That Tomboy | Seulrene

5. Lanchonete.

Após o término da aula de educação física, os alunos precisavam de um banho, então logo se encaminharam para os vestuários, feminino e masculino, pois a próxima aula seria de matemática.

Seulgi toda suada com a blusa em seu ombro, os braços expostos e suas madeixas presas num rabo de cavalo enquanto que o boné acompanhava o topo de sua cabeça... uma visão de tirar o fôlego para muitas.

Por estar ofegante, a Kang não parava de beber água. Teve de ignorar todas as frases de sua irmã, as quais diziam que ela havia deixado Irene ganhar.

Na verdade, ela não conseguia bem decifrar sua ação, apenas fez e não poderia mais voltar atrás. Mas também não se arrependa. Nem imaginava, mas ver o sorriso da Bae fez com que muitas de suas perspectivas mudassem.

Moonbyul partiu direto para o banho, enquanto que sua irmã ficou no bebedouro ingerindo um pouco mais de água. Seulgi nem percebeu, mas alguém se aproximava naquele momento.

— Ótimo jogo, tomboy... — aquela voz aveludada, só poderia ser de uma pessoa. E ela estava certa. — Confesso que fiquei surpresa com o que aconteceu.

— Você jogou bem, Irene, parabéns! — ela disse gentilmente.

— Só entre nós, Seulgi... — a Bae se aproximou um pouco mais, algo que a Kang odiava de sua parte. — Você me deixou ganhar... e foi isso o que eu não entendi bem.

— Acabei me atrapalhando no meu último lance. — Seulgi argumentou, como uma desculpa.

— É mesmo, é? — novamente, Irene agia, sem perder tempo, encurtando ainda mais a distância. — Foi eu quem te atrapalhei, uh? — falou, praticamente num sussurro.

Toda aquela aproximação estava mexendo com a cabeça de Seulgi. Não queria transparecer, mas Irene lhe causava um efeito que ela odiava por demais.

— Não precisa se aproximar tanto, Irene... — a tomboy tentou se afastar, indo para um lado oposto ao da garota.

Irene, por sua vez, riu, todavia não desistiu e se virou novamente para a mais alta.

— Você ainda não me respondeu, Seulgi... — ela tornou a caminhar para perto da tomboy, mas dessa vez não se aproximou tanto. — Será possível que eu sou tão irresistível assim...?

Ela sabe que é e mesmo assim brinca com a desgraça dos outros.

Acreditem, foi exatamente isso que Seulgi ponderou.

— Diz alguma coisa, tomboy... — tocou seu ombro com sua canhota. — Ou eu vou ser obrigada a fazer algo com relação a isso. — pintou um sorriso sacana em seus lábios.

"Oh, Senhor, me ajude...", era tudo o que Seulgi conseguia pensar. Estava sendo difícil agir de maneira coerente naquele momento, Irene estava tão perto, por que ela tem que ser assim... tão fácil?

— Ontem você estava tão durona, mas agora... mal sabe como se respira, tomboy... — a Bae continuava a provocá-lo, sem pudor algum, aproveitando que a mesma retribuía com seu silêncio. — Percebi que você ficou me olhando quase o jogo inteiro hoje... tem algo a dizer sobre isso?

"Merda", ela resmungou para si mesma. De fato, a olhou por muitas vezes no jogo, mas não tinha intenção alguma. Bom, pelo menos era o que a Kang imaginava.

Visto que estava basicamente contra a parede, Seulgi tentou uma forma de reverter a situação.

— Como você sabe? Também me olhou durante o jogo? — revidou, visando desarmar a Bae.

Mas Irene continuou afiada, como sempre.

— É impossível não te notar, tomboy. Você é alguém marcante, até demais. — ela confessou. — Te vendo agora nesse estado, só me faz pensar em como sua legião de fãs queria estar no meu lugar agora...