55. Visita

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O ano estava passando tão rápido que eu sequer acreditava que estávamos em novembro, porque eu me recusava a aceitar que aquele ano estava prestes a chegar ao final.

Fazia dois meses desde a visita ao esqueleto do prédio, e pouca coisa havia mudado de lá para cá. Há alguns dias eu tinha comemorado mais um mês de namoro com Lucas e tudo parecia perfeito, nossa intimidade parecia cada vez mais avançada, em todos os aspectos, e aquilo me agradava bastante, porque eu me sentia completa e feliz.

Geovana e Daniel estavam namorando há um mês e não poderiam estar mais felizes, segundo palavras da minha amiga. Mas, toda essa questão não foi fácil porque dias depois do encontro dela com Dani, e dias depois da nossa ida ao hotel abandonado de São Conrado, Rafael voltou a ligar para ela e eles discutiram bastante, mas finalmente colocaram um ponto final na situação.

Não preciso dizer que aquilo abalou minha amiga de alguma forma e demorou alguns dias até ela estar cem por cento novamente depois de dar unfollow no ex de todas as redes sociais e excluir o número dele. Era o fim de um ciclo. Uma semana depois Daniel preparara uma surpresa para ela e enfim eles começaram a namorar, para certo alívio do nosso grupo.

Mauro ainda continuava a sua viagem pelo mundo e poucas vezes nós conseguíamos nos falar, e geralmente ocorria quando ele tinha algum tempo livre ou eu estava livre de trabalhos ou provas surpresas. Christian já havia descobrido o sexo do bebê e Nakada havia acertado em cheio: era um menino, e tal notícia deixou todos nós eufóricos. Estava tudo ocorrendo bem para eles.

Enquanto isso, os almoços com Andreia, Tatiana, Pedro e Gabriel estavam cada vez mais raros, porque todos estavam ocupados seja com trabalhos ou projetos da faculdade, mas ainda assim nós sempre conversávamos e a distância não parecia um problema para o laço que nós tínhamos criado.

O período do meu trabalho com Geovana havia acabado semana passada, porque ambas as funcionárias que cobríamos as férias voltaram para os seus cargos, e apesar de sentir falta daquela rotina, agora eu teria mais tempo livre pela tarde. O que inclusive me dava aval para fazer outras coisas, como por exemplo: ajudar minha professora de Psicanálise em um projeto pessoal.

Depois de muito pensar, eu resolvi que ajudaria ela a organizar o chamado "Natal Solidário" ao qual ela fazia parte, e Andreia também participaria se caso ela não tivesse ficado gripada justamente naquela semana, fazendo eu ter que enfrentar a ideia de ir até a Rocinha praticamente sozinha já que eu não fazia a mínima ideia de quem eram as outras duas garotas que iriam conosco.

Eu nunca fui de morar em bairros luxuosos ou de classe média, por isso já havia lidado com muitas situações durante a minha estadia na minha cidade natal, no entanto, a forma como as mídias representavam as comunidades cariocas fazia qualquer ser humano que fosse fora daquela realidade estremecer. Mas, eu tirei coragem do fundo do meu coração e da minha palavra a ser cumprida e confirmei a minha ida até lá naquela tarde.

— Eu bem que poderia ir com você né? — Lucas propôs enquanto mordiscava um biscoito recheado.

Naquele instante eu estava na casa dele já que Geovana tinha ido fazer um trabalho com Nicole, sua colega de sala. Eu encarava meu namorado da sala, observando ele comer no balcão da cozinha.

— Você iria? — pergunto um pouco desconfiada mas animada.

— Só para não te ver com essa cara de gatinha perdida? Iria sim. — T3ddy responde rindo.

— Gatinha perdida? — questiono num tom risonho.

— Minha gatinha perdida. — ele murmura e pisca na minha direção, fazendo eu sorrir mais ainda.

E De Repente, Era Amor - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora