Capítulo 18

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Deitado na cama do quarto de hóspedes ouço duas batidas na porta e logo de seguida Liam fala:

- Amor abre a porta para falarmos. – A própria suavidade e calma com que ele falava só aumentava os meus nervos.

- Liam eu não quero falar contigo, hoje! - Grito.

Ele parece respeitar o me espaço e sai. Passado uma hora entre um choro silencioso e uma música que supostamente era para controlar a minha ansiedade, mas que não resultou.

Ouço duas batidas na porta e grito deixando transparecer a minha voz de choro e raiva:

- Liam eu não quero falar contigo!

- Henry, sou eu e a Mafalda, só queremos falar contigo e ajudar-te mano, abre a porta. – Ao ouvir a voz serena do meu irmão levanto-me da cama e abro a porta, mas arrependo-me profundamente pois Liam estava atrás deles, e não queria de maneira nenhuma que ele visse a minha cara toda vermelha e os meus olhos chorosos.

- Ele não entra. – Falo e percebo que Liam segura um soluço.

Eles assentem e entram, eu e o meu irmão abraçamo-nos deitados na cama e a Mafalda senta-se do outro lado da cama.

- O Liam já nos contou tudo, mas não importa, o que importa é como tu te sentes em relação a tudo isto. – Inicia Mafalda e olho para ela. – O que sentes? – Pergunta e o Diego começa a fazer cafuné.

- Sinto tudo que senti quando o meu pai faleceu, mas a duplicar, parece que ter medo de perder o Liam é pior que eu mesmo perder a minha vida. Pode parecer uma idiotice mas se eu o perder, prefiro morrer.

Vejo a Mafalda a engolir em seco e percebi que a situação iria ficar pior.

- Já tentas-te ouvir as explicações dele? Eu e o Diego ouvimos e achamos que é verdade.

- Porquê que eu vou ouvir as explicações dele se já o apanhei a mentir mais de uma vez? – Respondi retoricamente.

Após uma longa conversa, Mafalda deu-me outra caixa de comprimidos mas diferentes aos anteriores o que me fez pensar que a minha bipolaridade avançou.

Saímos do quarto para eu tomar os comprimidos com água, mas vejo o Liam no sofá com a cabeça baixa e a chorar. O meu coração naquele momento parou, nunca tinha visto o Liam a chorar, e saber que eu o assustei ao atirar tudo da mesa e gritar com ele, faz o meu coração diminuir de tamanho e o vazio em mim aumentar. Num impulso corro até ele e abraço o seu tronco.

- Desculpa, não queria deixar-te assim. – Sussurro no seu ouvido.

- Henry eu juro pela minha vida que não te estou a trair com o Marcelo, e nunca te vou trair. Eu amo-te muito. – A sua confissão faz-me perder a respiração e sentir-me pior que estragado.

Diego e Mafalda saem e eu e Liam acabamos por dormir no sofá.

(...)

No dia seguinte preparo o pequeno-almoço enquanto o Liam ainda está a dormir. Depois de acabar sinto Liam abraçar-me apertado por trás, e sorrio.

- Bom dia, amor.

- Bom dia bebe. – Falo a alcunha que sempre o chamo e percebo um alívio do Liam.

Começamos a comer as torradas e Liam diz:

- Não vou mais almoçar nem jantar com o Marcelo, e a partir de agora vou chegar mais cedo.

- Sério? – Questiono visivelmente contente.

- Sim, fui transferido para a área de oncologia ontem. – Sinto como um murro no estomago e a culpa tomar conta de mim. Discuti e fiz demasiado drama, e ele vai se afastar do Marcelo e mudou de secção. Será que eu estou a fazer demasiado drama? Não sei.

- Amor eu já vou para o hospital, acho melhor ficares por casa pelo menos esta semana. – Diz e dá-me um beijo na testa mas que eu faço questão de desviar e dar um beijo demorado e molhado na sua boca.

(...)

O dia foi passando e ouço o som da campainha, e vejo que é Rodrigo.

Mal abro a porta, abraço o meu melhor amigo e ele diz preocupado:

- O que se passa? Não era só gripe pois não? – Nego e levo-o para o sofá onde conto-lhe tudo.

- Apesar de tudo acho que estamos bem.

- Ainda bem Henry, as coisas vão acabar por se resolver. – Diz Rodrigo mas percebo outro tom na sua voz. – Passa o tempo que quiseres fora, eu e o restante conselho executivo damos conta do recado.

- Obrigado. – Agradeço e após nos despedir-mos ele sai.

Passado mais algum tempo recebo outro e-mail anónimo e fico assustado.

"O jogo ainda não acabou".

Estremeci com a mensagem e aí percebi que talvez o Liam não tivesse culpa de nada, e sim o autor dos e-mails que só tem como objétivo destruir a nossa relação, mas de rasto vai também a minha saúde psicológica, que com os acontecimentos anteriores se agravou e Mafalda chegou á conclusão que tratava-se de Bipolaridade.  


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Henry Paterson.

O Amor proibido  (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora