IV - CONCELHOS

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Eu e Tyson ficamos ali na margem do riacho por pelo menos vinte minutos até que lembro de que havia deixado Kennedy sozinho com minha mãe e minha avó em casa.

- Já deu por hoje. – Falei, tentando não pensar mais nos recentes acontecimentos. – Vamos para casa. Ficar se lamentando não vai resolver as coisas.

- Agora gostei de ver. – Tyson respondeu se levantando animado de onde estava.

Seguimos caminhando pela floresta na direção da estrada.

- E aí, você e a Ingryd... é impressão minha ou você está gostando dela? – perguntei, tentando me distrair um pouco.

Imediatamente Tyson ficou tão vermelho que pude notar até mesmo com a pouca luz.

- Bem... não sei ainda.

- Você não sabe ou ela não sabe? Porque me pareceu que vocês dois já estão bem decididos do que sentem, só não se decidiram se assumem de uma vez um para o outro ou não.

Tyson pensou um pouco antes de responder.

- Acho que entre nós tem sim alguma coisa a mais além da amizade, mas não quero apressar as coisas.

- Sei como é. É bom ir mesmo com calma, assim nenhum dos dois tomam uma decisão que venham se arrepender depois. Mas não vale é esperar demais, ok?

- Pode deixar. – respondeu Tyson com um sorriso.

Depois disso seguimos o nosso caminho em silêncio até minha casa.

Passados alguns minutos de caminhada, finalmente chegamos. Tyson ia seguir em frente, mas eu o convidei para entrar.

- Dá uma passada aqui em casa. – falei. – Tenho uma pessoa para te apresentar, e minha mãe e minha avó vão gostar de te ver.

- Entendi. – Concordou ele. – Mas que pessoa seria essa?

- Um amigo.

Entramos na casa e já damos de cara com minha mãe e minha avó sentadas no sofá, totalmente deprimidas. – por motivos óbvios. – mas não estavam mais chorando.

- Como vocês estão? – Perguntei já sabendo a resposta.

- Vamos ficar bem, filho. – Minha mãe respondeu.

- E o papai, ele também está na cidade?

- E você ainda pergunta!? Ele está nas escavações, mas pelo menos isso vai ser por pouco tempo.

- Como assim? Ele vai vir pra cá esses dias?

- Sim, e acho que eu sei qual vai ser seu presente de aniversário, mas isso é surpresa.

- Sabe que não me importo com presentes, mãe. Vocês estarem comigo no meu aniversário já é o melhor presente que eu poderia querer...

- O pior de tudo vai ser não poder dar um funeral digno para ele. – minha avó me interrompeu, como se estivesse devaneando em um mundo só dela, mas eu sabia a quem ela estava se referindo, e minha mãe também. – Eu nem sequer pude me despedir... de novo.

- Vó! Desculpe. Acho que não era o melhor momento para falar em aniversário.

- Não querido, eu que peço desculpas pelas minhas reclamações.

Eu não sabia quais palavras dizer, então apenas fui até ela e a abracei.

- Força vó. É difícil, mas vai passar.

* * *

Depois de passar um tempinho tentando consolar minha avó, percebi que Kennedy não estava presente na sala, então perguntei por ele.

TÓXICOOnde histórias criam vida. Descubra agora