A RAINHA

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Boa Leitura 😘 

Narrador: Se ainda estão cá isso é um bom sinal. A frase do dia é: 

A Rainha contempla seu reflexo no espelho quebrado

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A Rainha contempla seu reflexo no espelho quebrado. Para ela, aquele espelho desgastado e quebrado não reflete apenas uma imagem, mas sim a verdade de sua condição fragmentada. A última guerra pode ter terminado, mas ela sabe que foi o uso desenfreado de magia proibida que a deixou nesse estado. Enquanto passa a mão pelos cabelos e pelo queixo, seus pensamentos se voltam para as jogadas que a levaram até ali. "Sacrifiquei o Cavalo, a Torre, o Bispo e a Dama. Será que sacrificar o Valete faria alguma diferença?". questiona, deixando o passado de lado. O foco agora está no presente, e há dois grandes problemas que demandam sua atenção.

O primeiro problema é sua própria condição debilitada, algo que ela não pode mais ignorar. O segundo é a necessidade de gerar um herdeiro para o Rei. No entanto, conceber um filho na sua condição atual, devastada pela magia negra, é uma tarefa impossível. E assim começam as questões: como curar seu corpo moribundo? Como proporcionar um herdeiro ao Rei?

A solução parece simples em teoria: primeiro, curar-se; segundo, conceber um herdeiro. Mas para isso, ela precisa de tempo. Tempo para lidar com seus problemas internos e encontrar uma cura. No entanto, o verdadeiro desafio reside em como alcançar essa cura.

Há muito tempo, a Rainha anseia por um Coração de Dragão, uma relíquia que, segundo as antigas lendas, poderia curar qualquer enfermidade. No entanto, para obter esse artefato, ela precisa cumprir um preço terrível: sacrificar a criança que nascer com o coração de dragão. Mas desde a queda do último reino, os dragões desapareceram, deixando-a enfurecida com a incerteza e a falta de uma solução. Décadas se passaram desde que qualquer notícia de dragões foi ouvida, tornando sua busca ainda mais desesperada.

No entanto, nem tudo está perdido.

— Isso é incrível. Como o achaste? — questionou a Rainha Bolena para sua serva, com uma mistura de esperança e ansiedade em sua voz. — O meu desejo está perto de ser realizado, pelo menos nos meus pensamento, e nada melhor que ouvir boas notícias. Renovar o meu corpo e dar um filho ao rei é tudo o que mais desejo neste exato momento.

— Eu não o achei, são apenas boatos, Vossa Majestade. — respondeu Latina, com uma ponta de cautela em suas palavras. — Não podemos acreditar no que dizem essas pessoas. Ainda por cima, são bruxas.

Fala a pessoa que está conversando como uma bruxa. Irônico pois não? Continuando. 

— Isso não interessa, a minha intuição diz que elas falam a verdade, embora isso não quer dizer que possa confiar. Entretanto, estou tão feliz, isso merece uma comemoração.

— Acho que a Vossa Majestade está se precipitando. A anos que procuramos o portador do coração de dragão. Se ele estivesse nas terras Hidryss, saberíamos. Minha senhora, peço que pense um pouco — pediu a serva, preocupada com sua soberana. — Nos últimos anos, a senhora não teve nenhuma visão, não previu nenhum passo do portador. Como ele entrou nas terras de Hidryss? Nada poderoso assim passa despercebido pelos cavaleiros ou a Espada do Rei. Alguém teria notado. E as buscas pela sua cabeça já estaria nas paredes das cidades e aldeias.

— Pois tendes razão. A única conclusão que chego é: ele está usando um encanto para passar despercebido. Algo bom o suficiente para enganar até mesmo os hereges.

— E quanto às bruxas, Vossa Majestade?

— Latina, minha fiel serva. Você cuidará das bruxas e de todos que ousarem me impedir de tomar o que é meu. Vais trazer o meu coração. Custe o que custar. Eu preciso dar um herdeiro ao rei urgentemente. Não vou coroar ninguém a não ser um filho meu do meu sangue para o trono de Hidryss. Ou eu não me chamo Rainha Bolena Arriaga — falou calmamente, mas com determinação.

— Sua majestade...

— Não confio em mais ninguém para essa missão.

— Sim, minha Senhora.

— Depois de muitos anos, ele resolveu aparecer. Ache-o, e traga-o para mim. Leve os lacaios consigo. Se não servir de ajuda, sempre há outras opções.

— Sim, minha Senhora.

— Me sinto leve, estou tão feliz que o rosto desagradável do conselheiro do Rei não estragaria o meu dia. Com você fora do Castelo, terei que me virar com o tabuleiro mágico — a Rainha saiu de frente ao espelho, arrumou sua coroa e sorriu. Avançou para a janela e observou a Grande Hidryss. — Tenho mais um pedido para si. Se cruzar com o Sir John Will.

— Sim, minha Senhora.

— Mate-o.

— Algum motivo é especial? — perguntou Latina curiosa, com um leve tremor na voz.

— O meu caixão foi aberto, qual motivo seria!

— Como isso foi possível? A Senhora mesmo disse que tinha encantado o caixão — declarou a serva, com uma expressão de perplexidade no rosto.

— Pois, a minha magia está instável. Isso será um grande problema. Agora ficarei mais dependente do meu tabuleiro mágico.

— Sua majestade, desculpe o infortúnio — Latina sabia que estava entrando em águas perigosas, mesmo assim prosseguiu. — o que tinha dentro do caixão?

Naquele momento, Latina sentiu o aposento real gelar, sentiu frio. O rosto de sua Rainha não era o mesmo, parecia que tinha escamas sobre a pele, os seus olhos se tornaram pretos como a escuridão da noite, o leque em sua mão se transformou em uma cauda prateada ou uma cobra, não sabia como o descrever. Aquilo serpenteou e a serva preferiu não saber o que era, ajoelhou rapidamente e se desculpou.

-Mil perdões, Vossa Graça, por favor perdoe minha indulgência. Isso não se repetirá.

-Agora vá.

Latina fez a reverência e saiu do aposento de sua Rainha sem olhar para trás, estava tremendo de medo. Saiu da cidade com destino a Nayront.

-Eu vou conseguir esse coração, nem que eu mesma tenha que arrancá-lo do peito de alguém. Vamos ver os gastos e perdas. Enviei a Dama. Só por precaução, vou posicionar o Cavalo. Nunca se sabe o que está do outro lado. - Diz enquanto se transforma em um pombo branco e voa pela sua janela, sobre o enorme castelo. Pensa em que direção seguir.

"Acho melhor ir à cidade em busca de informações. Informação é poder." Pensa enquanto balançava suas asas.  

Entretanto, Heiryn se perguntava onde estava. Aquela cidade era completamente diferente de onde morava. Perguntou a si mesma se estava na cidade de Nayront, em sua aldeia, ou se tinham dado alguma droga em seu corpo enquanto estava inconsciente.

Passou a mão pelo cabelo para disfarçar a frustração, o medo e a dor no pescoço, que estava acabando com ela. "Onde será que estou e por que isso não para de doer?" Perguntou a si mesma. Parou pessoas e perguntou onde se encontrava e quase teve um surto psicótico. Respirou fundo para tentar entender, mas o desespero não a deixava perceber o quão longe de casa estava. A imagem da noite aterrorizante voltou e começou a ecoar em sua mente. O medo de transformar em algo que não fazia a mínima ideia do que era estava acabando com sua consciência. Analisou o ambiente à sua volta, cruzou os braços sem saber para que direção seguir, baixou a cabeça desorientada. Em palavras mais fácil de entender: Estava perdida. 

Lágrimas rolaram pelo seu rosto. Fechou os olhos.

— Tudo bem? — Uma voz feminina a fez voltar à realidade. — Tudo bem? — repetiu a jovem observando-a com atenção. Sentiu receio e medo de falar com uma pessoa desconhecida. Como não tinha escolha, respondeu.

— Estou perdida.

— Isso eu já percebi.

Fim do capitulo 

Muito obrigada por continuarem a ler❤️😘 

Hidryss Isto não é um conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora