• quatorze •

14.9K 1.8K 793
                                    

CAPÍTULO QUATORZE
hogsmeade

O dia de sábado começou antes mesmo que Morgana pudesse piscar, sentia-se nada à vontade em ter que sair com James. Talvez conseguisse inventar uma gripe ou falar que estavam em falta as poções anti-cólica menstrual. Mas levantou-se mais tarde naquela manhã, quase não conseguiu chegar ao café-da-manhã à tempo e saiu correndo em busca dos melhores amigos, quando percebeu que ambos haviam saído.

Quando chegou ao Grande Salão, chamou atenção de alguns alunos que estavam comendo e junto com eles, a atenção dos Marotos. Morgana fugiu imediatamente para sua mesa, sentou-se ao lado de Pandora e Severus, que estavam discutindo qual os doces que comprariam na Dedos de Mel.

— Caramba, eu dormi demais! — exclamou Morgana. — E para todos os efeitos, estou com gripe ou menstruada, depende do meu humor.

— E por qual razão, minha querida? — perguntou Severus.

— Para evitar a presença do Potter. — contou a loira. — Ele me chamou para ir à Hogsmeade e eu aceitei! Que droga de poção!

— Foi uma escolha horrorosa! — falou Pandora, com a boca cheia. — Com quem eu vou dividir Varinhas de Alcaçuz?

— Você está preocupada com isso? — berrou Morgana. — Eu vou tomar uma cerveja amanteigada com o garoto mais idiota que eu conheço!

— Eu achei que esse era o Black. — falou Pandora.

— Ah, que seja!

Morgana recusou as tortinhas de maçã e o suco de abóbora, já que seriam calorias demais para consumir em um só dia e a garota quase conseguia ouvir a voz estridente de sua mãe falando que não deveria comer nem mais uma migalha sequer.

Seu olhar acompanhou James Potter que se sentou ao seu lado e sorriu sedutoramente.

— Oi, Morgana. — ele falou. — Tudo certo para irmos à Hogsmeade?

— Eu estou... cof... cof... — tossiu falsamente. — Doente.

— Mentirosa. — apontou James.

— O que disse?

— Chamei você de mentirosa, Morgana Bouveair. — o garoto riu. — Sei que você não está doente, não parece doente.

A garota bufou irritada.

— Não precisa inventar mais nenhuma desculpa, meu amor. — James falou. — Vejo você na hora da saída.

O garoto sorriu mais uma vez e se levantou, sumiu junto aos amigos pelos corredores e deixou uma Morgana furiosa para trás. A garota se virou para os amigos e revirou os olhos.

— Ele não parece normal? O Potter normal? — a garota perguntou. — Pensei que a poção funcionaria de forma diferente.

— Isso é coisa da sua cabeça. — falou Pandora.

Morgana praticamente arrastou-se para a saída da escola, onde outros alunos esperavam ansiosamente para visitar o vilarejo. Agora não havia mais volta, teria o desprazer de tomar uma cerveja amanteigada com James Potter.

Antes que pudesse sequer cogitar uma outra fuga, o garoto apareceu ao seu lado, surpreendendo-a como sempre. Desta vez, o garoto estava com o cabelo impecavelmente arrumado e um suéter vermelho escuro, talvez ele amasse aquela cor que representava sua casa, Morgana não gostava tanto assim, preferia o verde. A garota deu uma última olhada para seus dois amigos e nunca sentiu tanta vontade de caminhar com eles pelo local.

O Potter ofereceu o braço, para que Morgana o acompanhasse, mas ela recusou, aquela atitude já era intimidade demais. Mas o garoto não ligou, continuou caminhando ao lado de Morgana e sorriu com a situação.

Logo todos chegaram ao vilarejo e Morgana viu seus amigos se afastarem cada vez mais, enquanto o grupinho de Potter sumia também.

— Então, Morganinha... — o garoto começou.

— Bouveair! Já falei. — a loira revirou os olhos.

O garoto riu, como se não tivesse escutado nada.

— Onde você prefere ir? Tive algumas ideias além do Três Vassouras. — Potter questionou. — Pensei na Madame Puddifoot, as garotas gostam, sabe? Os casais também...

Morgana pensou que seria uma boa ideia, já que lá serviam um chá de maçã estupendo, mas lá havia era um ambiente muito romântico e a garota queria fugir de qualquer tipo de romantismo com James.

— Nem pensar, é tudo tão rosa e fru-fru. — comentou Morgana. — O Três Vassouras é ótimo.

— Tudo bem, então... — ele pigarreou, parecia nervoso. — Vamos?

Desta vez, ele ofereceu o braço para Morgana segurar e a garota aceitou, não soube responder o motivo, mas talvez não quisesse negar outra vez. Os dois entraram juntos no pub e chamaram um pouco de atenção de alguns alunos, afinal de contas, eles não eram amigos e nunca foram próximos.

Sentaram-se em uma mesa afastada das outras, no fundo do lugar, um de frente para o outro. Ambos pediram uma cerveja amanteigada e ficaram em silêncio até a bebida chegar. Morgana não tinha ideia do que conversar e se sentia uma alienígena por estar junto ao garoto que mais odiava na escola, mas como sempre, se lembrou de que ele não era o Potter normal.

— Aqui está, meus queridos! — Rosmerta falou, sorridente. — Sei que você nunca pede refil, Morgana, mas pode me chamar se quiser.

— Claro, obrigada... — respondeu Morgana.

A garota tomou um gole da sua bebida e encarou James, esperando que ele falasse alguma besteira, para que ela pudesse dar uma resposta ácida.

— Gosto daqui. — ele comentou. — Meus pais sempre falavam que vinham aqui durante a escola.

— Meu pai estudou na Durmstrang, ele falava mais sobre as partidas de quadribol... e a minha mãe... bem, ela não fala muito sobre a escola. — Morgana contou.

Ela não sabia muito sobre a mãe, Seline não comentava sobre nada de antes do nascimento de Morgana, era quase como se quisesse esconder algo. Mas a garota sabia que sua mãe descendia de bruxos puro-sangue.

— Eu fui idiota com você naquele dia... eu entendo a sua relutância. — James falou, parecia corado. — Não devia ter falado aquilo, eu sei que você não é... uma... você sabe.

Comensal da Morte. — Morgana suspirou. — Tudo bem, Potter. Cabeça-quente, acontece.

— Você não precisa ser tão compreensiva, isso me dá nos nervos! — o garoto revirou os olhos. — Nem uma piadinha? Um xingamento? Nada?

— Não enquanto você não é você, Potter. — Morgana riu. — Mais algumas semanas e não sobrarão piadinhas para você.

A garota tomou um último gole de cerveja amanteigada e logo ambos encaminharam-se para as ruas do vilarejo, onde andaram lado a lado em frente às lojas, decidindo qual visitar dessa vez, enquanto conversavam.

— Então meu pai disse que eu fiz aparecer um porquinho no meio do nada. — os dois gargalharam. — Isso me fez pensar se eu quero ter filhos um dia.

— Eu quero. — Morgana sorriu. — Quero uma família grande, três filhos, talvez. Eu gostaria de ter uma família normal.

Morgana sentiu que poderia falar aquilo, que poderia dividir qualquer coisa com Potter, tinha certeza de que era por causa da poção, já que provavelmente ele não lembraria de nada. Já James, pensou o quão estranho era saber sobre aqueles devaneios de Morgana, não achou que ela poderia também querer uma família.

— O que acha de irmos na Dedos de Mel? — perguntou o Potter.

INSOLENCE • james potterOnde histórias criam vida. Descubra agora