A arte de ser humano

A última noite

E foi quando eu senti o toque dos teus lábios nos meus.
A tua mão passeando pelo meu corpo.
A tua respiração ofegante próxima a minha.
E foi quando eu senti você que o apocalipse aconteceu.
Lembro me bem dos teus lábios macios, da tua pele quente e da minha boca mapeando o teu corpo.
Foi a última noite.
Nunca esquecerei de como foi sentir você, sentir que era minha, sentir o teu anseio por mim.
É, amor, eu nunca me perdoarei por a ter deixado escapar.
Foi como se fosse a primeira vez.
Aquela noite pareceu ser o nosso primeiro encontro, a nossa primeira união.
O mundo acabando lá fora, o fim era real, mas com você junto a mim eu não presenciei o fim, pois o teu sabor me levou ao paraíso.
E foi caindo do paraíso que eu me toquei.
Você me levou tão alto, foi como se estivéssemos no topo do maior prédio da cidade.
Eu senti o ar passando por mim, cheguei a pensar que estava a voar, mas eu apenas me iludi.
A subida foi fácil, até porque eu estava com você, mas a queda foi longa, dura e cruel.
Agora estou no chão sozinho.
Em uma noite eu sobrevivi ao fim do mundo, conheci o paraíso e aprendi a voar. Você fez com que tudo fosse perfeito.
Sim, em uma noite eu vivi muitas coisas, mas eu não esperava uma coisa: ser uma despedida.
A última noite foi melhor que a primeira, podemos dizer que foi a melhor de nossas vidas.
Tem um porém, ela me deixou com um gostinho de que teria continuação, só que a verdade é que não haverá, pois você se foi e me deixou sozinho a desmoronar.