Aviso de gatilho: menção a abuso infantil e tráfico humano.
A reunião estava oficialmente em curso, com integrantes de três delegacias diferentes sentados na sala propícia, surpresos com a informação recente que a família Chisaki tinha mais de um integrante:
— Nosso objetivo é tanto capturar Kai e causar uma desestruturação na Shie Hassaikai quanto resgatar a garota. — anunciou Centipeder — Pelos relatos do soldado Midoriya e cabo Togata ela tem hematomas cobertos com faixas pelos braços e o traficante que conseguimos capturar nos deu a localização dela. Eri é mantida em um quarto trancado na casa de Kai, segundo ele, é o único com o interruptor do lado de fora do cômodo e fica no segundo andar, com acesso restrito a Kai, Kurono e o cuidador dela, quem ainda não conseguimos identificar.
— Antes de começarmos a falar sobre isso... — interrompeu Takagi, direcionando uma nova discussão ao prezar pela cautela — Não acredito que deveríamos inserir novatos para arquitetar planos conosco.
Midoriya se esforçou para manter a postura diante da indireta, não precisava de muito para saber que a observação foi realizada de modo direcionado a si e poucos outros que não tinham muito tempo integrados na força policial:
— Todos eles com certeza são valiosos para a operação, Kirishima inclusive foi capaz de encontrar uma amostra da nova droga que estão vendendo! — defendeu Taishiro, aproveitando para exibir o feito do subordinado — Além disso estiveram presentes no último tiroteio, seria injusto os excluir.
— Apenas quero ser cuidadoso, acho que são inexperientes demais. — explicou-se Ken.
— Entendemos seus motivos, no entanto não haverão mais alterações na equipe. Se pudermos tornar a focar no assunto em questão, eu gostaria de demonstrar a vocês uma foto que temos da garota, todos temos que estar cientes de quem procuramos. — desviou Centipeder.
Rock Lock concordou com a cabeça, os outros integrantes também se expressaram corporalmente de acordo com a proposta. Juzo prosseguiu a detalhar sobre a pequena Eri, no meio do relatório, Nejire tinha uma de suas constantes perguntas para fazer:
— Capitão Moashi, contando que ela tem aproximadamente oito anos de acordo com Mirio, como Chisaki conseguiria esconder uma filha por tanto tempo? Capitã Ryuko em específico esteve investigando o tráfico humano filiado à facção, é possível que estejam ligados?
— Não podemos descartar, mas sobre isso não conseguimos informações ainda. Unimos as delegacias justamente para que cada uma relatasse seus pontos de vista, como sou responsável por uma área de constante conflito, acreditei que receberia mais consistência em relatos de quem lida diariamente com a Shie Hassaikai. Acredito que já cobrimos tudo sobre a garota, então passo a palavra a Eraserhead para que continuemos com a droga em foco.
O homem mantinha o punho encostado na bochecha até ser chamado, a aura cansada claramente visível e as olheiras profundas saltando mais que as orbes em si para os observadores. Um bocejo longo deixou sua boca, em seguida arrumou os papéis à sua frente na mesa antes de começar a comunicar o descoberto referente à substância. Shota sempre quis ajudar as pessoas, achando seu lugar no laboratório longe de holofotes onde fornecia análises cruciais sem a problemática da imprensa:
— Adrenalina e hormônio de crescimento humano, basicamente. A parte do hormônio é bem incomum, geralmente as pessoas pegas com ele são atletas realizando doping. Em resumo o usuário se assemelha a um super soldado temporário, sem sentir dor imediata e se fortalecendo ao manter doses recorrentes. Os componentes explicam os casos de acromegalia crescendo em hospitais recentemente.
— Existem células humanas na droga? — Ryuko questionou, receosa.
— Sim.
Izuku e Togata paralisaram, conectando os pontos em suas mentes e corroendo-se por dentro com a novidade. A sala caiu em um silêncio descomunal, cada um absorvendo a possibilidade repulsiva que já se instalava nos pensamentos gradualmente:
— Ele está fazendo isso com a própria filha... — Tatsuma foi incapaz de conter o desgosto — Não consigo sequer imaginar.
— No caso, conseguimos um mandato e entramos na casa baseado em abuso infantil? — Takagi repassou o proposto em voz alta para confirmar — Não podemos exatamente provar que as células são dela, mas já temos relatos de cárcere privado e agressão física.
— É nossa melhor aposta. — concordou Centipeder — Me ocuparei em realizar a solicitação formal a um juiz o mais rápido possível, agradeço por comparecerem e espero que possamos realizar uma reunião para definir um plano de ação em breve. Dou por encerrada a presente.
Os membros deixaram a sala aos poucos, em maioria os mais experientes e atarefados foram os primeiros a desaparecer do outro lado da porta, obrigados a se ocupar com deveres que foram adiados para comparecerem. O esverdeado e o loiro encontravam-se imóveis, o segundo particularmente frustrado com sua atitude ao impedir o colega dias atrás:
— Mirio, vamos, levante a cabeça. — pediu Tamaki de forma terna, procurando ajudar o noivo.
— Tá tudo bem, Mirio. — afirmou Hado — Você não tinha como saber, as coisas são assim às vezes.
— É... — carregava mágoa na voz, todavia os amigos ajudaram a levantar o ânimo.
— Deku... — Uraraka colocou a palma sobre o ombro do citado, em um gesto de conforto, incerta do que dizer, não era boa com este tipo de situação.
— Ei, jovem. — Aizawa se abaixou em frente a Midoriya, disposto a fornecer algum consolo ao novato problemático — Pode não ter conseguido de primeira, mas você deu esperança pra aquela menina quando segurou a mão dela, não se esqueça disso. Agora erga a cabeça.
— Obrigado. — respondeu o soldado, emocionado.
— De nada.
Sem mais uma palavra, o mais velho fez o caminho de volta ao seu departamento, largando os restantes a sós. A tensão se dissipou no decorrer dos minutos, o ambiente se tornando amigável na ínfima janela de tempo disponível até que se separassem novamente em outras funções. Nejire aproveitou para lotar os integrantes de outras delegacias com questionamentos sobre diversos aspectos, já Amajiki preferiu fornecer apoio ao parceiro desolado.
Eijiro e Izuku de alguma maneira chegaram no assunto referente às pessoas que estavam vendo, o esverdeado surpreso que Bakugo pudesse ser realmente da maneira que o ruivo descrevia, não foi exatamente aquela impressão que tivera quando conversaram na última vez, concluiu que era provavelmente os sentimentos do amigo que causavam a visão distorcida. Tsuyu e Ochaco conversaram sobre uma competição de tiro em um evento para policiais, decidindo se iriam participar.
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Boku no morro
FanfictionO morro tem sua organização: de um lado a SH, de outro a LDQ e, no meio, não podemos esquecer da polícia militar. As coisas na favela nunca eram calmas, como se não fosse suficiente, a Shie Hassaikai lançava uma nova droga no mercado ilegal enquanto...