• vinte e oito •

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CAPÍTULO VINTE E OITO
when the friendship has begin

Definitivamente, todos alunos em Hogwarts concordavam que Morgana Bouveair era uma figura incomum, não de forma pejorativa, é claro, mas nada que viesse dela seria normal. E essas considerações tiveram confirmação quando três criaturinhas atravessaram um corredor lado a lado. Pandora estava de braços dados com Remus Lupin, que ria de alguma piada sobre a aula de Herbologia, na qual Morgana não passava nem perto desde o segundo ano.

Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu, para a dupla mais excepcional da Sonserina estar andando com um dos Marotos, também considerados - somente por Pandora - os seus maiores inimigos. A verdade é que nem mesmo elas poderiam pensar que tinham tantas coisas em comum com ele, mas logo depois que Morgana descobriu sobre o problema peludo, ela resolveu que não gostaria de vê-lo sozinho quando seus outros amigos não estivessem por perto.

Depois de saírem da sala de História da Magia, aula em que apenas os três cursavam, estava na hora de se separarem. As duas se despediram de Remus e foram de encontro ao outro amigo, que deveria estar esperando por elas. De longe puderam notar a presença dos outros Marotos, que riam de alguma coisa e olhavam de forma desconfiada para Lupin.

— Estive pensando... — Dora comentou. — Eles sabem, Morgie. Eles sabem sobre a poção.

Morgana a encarou, incrédula.

— Não, claro que não. — respondeu. — Eles teriam falado algo.

Pandora não falou nada, até as duas se sentarem nos mesmos lugares de sempre, mesmo sem a presença de Snape, que havia praticamente desaparecido.

— Ele falou.

— O que disse? — sussurrou.

— Ele falou. Sirius. — Pandora suspirou pesadamente. — Só agora eu notei.

— Por Merlin, Dora, me diga o que ele falou!

Morgana não tinha pensado na possibilidade de tudo aquilo não passar de uma trama bem elaborada, foi real demais. Ou talvez não.

— Você ouviu, estava lá também. — falou baixinho. — Sirius disse que eu conhecia tudo sobre poções e você sabe bem que ele não admitiria isso, ele estava debochando.

— Ele só riu do que aconteceu com você depois daquela pegadinha. Dora, isso não quer dizer nada.

— Quer sim, preste atenção... e se o que ele quis dizer, não tivesse a ver com o que eu sei e sim com o que eu não sei?

Morgana franziu a testa, não estava entendendo bulhufas.

— Pelo amor de Merlin, Morgana! E se eu errei algo naquela poção? E se ela foi fraca o suficiente para que aquele Black-Babaca conseguisse fazer um antídoto? — ela tentou ao máximo convencer a amiga. — Se isso aconteceu, então quer dizer que eu não conheço tão bem assim as poções.

— Acho que você ficou maluca.

— Morgana!

Durante a aula, nenhuma das duas tocou no assunto e apenas ficaram se perguntando para onde teria fugido Snape, que nem mesmo doente havia faltado alguma aula, mas não estava ali. Na hora do almoço, Morgana e Pandora correram para a parte de fora e lá almoçaram, bem, apenas uma dela almoçou.

— Preciso estar magra para impressionar... — contou. — Não sei quem minha mãe quer que eu impressione agora.

— Não há problema algum em ser gorda, você sabe disso, Morgie. — Pandora falou.

— É claro que eu sei disso, mas a minha mãe... Você sabe como ela é. Mais fácil obedecer.

Quando uma figura alta, de cabelos escuros compridos e expressão — praticamente — vazia se aproximou, Morgana, que estava sentada no chão a encarou. Lá estava ele, seu amigo, Severus Snape, com uma carranca jamais vista e um ódio em seu olhar que facilmente assustaria criancinhas.

— Sev! - a loira sorriu. — Não vimos você na aula hoje.

— Ah, claro, estavam mais preocupadas em confraternizar com o inimigo. — ele disse.

— Confraternizar com o inimigo? — Pandora questionou. — Do que você está falando?

— Estou falando sobre vocês e aquele Maroto, é claro. — refutou. — O Lupin.

Morgana já estava em pé, encarando Severus fixamente, enquanto alguns alunos começaram a observar a cena, inclusive um certo grupinho de grifinórios.

— Ele é nosso amigo agor...

— Uma aberração, é isso que ele é! — berrou. — Você deveria ter medo dele, Morgana!

A garota desviou o olhar para Remus, que parecia desconfortável, enquanto o resto do grupo parecia desejar voar no pescoço magro de Snape.

— Você não sabe de nada, Severus.

— Sim, eu sei sim. — riu. — Sei de tudo, porque ele quase me atacou. Lembra da brincadeirinha que o Sirius falou?

— Do que vocês estão falando? — dessa vez, foi Pandora quem os interrompeu.

— Qual é o seu problema? — Morgana perguntou. — Ele é uma pessoa, um bruxo e é nosso amigo agora. Não merece passar por isso.

— Ele tem o sangue sujo com aquela coisa lupina. Você sabe disso. — falou baixo dessa vez. — Nós de sangue-puro...

— Você é mestiço, seu idiota! — Pandora berrou.

Sangue sujo? Ora, quem era ele para determinar o que o sangue de alguém era? E a pureza não deveria importar, no fim, ele é apenas o mesmo sangue vermelho que corre pelas veias de todo mundo.

— Você não precisa se igualar à eles, Sev. — Morgana falou. — Por favor, você não é assim... Você está agindo como um deles!

Severus a encarou, calou-se por alguns instantes e como um sinal, segurou o braço esquerdo e Morgana sentiu seu sangue ferver. Ela havia entendido muito bem o que aquilo significava e doía como nunca, saber que quem carregava aquela marca era um de seus melhores amigos.

— Eu já faço parte deles.

— Vai se arrepender, Severus. — ela o desafiou.

— Não há espaço para arrependimentos. — falou. — Você sabe que vai ter o mesmo destino que o meu.

— Nem morta.

— É por causa do Potter, não é? — ele questionou. — Aquele traidor de sangue nojento. Ele não merece você.

Snape estava cada vez mais próximo, tentando parecer ameaçador.

— Você não sabe do que está falando. — ela rosnou. — E é melhor ir embora.

— Será que a Amortentia fez efeito em você, também? — ironizou. — Você também quer ser uma traidorazi...

Estavam tão perto um do outro, que Morgana conseguia sentir a respiração dele e queria conseguir pegá-lo pelo pescoço para fazer com que calasse a boca. Então... ela decidiu que um soco na área do maxilar seria o mais fácil a se fazer e fez. Tudo foi tão rápido, que ela mal pôde lembrar dos gritos de Pandora e Sirius, que observavam a cena e ver o corpo de Snape cambalear.

Ele a encarou incrédulo, não acreditando que ela poderia ter feiro aquilo e aquele foi o momento em que ambos sabiam que a amizade havia sido danificada. A cabeleira negra de Severus desapareceu dentro dos corredores da escola, enquanto Morgana foi rodeada por alunos curiosos.

— Eu sou seu fã, Morganinha! — falou Sirius. — Que belíssima cena você nos proporcionou.

Mas Morgana não sorriu, nem estava feliz, porque aquele que ela havia discutido, um dia fora seu melhor amigo, mesmo quando eram crianças novatas em Hogwarts e quando estudavam juntos, ou nos momentos de dor. Aquele era seu Snape, escapando por seus dedos, porque não era mais o mesmo.

— Eu preciso de ar...

Falou antes de sair correndo pelo jardim do Castelo, não percebendo que havia sido seguida.

INSOLENCE • james potterOnde histórias criam vida. Descubra agora