I - ENCOMENDA DO PASSADO

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Ficar todo esse tempo longe da minha família e dos meus amigos estava sendo difícil, mas depois do primeiro ano de treinamento, as coisas começaram a ficar um pouquinho mais fáceis.

As pessoas da tribo eram bem legais e o melhor de tudo era que a maioria deles eram como eu, com dons elementais. Apenas eu, meu avô e outro senhor bem mais velho do que qualquer pessoa velha que eu já tenha visto na vida, éramos elementais sétuplos, e isso meio que me fazia me sentir um idoso as vezes. Mas por outro lado, era bom saber que existiam outros como eu, não só um Elemental, mas também um sétuplo, mesmo que isso fosse muito raro.

O velho senhor e chefe da tribo (que até agora ainda não tinha me falado o nome dele por ainda me considerar um novato), disse que no mundo existiam apenas 10 elementais sétuplos, e a probabilidade de encontrar tantos deles (no caso, nós três) juntos em um único lugar, ou mesmo em um único país, era raríssima e por isso ele vivia me lembrando que eu era um rapaz de sorte. Eu nunca soube se ele falava isso pelo fato de eu ser um elemental sétuplo ou simplesmente por eu poder presenciar essa "reunião elementar" tão rara a qual ele sempre se referia. O fato é que eu realmente me considerava um cara de sorte por ter esses dons tão especiais. De início, achava uma porcaria, mas depois que aprendi mais sobre eles, vi que isso era uma das melhores coisas que já tinham me acontecido, e ainda mais agora que eu sei que posso ajudar as pessoas com eles.

* * *

Como de costume, eu e meu avô juntamente com mais alguns elementais mais novos da tribo nos dirigimos para um ponto alto para treinar nossos poderes, o que não era difícil de achar, considerando que estávamos acampando em pontos aleatórios da Cordilheira dos Andes e achar um ponto alto por ali era tão difícil quanto se molhar em uma noite de chuva.

Eu achava que ia ser bem difícil se adaptar em um local tão frio e diferente do local onde vivi durante a minha vida toda, porém, mais uma vez eu estava enganado, pois consegui me adaptar tão rápido que nem pareceu que um dia morei em outro lugar, e quando digo "adaptar", me refiro ao clima e não a saudade, se é que me entende. Meu avô disse que essa adaptação era por conta do elemento água, que ajudava aos que o controlavam a ter uma maior resistência ao frio. Já o elemento vento nos ajudava com a altitude, e assim sucessivamente. E como eu era um sétuplo, podia me adaptar a praticamente qualquer clima, já outros da tribo não tinham tanta sorte assim e precisavam usar roupas quentes para suportar o frio. Porém, mesmo eles já pareciam bem adaptados ao clima, visto que já estava acostumados a morar em pontos diferentes das montanhas.

A coisa mais chata disso tudo era o fato de nunca ficarmos muito tempo no mesmo lugar. Os chefes da tribo diziam que não era seguro para nós ficar acampados no mesmo ponto por mais de algumas semanas e sempre nos deslocávamos para outro lugar dos Andes no período de um mês, no máximo.

Pelo que pude entender, nas gerações passadas, a Tribo Nathu foi atacada quando ainda estava no Brasil, no Amazonas. Aparentemente foi uma coisa grave, pois poucas pessoas pareciam realmente saber o que tinha acontecido, e os que sabiam, sempre mudavam de assunto quando alguém perguntava a respeito, o que era bem raro de acontecer e quando acontecia, esse alguém era eu mesmo bancando o curioso. Com o tempo eu resolvi deixar pra lá e não toquei mais no assunto.

Seguindo com o "dia de estudos", eu, meu avô e os outros Elementais mais novos nos dirigimos para o ponto de treinamento onde eu tentaria aprender uma coisa nova que meu avô pretendia me ensinar. Ele ainda não havia me dito, mas aparentemente era uma habilidade importante.

Quando chegamos no local escolhido, ele inicialmente pediu para que fizéssemos alguns movimentos de defesa e ataque, e só então se dirigiu até mim para dizer o que eu iria aprender.

- Hoje você irá aprender uma coisa exclusiva dos elementais sétuplos: A conversão de elementos.

- Como assim?

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