...◇ NURIEL HERONDALE ◇...
Os sons do meu salto batendo contra o piso ecoavam por toda parte do corredor, enquanto eu puxava o capuz pra trás e deixando que enxergassem meu rosto. Willy caminhava para a sala da minha avó ao meu lado, havíamos sido solicitados por ela depois de termos voltado do Instituto de Londres em missão.
Meu parabatai deu três batidas na porta e ouvimos a voz da inquisidora. Entramos e ela estava sentada em sua cadeira com sua típica expressão séria.
— Do que se trata o assunto, inquisidora? — questionei formalmente.
Eu e minha avó sempre nos tratamos de forma profissional diante da clave. Em momentos como esse, o parentesco é deixado de lado.
— Vocês foram escolhidos a dedo por mim e com aprovação de outros da clave, para serem diretora e co-diretor do Instituto de Nova York — informou.
— O Instituto do Caos? — Willy zombou e lhe dei uma leve cotovelada.
— Vocês precisam colocar ordem naquele lugar — ela ignorou a piada do meu parabatai — E mais precisamente, capturar Valentim que está a solta com seu filho Jonathan e escolher alguém digno para ser diretor ou diretora daquele lugar.
Eu não estava nem um pouco afim de ir para Nova York, tenho problemas maiores aqui para resolver. Talvez, a verdade seja que não quero encontrar meu irmão Jace, o esquecido da família.
Aquele bastardo se acha e ainda me trata como se eu não fosse nada pra ele.
Quando minha mãe Celine estava grávida, eu esperava ansiosa para ter um irmãozinho, mas tudo mudou assim que ela tirou sua vida. Achávamos que o bebê havia morrido com ela, mas não foi bem assim.
O loiro maldito me virou as costas e preferiu os Lightwood. Que vá para o inferno os três juntos e Raziel que me perdoe.
— Não iremos lhe decepcionar, senhora — garanti.
— Willy, poderia nos dar um minuto por favor? — disse a ele que assentiu e se retirou — Preciso conversar com minha neta sozinha — esboçou um leve sorriso que até parecia que seu rosto quebraria. Ela não é muito disso.
Foi ali que percebi que deixaríamos as formalidades de lado.
— O que aconteceu?
— Aquelas visões...continuaram? — perguntou como se estivesse com medo da minha reação, e engoli seco.
Eu não gosto de falar das visões, não gosto delas em si. Eu apenas queria entender o porquê as tenho, porquê eu e não outro shadowhunter.
— As vezes acontecem, não consigo controlar — dei de ombros.
Em vezes importunas, eu conseguia ver o passado das pessoas e o futuro se tiver muita ligação com elas. Segundo Willy e minha avó, meus olhos brilham em dourado toda vez que isso acontece.
Minha avó não me explica o porquê, talvez nem mesmo ela não saiba, não sei dizer.
Jace e Clary tem sangue do anjo Ithuriel, mas isso foi experimento de Valentim. Eu nunca tive nada disso, nunca fui um rato de laboratório.
Isso que me deixa estressada, a falta de informações.
— Eu não quero que a Clave saiba disso, a senhora sabe. Não até eu saber como funciona e o porquê.
— Respeito sua decisão, querida.
Ela desviou o olhar para o colar em meu pescoço, havia algo indecifrável ali.
— O colar que o papai me deu — toquei com um sorriso, o que ela retribui.
Stephen havia me dado um colar especial assim que nasci, uma herança de família. Eu me lembro de inúmeras vezes eu correndo pelos corredores e pulando no colo dele, e minha mãe nos observava com um sorriso.
Eu era uma criança quando ele foi morto tentando parar Valentim, e por isso quero tanto um dia ver ele preso e sendo julgado. Meu pai pode ter feito parte do Ciclo, mas se arrependeu e se redimiu. Valentim o matou com uma crueldade impressionante.
— Ele está orgulhoso de você junto com Celine, onde quer que estejam.
— É bom ouvir isso de você — fui até ela e lhe dei um beijo na testa.
— Agora vai arrumar suas coisas. Tem um feiticeiro os esperando na entrada principal para envia-los para Nova York.
Assenti e sai dali. Willy estava olhando pro nada no corredor, e sorriu assim que me viu.
— Soube que vão para Nova York — ouvi a voz de Lydia Branwell vindo ao longe.
— Vamos sim, mas não se preocupe, mandarei mensagens de fogo todos os dias — Willy piscou pra ela e juro que ficou vermelha.
É um verdadeiro casanova mesmo.
— Não irei sentir sua falta — ela tentou segurar o sorriso bobo.
— Por favor, arrumem um quarto — falei em um tom entendiado.
Willy olhou para os lados e deu um selinho rápido nela.
— Se preparem, aquele lugar é um verdadeiro caos. Eles não gostam de obedecer — Lydia avisou.
— Correção, Jace e sua trupe não gostam de obedecer — Willy corrigiu.
— Isso é porque eles nunca tiveram um bom Herondale para colocar as rédeas por lá — falei empinando o nariz.
Lydia começou a falar algo, mas não consegui prestar atenção. Meus olhos foram dominados por imagens parecidas com imagens de um sonho. O futuro. Eu chorava e gritava com Imogen por algo.
"EU TINHA TODO DIREITO DE SABER A VERDADE" — berrei.
"TUDO O QUE FIZ FOI PARA TE PROTEGER" — gritou de volta.
"POIS EU QUERO QUE AZRAFAEL VÁ PARA O INFERNO"
As imagens desapareceram no mesmo instante. Uma coisa que aprendi com isso é ignorar. Eu não queria ver o futuro, saber o que pode acontecer ou ficar na dúvida do que realmente aconteceria. Mesmo que fosse em raros casos, mesmo que eu enxergasse mais o passado que o futuro, me deixa intrigada e com raiva.
Percebi que Willy parecia distrair Lydia por conta que eu havia paralisado, ele me olhava pelo canto do olho.
— Eu vou arrumar minhas coisas — avisei e sai. Ainda havia a preocupação estampada em Willy, mas ignorei e segui.
Fui para a mansão Herondale, onde moro com Imogen e subi as escadas pro meu quarto. Arrumei minhas malas e voltei para a entrada principal. Me sentei sobre a mala e esperei. O feiticeiro já estava ali com um olhar vago para o nada.
Não demorou muito para Willy aparecer com uma cara de bobo e uma marca de batom no pescoço.
— Safado — balancei a cabeça em negação e ele riu.
— O que posso fazer? Não resisto a mulheres loiras — sorriu maroto.
— Só vai com calma com Lydia, você sabe...
— Ela ainda não consegue esquecer o falecido — Willy me interrompeu revirando os olhos e assenti.
— Estamos prontos, Joseph — avisei ao feiticeiro que trabalha pra Clave, e ele abriu um portal.
Eu e Willy atravessamos e paramos exatamente na entrada do Instituto. Os shadowhunters ali pararam o que faziam e nos encararam, de longe avistei o grupinho principal.
— Onde está a recepção? É assim que tratam uma Herondale e um Wentworth representantes da clave quando eles chegam — usei todo meu deboche.
Meus olhos passaram vagarosamente por cada um ali, e pararam em um dos mais altos ali. Alec Lightwood. Ele me encarou de forma intensa, o que retribui.
Esse Instituto vai me render muitas boas confusões, tenho certeza disso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝘼𝙣𝙜𝙚𝙡𝙨 𝘽𝙡𝙤𝙤𝙙 ● 𝕬𝖑𝖊𝖈 𝕷𝖎𝖌𝖍𝖙𝖜𝖔𝖔𝖉
FanfictionNuriel Herondale é escolhida para ser a nova diretora do Instituto do "caos" em Nova York, por tempo indeterminado. Ao lado do seu parabatai, descobrirá que seu passado é mais angelical do que um simples shadowhunter, e terá que lutar contra os sent...