A Mentira e a Verdade

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Heiryn analisou a jovem à sua frente. Era mais nova do que ela, com cabelos castanho-escuros e olhos da mesma cor. O seu olhar preocupado fez Heiryn lembrar-se da sua irmã mais velha, Runa.

— ... – hesitou, sem saber o que dizer. – Desculpa, não quis...

— Eu não sei como vim parar aqui, só quero ir... – Heiryn pensou duas vezes antes de dizer a palavra casa. A última coisa que queria naquele momento era voltar para casa. Tinha medo de encontrar o seu pai; o único lugar onde se sentiria segura seria em Perón, na casa da sua avó, onde a sua mãe estava.

— De onde és? – perguntou a jovem.

— Sou da aldeia de Nayront.

— Como vieste parar aqui? – disse a jovem, surpresa. – No Sul de Hidryss?

— É uma longa história – respondeu Heiryn.

— Pensei que não soubesses. — Realçou.

Heiryn optou por não partilhar a sua história com uma desconhecida.

— Podes ajudar-me, por favor? «Estou no Sul... Como vim parar aqui? Quem me trouxe? Como foi que isto aconteceu?» – questionava-se mentalmente.

Tantas questões ficaram no ar que já não sabia o que pensar.

— Queres ir para Nayront? Não sei como posso ajudar-te. Eu e o meu irmão vamos para o Norte; o nosso caminho não passa pela tua cidade.

O coração de Heiryn palpitou de felicidade. Não teria de passar pela sua cidade, e não precisava temer encontrar-se com o seu pai.

— És viajante ou algo do género? – indagou.

— Vem comigo, acho que posso ajudar-te – disse a jovem, sem responder à pergunta.

Caminharam pela cidade tranquila. Amonite era calma, ao contrário de onde vinha. A jovem não se apresentou, e Heiryn não se sentia à vontade. Mal conhecia a rapariga, nem o seu nome sabia, e ainda assim seguia-a sem questionar. Saíram da cidade e chegaram a uma aldeia muito movimentada. Heiryn surpreendeu-se ao ver tanta gente caminho em todas as direções, umas apressadas e outras nem tanto.

— Ali, vamos – Proferiu a jovem, correndo em direção a uma charrete onde estava um rapaz muito parecido com ela. Ele não demostrou muita afeição e analisou Heiryn de cima a baixo, reprovando-a com o olhar. «Deve ser por causa da roupa que estou a usar», pensou. Sentiu-se vulgar com o vestido apertado e o decote exagerado, parecia que os seus seios queriam saltar para fora do vestido.

O rapaz provavelmente pensou que ela fosse uma prostituta barata, ou algo pior.

Heiryn olhou para a charrete, desiludida; não era o que tinha imaginado. Nunca tinha andado de algo assim antes.

Hidryss Isto não é um conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora