• quarenta e um •

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CAPÍTULO QUARENTA E UM
all the bad things

Quando Morgana acordou e percebeu que estava em seu quarto, se sentiu como uma criança outra vez, quando sua mãe a trancava por horas até que aprendesse uma lição. Aquela sensação de ficar sozinha era horrível, já era péssimo se sentir assim quando pequena, mas agora que era praticamente adulta e à beira de um precipício, era horrível. Não tardou em procurar sua varinha, mesmo sabendo que não a encontraria por ali, claro que sua mãe a teria escondido. Tentou abrir a porta, tentou bater e gritar, mas ninguém parecia ouvir, só restava ela e seu silêncio. Notou que haviam passado horas quando olhou pela janela — a qual tentou abrir sem sucesso — e viu o sol desaparecer, trazendo a escuridão daquela noite sem estrelas, o que era de se esperar, nem as estrelas desejaram brilhar.

Morgana só pensava desesperadamente em sair dali e ir de encontro ao seu James, o qual era vira antes se contorcendo de dor por causa de um feitiço lançado por sua mãe. Ele não era a única pessoa com ela se importava, claro que não, mas era o único que parecia precisar da ajuda dela.

Toda vez que ouvia algum barulho vindo de fora seus corpo entrava em combustão e o medo tomava conta de tudo, poderia ser sua mãe, poderia ser seu pai, mas ela desejou que fosse James, ou Pandora, ou Mavena. Tentou pensar neles enquanto deixava seu corpo escorregar para o chão num quanto do quarto, enquanto contava os quadros na parede ou os livros na estante. Ouviu batidas fracas na porta e se levantou em um salto, suas mãos tocavam a porta cheia de desenhos e de madeira cara, a qual ela pensou que logo iria se despedir.

— Sou eu. — ele disse.

— Charlie, por Merlin, você está bem? — ela perguntou.

— Sim, eu estou bem. — pigarreou. — E você? Não consegui convencer eles de que você não precisava ficar trancada feito uma coruja na gaiola.

— Eu estou bem. Mas isso não importa. — respondeu Morgana. — Sabe alguma coisa sobre James? Ou sobre Pandora, sobre qualquer um... Eu só, só preciso saber se eles estão bem.

E então, apenas com um suspiro longo de Charlie, Morgana sentiu a atmosfera ficar fria, como se cem dementadores invadissem seu quarto e só nada além de infelicidade pairasse sobre o lugar. Ele sabia de alguma coisa, Charlie sabia de alguma coisa ruim e estava se preparando para contar, mas Morgana não queria ouvir.

— Morgana... — ele engoliu em seco, quando ouviu um lamento do outro lado da porta. — Você precisa saber.

— Por favor... por favor, não. — pediu. — Não quero saber, eu não quero!

Ela bateu com os dois punhos na porta, já imaginando o que ele contaria, quase nem tinha mais forças para chorar, mas deixou que lágrimas escorressem pelo rosto. Suspirou tristemente, esperando que Charlie continuasse e ele continuou, também segurando com uma mão os detalhes da porta, como se aquele contato pudesse ser sentido por Morgana.

— Eu sinto muito, Morgana. Eu queria ter podido fazer algo. — falou, com peso em seu coração.

— Não...

— A sua mãe, e-ela não me deixou fazer nada. — contou. — Eu não pude ajudá-lo. Eu sinto muito, eu sou culpado por isso também.

— Por favor me diga que você está mentindo, Charlie, me diga que você está mentindo! — ela berrou, enquanto continuava a usar a porta como alvo de tapas e socos.

— James se foi. — ele sussurrou.

James se foi. James se foi. James se foi.

E junto com ele, uma parte de Morgana também, porque ele era parte dela. Mal soube dizer quando se apaixonou por ele, ou quando soube que o amava, agora estava chorando porque ele morrera e ela nem sequer pode salvá-lo. Um sentimento de culpa tão forte invadiu seu ser que ela sabia que aquilo andaria com ela até seu túmulo, se deu conta de que tudo aquilo acontecera por causa dela, era Morgana quem destruira tudo, poderia não ter sido ela que proferiu o feitiço que matou James, mas possuía igual culpa por tê-lo feito passar por isso.

INSOLENCE • james potterOnde histórias criam vida. Descubra agora