Acordo e apesar de ontem, estou a sentir-me bem disposto, talvez pela boa noite de sono e pelo comprimido.
Tomamos o pequeno-almoço e quando iria sair de casa, Liam fala:
- Vou dar o e-mail anónimo a um amigo meu para ele tentar descobrir o dono. – Assinto e volto para a porta até ele voltar a falar. – Vou falar com o meu chefe para sair das urgências e voltar ás consultas. – Sorrio e sai-o de casa.
Decido não ir para o trabalho e vou para o cemitério. Deito-me ao lado da campa do eu pai o dia todo. Não sinto fome, só um nó na garganta que já era presente á semanas. Refleti sobre a minha vida. A minha vida profissional estava excelente, dono de um dos melhores colégios do país e a empresa estava a crescer cada vez mais. Por outro lado a minha vida pessoal está um caos á 2 meses, antes estava bem, mas com a mudança de Liam para as urgências e depois a aproximação ao Marcelo, tudo piorou.
Como já estava tarde, saio do cemitério e no caminho para o carro recebo outro e-mail anonimo:
"O Amor deixa-nos cegos, tão cegos que não nos deixa ver o que está mesmo á nossa frente. Anónimo."
Com a mensagem de texto está uma imagem do Liam e do Marcelo onde estão no intervalo da hora de almoço na cantina do hospital e ambos parecem felizes e animados. Os meus ciúmes voltam e com eles todas as desconfianças que ficaram um pouco esquecidas depois do Liam ter dito que iria pedir para mudar de secção, também voltam.
Respondo ao e-mail:
"Quem és tu? O que queres de mim?"
Chego ao carro e logo recebo a minha resposta:
"Alguém que quer o teu bem"
Estremeci com o pensamento da pessoa ser um admirador.
Volto para casa e como uma sandes, pois não comi nada desde o pequeno-almoço. Recebo uma chamada de Rodrigo, um dos membros do conselho executivo e meu melhor amigo.
Ele perguntou o que se passou por ter faltado e eu respondi que estava com gripe e despedimo-nos. Fiquei a senti-me mal por mentir ao meu melhor amigo, por ter vergonha de estar a ser traído.
Mais tarde Liam chega a casa, não muito tarde mas também não na hora normal a que devia chegar. Damos um breve beijo e ambos jantamos sushi que Liam trouxe, talvez seria uma maneira de pedir desculpas.
A meio do jantar pergunto:
- E como foi o teu dia?
- Cansativo como sempre, mas hoje uma senhora que tinha cancro curou-se e fiquei muito feliz. – Responde.
Sorri mas interiormente queria gritar, ele estava a mentir, como é que uma pessoa que está nas urgências pode estar na área de oncologia ao mesmo tempo?
- E o almoço correu bem? – Questiono normalmente, não deixando transparecer o meu nervosismo pela resposta.
Ele encara-me e diz:
- Porquê a pergunta?
- Porque estás mais magro Liam. – Minto.
- Foi normal, bem chato na verdade, tive que ouvir uma das enfermeiras a lamentar-se pelo bolo que ela fez para a nora não ter saído bem. – Liam dá uma risada e eu fecho os olhos tentando-me controlar ao ouvir mais uma mentira, mas não foi possível, eu não podia continuar a ser o frágil Henry que sofre de bipolaridade.
Num movimento rápido, arrasto tudo o que estava na mesa para o chão e grito:
- Mas tu insistes em mentir-me Liam!!
- Calma Henry, já tomas-te os comprimidos?
- Não me trates como um doente! – Exclamo exaltado. – Se eu souber por outras pessoas a verdade, em vez de ti, outra vez, eu acabo com este noivado. – Viro costas mas ainda o ouço:
- Ah então é isso, tu recebes e-mails de alguém que te manda fotografias minhas, e acreditas em tudo que ele te manda em vez de acreditares no teu noivo?
- Não tentes virar o jogo.
Encaro-o pela última vez e saio em direção ao quarto de hospedes, onde decidi dormir, pelo menos hoje.
***
Votem e comentem!
Henry Paterson.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Amor proibido (Romance gay)
RomanceHenry Paterson, um jovem professor de matemática de 24 anos, começa a sua carreira e é confrontado por sentimentos proibidos aos olhos de todos, mas que aos seus e de Liam, seu aluno, são sentimentos intensos, que os fazem passar por vários obstácul...