Capítulo 4- Perdida

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Narrador:  Vocês têm conhecimento do significado de "tolo"? Um tolo é alguém que se deixa guiar apenas pelos seus desejos, e cujas palavras podem levá-lo à ruína. Com isso, quero destacar a máxima de que toda ação acarreta uma reação, e aquele que semeia ventos inevitavelmente colherá tempestades. A nossa protagonista desperta de seu pesadelo, que é a sua própria realidade.

Boa leitura. 😍

Existem dois tipos de caçadores; aqueles que participam ativamente na busca e captura de presas para consumo e aqueles que ajudam a manter a segurança da comunidade, protegendo-a de ameaças externas. 

- Eu não sei se consigo continuar nisso. Ele é apenas uma criança, - questiona o doutor.

- Uma criança anormal. Ele não se mistura com outras crianças, não brinca ao ar livre, sempre recluso em casa. Isso significa algo, doutor, são indicadores, - insiste o sábio tolo.

- Você sabe que ele não é uma dessas criaturas da noite, - defende o doutor.

- Claro que sei. Estou apenas preparando meu discurso para os aldeões. Não se esqueça disso. Precisamos mostrar às pessoas que mantemos a aldeia e suas casas seguras, que mantemos os lobos e outras criaturas afastadas dos vilarejos, - se justifica.

- Mas ele não é uma dessas criaturas, - rebate de novo o doutor.

- Como já disse, sei que o menino não é sobrenatural e pouco me importo. Mas também sei que todos os caçadores têm que prestar contas à Coroa a cada 30 dias. E a Coroa só quer ver números. Só lhes importa as estatísticas. E neste momento, eu preciso de números. Portanto, Doutor Ellyson, você fará o que sempre faz, e acabou a conversa.

Ellyson sai da Alvissara, o ponto de encontro dos caçadores, acompanhado de alguns deles, em direção à casa de uma pobre mãe que tem o filho doente. Ellyson é o médico do vilarejo, e o homem com quem dialogava é Adrian, um caçador responsável por aquele vilarejo. E o homem que precisava de pontos para prestar contas à Coroa. Todos os caçadores de Hidryss precisam prestar contas à Coroa a cada 30 dias. 

Sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros enquanto caminhava em direção à casa da mãe com o filho doente. Ele era o médico do vilarejo e sabia que cada vida dependia dele. Enquanto isso, Adrian, o caçador, estava mais preocupado em manter as estatísticas favoráveis para a Coroa do que com o bem-estar real das pessoas. 

Entretanto, como já sabem pois está citado acima, não era a sua primeira vez fazendo tal coisa. Os aldeões observavam o médico do vilarejo acompanhado de quatro caçadores, as pessoas começam a segui-los. Pois, sempre que vinham um doutor acompanhado de caçadores era sinal de que as coisas não estavam bem.

Diante  da casa da pobre mãe, o médico ganha coragem para bater a porta. E em seguida sai uma mulher dos seus cinquentas poucos anos. Ela se assusta ao ver tanta gente de frente a sua casa logo de manhã. 

- Posso ajudar? - pergunta nervosa.

- Preciso ver o seu filho Izabel. - diz Ellyson.

- Por quê? - Questiona ela confusa.

- Saia da frente, mulher. - Grita Adrian no meio da multidão se aproximando - Deixe o doutor fazer o seu trabalho. 

Assustada, ela se afasta para que o médico e os caçadores entrassem em sua humilde casa de madeira. Ellyson entra e coloca a sua maleta em cima da mesa. Olha para Adrian, que se posicionou bem ao seu lado, garantindo que não haja falhas em seu plano maquiavélico. O doutor vai até a cama de palha onde o miúdo está deitado.

Hidryss Isto não é um conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora