A azulada tentava se manter focada enquanto costurava o paletó do loiro, mas era difícil se concentrar em algo quando ele a espiava por sob o ombro.
- Se você se afastasse um pouquinho, eu agradeceria, Agreste - ela disse, virando a cabeça para olhá-lo, revirou os olhos.
-Desculpa - ele se afastou, indo até a janela e se apoiando no vidro com a testa.
Ela suspirou aliviada. Passou a linha pelo minúsculo buraco da agulha, mordendo a língua, e fez um nó.
Apoiou a manga rasgada na mesa, a colocou no lugar certo, rente ao ombro e começou a costurar, minuciosamente.
As roupas da Agreste's era facilmente reconhecíveis pela qualidade do tecido, a costura delicada e pelo design. Mas aquele design era estranho. O tecido era encorpado, não possuía a sutilidade e a sofisticação que era a característica de Gabriel Agreste.
- Foi seu pai que desenhou esse paletó? - a mestiça perguntou, curiosa. O Agreste a olhou.
- Foi um dos primeiros designs dele. É bem antigo.
Ela arregalou os olhos. Em suas mãos, estava uma das primeiras peças que seu estilista preferido fez em sua carreira.
- Meu pai usou esse paletó quando ganhou seu primeiro prêmio, há 30 anos. Ele mantinha esse paletó a sete chaves. Não sei por que ele quis me dar.
A azulada mordeu o lábio inferior, apreensiva.
- Talvez ele confiava em você....
O Agreste revirou os olhos, olhando pela janela de novo.
- Erro dele.
Marinette se sentiu mal pelo amigo.
Nunca parou para pensar na vida que Adrien levava por ser filho do famoso Gabriel Agreste. Ele deveria ter responsabilidades e obrigações que uma criança nunca deveria ter. Além do fato de ter estudado em casa até a adolescência.
Seu pai era superprotetor com ele, depois que sua mãe morrera em um acidente quando ele tinha 12 anos. O pobre Adrien ficava basicamente trancado dentro da mansão Agreste, saindo apenas para entrevistas e ensaios fotográficos. Sua vida fora bem movimentada porém monótona.
- Terminei - exclamou ela, cortando a linha que sobrara. O rapaz a olhou, avaliando o paletó recém costurado - ficou bom?
Ele abraçou os ombros dela, por trás.
- Ficou incrível! Obrigado, Marin. Você salvou o meu pescoço.
- Por nada - ela sorriu meigamente. Se levantou, pegou sua bolsa e se dirigiu até a porta - vou indo.
- Quando quiser falar comigo, não precisa parar na recepção, ok? Você sabe que é como uma irmã pra'mim, joaninha - ele sorriu. Não soube como o coração dela se apertou. Pelo menos, ela passou de " só uma amiga" para " irmã", só não tinha certeza se era motivo de comemoração ou se ela deveria ficar triste.
- V-você também, Agreste - e saiu pela porta, tentando não olhar para trás.
[...]
- Um brinde à sorte dessa menina!!! - gargalhou Alya, fingindo levantar uma taça imaginária.
As duas estavam no apartamento da azulada. Marcaram de irem em uma festa, onde Nino seria o DJ. Foi dificil convencer a azulada a ir, mas Alya sempre tinha uma carta na manga " fiquei sabendo que o Luka vai" e assim, fácil, fez a mestiça aceitar.
Alya fora até o apartamento da amiga ajudá-la a se preparar e enquanto vasculhava o armário dela, a escutava contar o que aconteceu na sua ida à Agreste's.
- Foi culpa sua! - acusou a azulada, cruzando os braços e armando um bico imenso - você sugeriu pra' mim ir lá falar com ele....
A morena caucasiana rolou os olhos para a amiga.
- Se você não fosse, ia ficar enchendo essa sua cabecinha fértil de teorias, M. Te conheço há anos....
A azulada mordeu o lábio.
- Supunhamos que seja verdade.... Eu cheguei em casa, você me ligou, me falou da festa e eu esqueci completamente de falar com o Luka sobre mais cedo.
- Marinette e seus mil crushs - a morena riu.
Pegou um cabide com um vestido justo, preto, com paetês no decote profundo. Marinette negou com a cabeça, nunca usaria aquilo.
- Ah, vamos M! Você ficaria tão gata com esse vestido.
Alya tentou fazer a amiga abrir sua cabeça, era tão difícil quanto passar um elefante por uma fechadura, que o mais adequado era vestir algo sexy.
Mas, no fundo, Alya sabia que a mestiça odiava ser o centro das atenções, mesmo como uma designer de sucesso e fundadora da própria marca. Aparecer em público, com muitos ao seu redor e se concentrando nela, a deixava confusa e tímida.- Okay, que tal esse? - no cabide que a morena segurava pendia um vestido vermelho, justo no corpete e no estilo evasê indo até os joelhos.
- Esse eu gosto ! - a azulada sorriu, batendo palmas de animação - pode ser.
Alya sorriu, vitoriosa.
- Já que você escolheu o vestido, eu escolho o resto do seu look - seus lábios se curvaram em um sorriso maroto. Marinette bufou, mas permitiu.
A amiga sempre dava um jeito para conseguir as coisas que queria.
[...]
Antes de sair, a azulada se olhou no espelho. O vestido vermelho constrastava com sua pele de porcelana, a maquiagem que Alya passara era magnífica sem ser exagerada e seus lábios estavam pintados de vermelho. A amiga havia feito babyliss em seus cabelos azulados, os deixando soltos e com um volumão.
Os saltos tamanho 15 foram um luxo que Alya a fez usar, para tentar camuflar sua baixa estatura. Quando ela se olhou no espelho, mal se reconheceu.
- Vamos logo, Marin! Nino já está nos esperando - disse a morena caucasiana.
Alya usava um vestido preto colada ao corpo, que destacava suas curvas. Seus cabelos estavam alisados, brilhantes, sem nenhum fio fora do lugar.
- Você está estonteante, Al - elogiou Marinette, se adiantado e pegando a chave para trancar o apartamento.
- Você também.
As duas saíram do prédio, os sons dos saltos contra a mármore preenchia o hall, causando vários olhares.
Nino estava esperando as duas na frente do prédio, o braço direito no volante e o esquerdo, no estofado. Quando avistou as duas, buzinou e elas foram até ele. A BMW 320i chamava a atenção de todos na rua, quando Marinette sussurrou para o amigo.
- Se você quer chamar tanta atenção, da próxima vez vem com um Camaro Amarelo
Alya riu, beijando a bochecha do namorado.
- Me diz que você não comprou esse carro.
Nino encarou a namorada, com os olhos arregalados.
- Tá doida? Esse carro vale um ano do meu salário! Eu aluguei.
Marinette riu, passando o cinto pelo peito.
- Menos mal - disse Alya, suspirando aliviada.
- De quem é a festa? - perguntou a azulada, quando o amigo deu partida no carro. O moreno respondeu, olhando a rua.
- Félix, o primo do Adrien.

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Ao estilo dos anos 50
FanfictionAlya realmente teimara em ter uma festa de aniversário de 22 anos com a temática " anos 50". O que a morena caucasiana não desconfiava era que com essa festa, ela causaria o reencontro de Adrien e Marinette que não se viam desde o término do Ensino...