***

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Henry Paterson.

O Amor proibido  (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora