Capítulo 1

1K 94 17
                                    

CAROLINA

Está escuro e fresco... Minha cabeça está doendo mais do que quando apanhei um resfriado. Meus olhos ardem por ter passado a noite toda chorando. Parecia que essa dor nunca acabaria...

Acordo abrindo lentamente os olhos e tento me acostumar com a clareza do sol. Estico minha mão, até alcançar a cómoda e tiro meu celular. Checo se tem alguma mensagem e zero. Depois de um longo suspiro, me levanto, sento na cama e sinto o chão gelar meus pés... rapidamente calço minhas pantufas. Caminho, quase cambaleando, até o banheiro do meu quarto pequeno,onde tudo é próximo. A cama fica próxima do closet,o closet fica próximo do espelho, a cabeceira é próxima a porta... Enfim,meu quarto é minúsculo.

Quando me mudei para Nova York, eu pensei alugar um apartamento conjunto com minha amiga Alice,mas ela casou e teve um filho, então tive que optar num espaço pequeno onde cabe no máximo uma pessoa e eu consiga pagar as despesas.

Despejo água que caia na torneira no rosto e vejo meu rosto húmido no espelho. Meus olhos estão inchados e com uma olheiras profundas e escuras. Os óculos me fazem ficar pálida e estranha. Faço duas tranças no meu cabelo cacheado que caia sobre os ombros.

Ultimamente não tenho tempo para cuidar de mim porque fico o tempo todo no orfanato cuidando da contabilidade, dando aulas, procurando pessoas solidárias, patrocinadores. Só tenho tempo a noite quando trabalho num bar noturno. Trabalho na área da contabilidade e o salário é muito bom!

Infelizmente mais uma vez não consegui dormir. Novamente tive sonhos que até hoje não consigo decifrar de certo o que aconteceu.

Abraço meu corpo ao sentir calafrios.

Eu sei que devia ir a um psicólogo porque são imagens que parecem ser reais, mas não consigo lembrar quando isso aconteceu.

Sem mais demora, tomo um duche com a touca no cabelo. Amarro a toalha em volta do meu corpo e saio do banheiro.

Reparo em minha cama pequena de solteiro, ligeiramente desarrumada e bufo. Pego um pente da penteadeira e escovo meus fios. Quando termino faço o de sempre-um coque.

Meu telefone vibra e atendo. É Alice!

- Como você está amiga?

- Bem... Estou vestindo. Você me pega aqui em casa?

- Claro! Espera por mim. Tenho uma grande novidade!

- Então diga... por favor.

- NÃO! ESPERA AÍ!! - Afasto meu celular da orelha, minha Amiga é muito amorosa,mas também perde rápido a paciência.

-Mais tarde digo. Beijos! - ela encerra a chamada e solto uma lufada.

Como quase sempre, visto uma saia que cai até os pés e uma blusa branca de mangas compridas. Adoro o branco porque realça muito o meu tom de pele e porque tem o significado de algo que há muito tempo procuro-Paz.

Como uma maçã antes de sair de casa e saio para esperar Alice na escada. Vejo várias pessoas passando pela ruas apressados. Cada um tem uma história para contar. Uma mais triste, mais cortante e aterrorizante que a outra. Todos temos segredos mais profundos e obscuros... Não há ninguém que viva nesse mundo, e nunca tenha sofrido...

- Ei sua louca! Tá pensando o quê?! - Alice pergunta enquanto aperta na buzina do carro provocando maus olhares por causa do barulho irritante.

Sorrio e abro a porta de passageiro. Sento e coloco o sinto - eu me perguntei por que alguém em Nova York compraria um carro. - falo virando o rosto para fitá-la - A resposta é que não existe resposta, mas agradeço porque você é um anjo!

UM CEO PARA AMAR. DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora