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Novo dia, novas aventuras. Eu tinha novamente minha pistola e meu canivete retornou para a barra de minha calça. Aquilo me fazia me sentir mais confortável.

Após recuperar meus itens, voltei para casa e logo fui a procura de Gemma. Ela ainda dormia, era bem cedo e eu me sentia incrivelmente mais segura com as armas novamente sob minha posse.

Acordei a pequena e finalmente usufrui da água da comunidade. Tomei um banho junto com a garotinha. Limpei detalhadamente a jovem, nenhuma sujeirinha sobrou em sua pele. Até então, ela havia se recusado a deixar que Carol lhe limpasse e eu havia tomado um banho rápido no "hospital".

Coloquei uma roupa limpa na mesma, peças que ela vinha trazendo a tempos em sua mochilinha e que finalmente seriam estreiadas.

— Quero conversar com você... — fechei a porta de nosso quarto e tirei a pequena faca de minhas roupas. Em seguida coloquei a jovem sentada sobre a cama e me juntei a mesma. — Eu recuperei isso, sabe o que é?

— Um canivete, né mamãe.. — fez uma carinha estranha, como se a resposta fosse óbvia e eu sorri fraco.

— Essas iniciais são da nossa Família.. Parker. — falei lhe mostrando o "P" traçado detalhadamente no cabo da arma branca. — Esse canivete era do seu pai, meu irmão ganhou isso do seu avô.. Desde que o apocalipse começou, Ken andava com ele pra cima e pra baixo. Por acaso quando ele sumiu, o canivete ficou comigo. Ele deixou pra que eu pudesse proteger a mim e a você.. — falei e ela assentiu. Gemma não era melindrosa com esses temas, ela respeitava e gostava muito de saber mais sobre seus pais biológicos.. mas creio eu que não tem como sentir falta de alguém com quem nunca convivemos. A criança nem sequer lembrava de sua própria mãe ou mesmo de meu irmão.

— Você só tem isso dele, mamãe? — ela perguntou e eu assenti.

— Sim, só me restou isso.. E você é claro! — apertei seu pequeno nariz, a fazendo rir. — Eu quero que guarde isso com cuidado e mesmo que vá apenas pisar na rua, carregue consigo esse canivete. Eu não confio cem porcento nas pessoas aqui, e você deve fazer o mesmo. Dar a mão desconfiando. Não porque eles fizeram algo de mal para nós, mas a mente humana é podre. Além de que nunca se sabe quando encontraremos um zumbi. Então, se você quer brincar, se você quer caminhar sem a mamãe DENTRO DOS MUROS, vai ter que carregar esse objeto como se ele fizesse parte de você.

— Tudo bem.. — disse sem pestanejar, agarrando a faca.

— Vai deixar escondida bem aqui na sua calça, se precisar, já sabe. Não use em casos desnecessários e se perguntarem porque está com isso, diga que encontrou nas minhas coisas. Eles vão me devolver e eu te dou novamente. — Ela assentiu.

Ficamos algum tempo no quarto e logo fomos pra sala. Eu arrumava os cabelos da menina em um belo penteado, enquanto ainda raciocinava que tínhamos uma cama confortável e ao abrir a porta não daríamos de cara com um zumbi para nos recepcionar. Suspirei, para eu me acostumar com a proteção que tínhamos ali, demoraria um tempo, mas iria me esforçar pra isso.

— Pronto.. — falei e ela pulou em mim, me abraçando.

— brigada mamãe... Daryl! — disse e cumprimentou alguém atrás de nós, com o queixo apoiado no meu ombro.

— Oi! — disse meio desconcertado por ser visto a nos observar, levantei com a garota no colo, porém, a dor do corte me afetou, então grunhi e rapidamente a coloquei no chão. — Tá tudo bem?

— Sim.. 

— Daryl! — Carol o cumprimentou se aproximando. — Tudo bem Helena?? — assenti. — Gemma, está bem? — a mulher questionou se abaixando em frente a criança que confirmou sorrindo.

— Vai ter uma ronda, Rick pediu pra que eu te introduzisse na patrulha. Se você já se sentir pronta pra isso..

— Claro, vai fazer o que Gemma? — perguntei e ela deu de ombros.

— Eu fico com ela! — a outra mulher na sala disse e eu assenti.

— Obrigada, Carol. Até mais meu amor! — Me despedi da jovenzinha.

— Até mamãe!

Eu e o Dixon fomos para as guaritas para checarmos o perímetro. Haviam poucos zumbis, nada muito problemático.

— Aqui é sempre pacato assim? — questionei depois de muito tempo em silêncio.

— Mais ou menos.. A comunidade é boa, fazemos de tudo pra manter isso de pé. — disse ajeitando a besta em suas costas e eu assenti.

— Então você cuida dos muros e da busca por mantimentos? — ele confirmou com a cabeça. — Tem quantas pessoas na comunidade?

— São muitos.. eu não sei ao certo, essa é uma pergunta que deve fazer ao Rick..

Realmente eram muitas pessoas pelas ruas. Aquela sensação de voltarmos ao mundo antigo era assustadoramente boa e aconchegante.

Apesar do tempo fechado, o sol estava em seu ápice e o clima abafado. Por esse motivo, tirei minha jaqueta jeans e a amarrei na cintura. Fizemos uma pausa para água e enquanto eu dava goles no cantil notei que o homem ao meu lado observava o nada calmamente, ele parecia tão habituado com esse mundo que chegava a ser estranho.

— O que fazia antes de tudo? — questionei intrigada. Daryl me olhou surpreso com a pergunta repentina.

— Nada.. Era só um caçador bêbado! — soou sincero e eu ri nasalado, o fazendo parecer curioso com minha reação.

— Combina com você! — sequei minha boca com a mão. Notei que o homem revirou os olhos, porém um sorriso cresceu em seus lábios.

— Aparentemente você já está bem.. ta até fazendo graça! — soltou e retornou a caminhada.

Ri fraco, fechei a garrafa e apertei o passo para o acompanhar.

— Andar rápido comigo na situação em que estou é maldade.. — Ele desacelerou contragosto, mas aparentemente se divertindo. —  Eu morava em Atlanta, trabalhava em um escritório, tinha tinha uma vida confortável... Até que, bom você sabe.. — Não precisei completar pra que ele soubesse o que quis dizer.

Andamos mais algum tempo em silêncio, até que o homem a minha frente pareceu intrigado com algo.

— E como aprendeu a atirar? Se era uma patricinha não tinha esse costume... — Bufei com sua pergunta.

— Pro seu governo meu pai era militar e eu não era patricinha, só trabalhei muito. Na real fui criada como um homem praticamente.. Éramos só eu, meu pai e meu irmão!

— E o pai da chatinha? — o Dixon questionou e eu ri fraco, arrumando minha arma no cós da calça.

— É uma pessoa muito curiosa pra um cara tão fechado.. — Ele pareceu desconcertado e eu prossegui. — A Gemma é minha sobrinha, meu irmão sumiu no início do apocalipse e a mãe dela morreu no parto antes disso tudo.

Ele assentiu como quem absorve a informação.

All Alone (TWD-Dixon)Onde histórias criam vida. Descubra agora