Fault - Edward Cullen

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pedido da sboolock, espero que goste!

Imagine...

Astrid olhou pro teto da cabana tentando se distrair da ardência na garganta, deitada no chão e ignorando a frieza do piso de madeira. Não sabia quantos dias passara nessa mesma posição, mas sabia exatamente o porquê. Sucumbira ao sangue humano finalmente. Não conseguira seguir a dieta de Carlisle; ela realmente achou que poderia se alimentar apenas de animais como os outros, mas a verdade era que era uma recém-criada e não aprendera ainda a controlar sua sede de sangue.

Se achava fraca.

Não pôde aguentar o olhar no rosto de Edward quando a encontrou na floresta, os dentes no pescoço de uma garota que só tinha se perdido no caminho de casa. Tivera a má sorte de se perder justo no dia que Astrid saíra pra caçar com Alice, e ainda acabara se arranhando em alguns galhos de árvores. O cheiro delicioso de sangue humano invadiu suas narinas e antes que pudesse raciocinar ou Alice conseguisse impedí-la, a recém-criada se moveu numa velocidade impressionante até o outro lado de onde estava. Tudo o que precisara fazer foi colocar suas presas pra fora e em segundos se saciava da sede que o sangue animal nunca conseguira.

Quando a levaram pra casa, ninguém disse nada. Ninguém a culpou ou a condenou. E talvez fosse isso que a fizera sair para floresta pela janela de seu quarto, dando desculpa de que fora se banhar. Talvez precisasse que alguém a culpasse, dissesse o quanto era fraca e que era uma decepção. Porque era assim que se sentia.

Pensando agora, Edward não conseguiu ler seus pensamentos de fuga. Talvez estivessem embaçados por toda a vergonha e a decepção de si mesma.

Mesmo que não precisasse, respirou fundo, era algo que fazia para acalmar os pensamentos tempestuosos quando ainda era humana. E no entanto, continuava com a mesma sensação de ter sido atropelada por um caminhão.

Era a culpa, mas também era a sede. Decidira, logo que achara esse cabana no meio do nada, que não iria beber mais uma só gota de sangue. Iria definhar até a morte porque era esse o fim que merecia.

Talvez não demorasse tanto pelo jeito que todo o seu corpo doía e ardia, parecia o tipo de coisa que você sentiria quando estava perto de morrer.

A única coisa que estava na sua mente e a mantia viva, era Edward. Fosse sua voz, seu rosto, qualquer coisa.

— Edward... – Astrid sussurrou com a voz esganiçada, uma tosse no final. Se pudesse chorar, o faria. — Eu sinto muito.

Fechou os olhos, não morreria agora mas preferia estar dormindo quando acontecesse. Embora, vampiros não precisavam dormir.

Ouviu os passos mas não se concentrou neles, estava empenhada em dormir. Até que sentiu o cheiro. E não ouviu nenhum coração batendo.

Edward.

Assim que o nome dele clicou em sua mente a porta da cabana que continha um armário na frente pra que ninguém tentasse entrar, voou a metros dentro da cabana com um estrondo que fez Astrid pular, numa posição defensiva. Em segundos a família Cullen estava toda de pé na frente de Astrid com os rostos preocupados (menos Rosalie que parecia mais com raiva).

— Astrid! – Esme foi a primeira a tentar se aproximar, com sua voz maternal, mas a recém-criada se afastou. — Querida, procuramos você por toda parte.

— Você escondeu o seu cheiro. – disse Rosalie, cruzando os braços.

Quando humana e cansada dos problemas da vida adulta, Astrid gostava de fugir às vezes e viajar, ninguém a encontraria nunca. Obviamente ela ligava pros seus pais para avisar que estava bem e viva, mas não dizia onde exatamente estava. Era seu jeito de lidar com os problemas e as incertezas, embora fugir não fazia com que tudo simplesmente sumisse.

Talvez fosse por isso que ela fugiu dessa vez, também.

Logo, seu dom era o da camuflagem. Provavelmente, por estar tão fraca, seu dom também não estava funcionando perfeitamente e eles conseguiram encontrá-la.

— Deixem-me em paz. – murmurou Astrid num tom que só pôde ser ouvida por que eles eram vampiros. — Vão embora, eu não queria ser encontrada.

Caiu no chão sentada com as costas na parede e fechou os olhos. Às vezes, sentia tanta falta de poder chorar, chorar sempre ajudava quando ela estava mal também. Nunca quis ser vampira, Edward, seu marido, também nunca quis. Mesmo que soubesse que um dia ela morreria e teria que viver sem sua companheira.

Mas ele não estava preparado para perdê-la tão cedo, ainda mais pra um acidente de carro. Astrid não o culpou, realmente não o fez. Mas culpou a si mesma, porque era sua culpa que tivesse se distraído conversando com Rosalie pelo celular e não viu o carro com um motorista bêbado vindo em sua direção.

Astrid tinha o péssimo hábito de se culpar.

— Astrid, apenas... eu preciso saber... – Edward suspirou, se agachou na sua frente depois de pedir para sua família para deixá-los a sós. — Você nos abandonou por odiar ser vampira? Me deixou porque a transformei?

Astrid abriu os olhos vermelhos para encarar os dourados de Edward. Ele parecia tão desolado, até sua voz tremia enquanto falava.

— Eu nunca te abandonaria por ter salvado minha vida, Edward.

Mas eu não consigo continuar vivendo assim, Astrid pensou sabendo que Edward ouviria.

— Astrid... – seu rosto se contorceu em dor ao ler o pensamento dela. — Meu amor...

Seus dedos frios tentaram tocar-lhe o rosto, mas de novo ela desviou, fugindo de seu toque. Porque não merecia.

A cena vermelha onde quebrava o pescoço daquela garota e sucumbiu a fome de sangue humano. Era por isso que seus olhos ainda estavam vermelhos. Agradeceu por não ter espelhos nessa cabana velha onde definhava.

— Astrid! – Edward falou mais alto, dessa vez segurando o rosto dela sem esperar sua permissão. — Amor, você não é a primeira recém-criada que sucumbe a fome. Eu mesmo já fiz, não pude aguentar. Mas o que importa é que eu continuei lutando, Carlisle me ajudou e agora eu quero te ajudar. Você só precisa me deixar...

Antes que Edward pudesse terminar Astrid o abraçou e deitou a cabeça em seu peito, tentando aspirar seu cheiro ao máximo. Sentira tanta falta dele. O ruivo não perdera tempo em abraçá-la de volta, apoiando o queixo no topo da sua cabeça. Um onda de calmaria atingiu Astrid e ela soube que era Jasper, e agradeceu mentalmente.

— Nós somos sua família, você é minha companheira. Nós vamos te ajudar e te proteger, querida. – Edward sussurrou contra seu cabelo. — O que você fez não muda o meu amor por você, muito menos como eu te vejo. Você ainda é a mesma pra mim, Astrid. Você não precisa mais fugir.

Algum tempo depois, quando Astrid ainda está nos braços de seu amado marido envolta pela sua família de vampiros, e seus pensamentos estão menos confusos, ela se permite se perdoar por perder o controle e prometer a si mesma que vai ser forte e parar de tentar fugir de seus problemas. Eles não vão sumir só porque os está ignorando.

Alice está falando sem parar sobre fazer compras no fim de semana em Port Angeles, Rosalie revirando os olhos pra animação da irmã mas deixando claro que Astrid não tem a opção de não ir. Astrid ri pela primeira vez em semanas e isso alegra toda a casa. De repente, Emmet sugere uma noite de filmes já que vampiros não precisam dormir mesmo mas Carlisle acha que ela precisa descansar e tomar algum sangue.

Astrid tenta não fazer uma careta e, felizmente, seu marido legilimente está lá pra saber e entender que talvez ainda não seja o momento para falar sobre sangue.

Astrid realmente sentiu falta de estar com sua família.

Deitados em sua cama de casal, abraçados e aconchegados um no outro, ela interrompe o silêncio com um murmúrio.

— Eu não vou. – Edward ergueu a cabeça para olhá-la. — Não vou mais abandoná-lo, nunca.


espero que tenha ficado do jeito que você esperava, e me desculpe a demora.

GOD IS A WOMAN, imaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora