Escuro, era tudo que eu via e era tudo o que eu tinha visto e sonhado nas últimas horas. Não sei que horas são, mas sei que passei varias horas a dormir. Sinto cordas a amarrarem os meus pés e as minhas mãos e estou deitado no que eu acho que é um colchão.
A sensação de não me poder mexer, nem ver, aguçou os meus ouvidos, mas o sentimento de raiva e angústia voltaram, pois tudo o que eu podia ouvir, era o silêncio, totalmente desconfortável.
De repente tudo o que eu vivi horas anteriores veio á minha cabeça, o Rodrigo era o autor dos e-mails e das ameaças, mas porquê? Ele era o meu melhor amigo e aparentemente não tem nem tinha razões para perturbar a relação entre mim e o Liam, e ainda pior, perturbar a minha saúde psicológica. Lembro-me do seu riso diabólico e a sua expressão de doente mental, e arrepio-me, aquele não era o meu melhor amigo que me ajudou com o colégio nestes anos todos, não poderia ser.
De repente ouço barulho de passos a vir na mina direção, e sinto que a pessoa, que eu penso ser o Rodrigo, se senta bem na minha frente numa cadeira.
- Estás com fome ou sede, amor? – Pergunta o homem com uma voz totalmente doente e reconheço o dono sendo o Rodrigo, engulo em seco pelo estado do meu melhor amigo, mas também porque estava com imensa sede e então engulo o meu orgulho e digo:
- Água Rodrigo. – Ele parece movimentar-se e depois vem até mais perto de mim e toca-me na cara com o pulgar, desvio a cara.
- Calma, eu quero-te dar agua. – Assenti e ele pôs a garrafa nos meus lábios, bebi e saciei a minha sede que parecia ser interminável, inexplicavelmente não estava com fome, talvez o medo e a angustia a tiraram de mim. – Vês, eu não te quero fazer mal, só te quero fazer mais feliz Henry.
- Mais feliz? Estás a ouvir o que estás a dizer? Achas que estou feliz aqui, totalmente amarrado e sem ver nada!? – Grito e sinto a sua cara bem perto da minha porque elevei-a ao gritar. Ele num movimento rápido dá-me um selinho e eu cuspo logo a seguir. Ele pára um momento e logo a seguir sinto o peso da sua mão na minha cara com bastante força, ele havia me batido.
Senti o gosto a sangue na minha boca e dei uma risada irônica.
- Isto é o meu bem? – Questiono mas ele não diz nada. - Responde Rodrigo! Bater-me é o meu bem?
- Cala-te!! – Grita e estremeço no colchão. – É melhor portares-te bem ou o teu namoradinho vai morrer.
Ao ouvir aquilo sinto raiva, ódio, angustia e principalmente medo de nunca mais ver a pessoa que me faz feliz, a pessoa que eu amo.
Alguns momentos em silêncio se passaram, eu percebi que o Rodrigo na sua forma descontrolada poderia ser mesmo muito perigoso e poderia mesmo se tornar um assassino e poderia mesmo matar o Liam e cumprir as ameaças de matar o Diego e a Mariana, que vim a saber que está grávida e que se não fosse nesta situação, a notícia iria certamente melhorar muito o meu dia, mas naquela situação só fez o meu medo de não conhecer o meu sobrinho aumentar.
Rodrigo pareceu se acalmar e veio até mim, deitou-se ao meu lado, e abraçou-me de lado, aquilo deu-me nojo, ele estava a abraçar-me mas eu não podia recusar o abraço por estar totalmente imóbil por causa das cordas.
Estranhamente passado um minuto consegui-me acalmar com o calor do corpo do Rodrigo, afinal ele era o meu melhor amigo e simplesmente está desequilibrado mentalmente, e eu melhor que ninguém entendia-o e não o julgava pelas suas atitudes, apesar destas serem totalmente incompreensivas e condenáveis. Mas eu não o queria preso ou morto, queria que ele retornar-se ao seu estado normal, mas eu não sei o que fazer neste momento, não consigo me mexer, nem consigo ver nada. Sinto-me um inútil.
Começo a ouvir o choro e vários soluços do Rodrigo, ele tira a minha venda e os raios de sol entraram pelos meus olhos e tive a reação espontânea de os fechar, depois de me habituar á claridade, vejo o Rodrigo com a cabeça no meu peito e a chorar, choro esse que estava a intensificar.
Eu não conseguia odia-lo, ele é o meu melhor amigo que me ama e está com problemas.
- Desculpa Henry, eu só queria que fosses feliz, mas comigo. – Disse o Rodrigo olhando nos meus olhos.
- Rodrigo, calma ok? Podemos sim ser felizes os dois! Mas somos melhores amigos, porra nós sempre confiamos um no outro, vieste sempre comigo, com o Liam, com a Mafalda, com o meu irmão e a namorada passar férias conosco, eles são família, tu também és minha família. Talvez estejas confuso Rodrigo, mas eu só te consigo ver com um irmão. – Falo com a intenção de o acalmar mas depois de ver a sua expressão facial percebi que não tinha resultado, ele levantou-se e começou a andar de um lado para o outro.
- Henry, tu estás confuso, tu amas-me, sempre amas-te, eu sempre te ajudei em tudo, sempre te apoiei, e o que é que o Liam fez? Nada, Nada!!!! – Grita e eu reflito nas melhores palavras para dizer que não o descontrolem ainda mais.
- Rodrigo calma ok? – Pergunto, eu sabia que não iria ajudar mas estava completamente sem ideia de como o ajudar.
- Calma? Tu não consegues ver o amor por mim Henry!!
- Porque ele não existe, pelo menos dessa forma. – Declaro já sem paciência. Ele vem até mim e vejo a sua cara vermelha de raiva e algumas vaias salientes na sua testa.
- Tu vais amar-me nem que eu tenha de matar o teu namoradinho primeiro. – Disse com as duas mãos em cada lado da minha cara e eu fico atônico com o que ele diz, um arrepio corre pelo meu corpo todo em pensar numa vida sem o Liam. Ainda á pouco tempo atrás eu disse que não valia a pena viver sem ele e agora percebo o Rodrigo, apesar do amor que ele possa ter por mim seja doentio, ele tentou fazer de tudo para nos aproximar, eu é que não via os seus gestos com essa malícia e sim como melhores amigos que fomos.
De repente ouço o ladrar de um cão, mas não é um cão normal, é o meu cão, é o Mike. O Liam está aqui.
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O Amor proibido (Romance gay)
RomanceHenry Paterson, um jovem professor de matemática de 24 anos, começa a sua carreira e é confrontado por sentimentos proibidos aos olhos de todos, mas que aos seus e de Liam, seu aluno, são sentimentos intensos, que os fazem passar por vários obstácul...