P.o.v Lili
Jogo novamente a exarpe por cima do ombro quando o vento a tira. A manhã está fria e não é uma boa hora para ficar na rua, mas Ashley disse que queria que eu a esperasse do lado de fora da sorveteria.
Eu acordei cedo com suas ligações e mensagens pedindo que eu a encontrasse essa manhã aqui. Se ela está tentando começar uma amizade, não é uma boa ideia fazer isso me trazendo para tomar sorvete e congelar na rua. Se começar a nevar eu vou para casa.
Checo o celular para ter certeza de que não recebi mais nenhuma mensagem dela me avisando o atraso quando ouço passos na neve. Ela vem correndo e para, se apoiando em mim para tomar fôlego.
- Me desculpe - Ela disse, inspirando com força. - Eu tive uma briga com a minha mãe e demorei pra sair. Vamos entrar?
- Por que eu não podia entrar desde o início? - pergunto tentando esconder meu aborrecimento. Ela deu de ombros. Ótimo.
Para aumentar minha raiva, dentro do estabelecimento estava aquecido e seco, sem barulho confortável. Nos sentamos em uma mesa nos fundos sem pedir nada.
- Por que uma loja de sorvetes no meio desse frio? - pergunto.
- Não vim aqui para comer nada, Lili. Na verdade queria conversar com você.
- Bem, eu vim até aqui a pé. Sou toda ouvidos.
Seu olhar assumiu certa dor.
- Você conhece o Jordan, certo? - Ela disse, hesitante.
- Sim... - Onde ela queria chegar com isso eu não faço ideia.
- Bem, a razão de eu ter chamado aqui é que preciso de sua ajuda. Ontem, depois da procura por Camila, Jordan veio pra cima de mim e... - Ela está claramente segurando o choro quando para e se acalma. - E eu disse não, Lili, eu juro que disse, mas ele não se contentou. Ele começou a me agarrar e passar a mão em mim e eu não consegui fazer nada - ela funga. - Eu dei uma joelhada no meio das pernas dele, então saí correndo para casa. Mas eu não consegui dormir a noite toda pensando nisso.
A imagem de Jordan, forte e alto, segurando Ashley e seus pequenos bracinhos a força borra minha visão.
- Foi por isso que eu briguei com a minha mãe. Ela disse que isso é normal dos homens, que não devemos levar muito a sério. Ela disse que eu não podia - Agora ela realmente está chorando. - Que eu não podia denunciar. Disse que acabaria com a vida dele. Mas eu não fui a única, Lili. Eu sei que não fui. Ele é um predador e está por aí machucando outras garotas - Ashley funga. - Por isso eu te chamei, Lili. Quero sua ajuda para denunciar, não quero fazer isso sozinha.
Eu não disse nada. Não tive coragem de dizer.
- Lili? Você vai me ajudar? Nós precisamos fazer ele pagar por isso. No mínimo entrar com um processo e... Por que você tá me olhando assim?
- Ashley, eu sei que o que você está passando é horrível, mas não vai adiantar nada denunciar. Eu já passei muito por isso em Nova York e casos de abuso sexual são muito injustos. Se você não tem machucados causados por ele ou qualquer outra forma de provar que aconteceu, você vai perder. No fim só vai ter sua reputação estragada e ele vai se safar, principalmente tendo tanto dinheiro.
Ela olhou para mim, metade indignada, metade desolada.
- Mas... mas aconteceu. Por que não acreditariam em mim? Por quê? Eu não posso ficar quieta e deixar acontecer, Lili. Ele pode ter feito isso com outras e...
- Ele fez. Ele também tentou me agarrar, mas eu não denunciei pelo mesmo motivo.
Ela começou a chorar mais eu eu entrei em desespero, sem saber o que fazer pra consolá-la.
- Mas não pode ser assim. Eu não quero viver sabendo que aquelas mãos me tocaram e ainda estão por aí. Eu me sinto tão... suja. Lili, ele machucou você, como você pode deixar passar assim?
- Eu já passei muito por isso, Ash, é muito pior quando nós perdemos.
- Mas por que não abrir um boletim de ocorrência? Não precisamos de processo. Por favor, venha comigo, por favor - ela implorou.
- Me desculpa, Ashley, mas eu não vou passar por isso tudo mais uma vez. Não vou ver a expressão de julgamento de um policial mais uma vez. Não posso.
Ela não gritou, não chorou, não falou nada. Ela fez algo muito pior, ela se levantou e saiu.
***
Eu conseguia para de pensar nisso no meu quarto.
Ela tinha razão, não era certo ficar calado quando isso acontecia.
Mas quais as vantagens de apenas perder? Não vai acontecer nada de bom, ela apenas vai ficar brigada com a mãe dela, todos vão olhar feio para ela e vai destruir sua reputação. Não havia testemunhas por perto e ela não foi machucada a ponto de fazer um exame de corpo de delito. Isso faz parte da realidade de todas as mulheres, não é justo, mas é a realidade.
Recebo uma mensagem de Cole.
-- Hoje um motoqueiro foi muito grosso comigo por motivo nenhum. Tô meio traumatizado com a falta de educação.
Eu sei que não é culpa do Cole, mas uma raiva me sobe no peito. As coisas são tão ridiculamente fáceis para os homens, e a realidade deles é tão diferente da nossa. E eles não fazem a mínima ideia. Não sabem nem da metade. Ashley está certa, afinal, se manter calada apenas vai incentivar Jordan a continuar machucando outras garotas e nós ainda podemos ajudar elas. Eu posso ajudar elas.
***
Ashley já está na delegacia quando chego. Ouço a conversa dela com o policial.
- Você tem alguma testemunha? - Ele perguntou, completamente desinteressado.
- Não. - A vulnerabilidade na voz de Ash partiu meu coração.
- Alguma prova real de que realmente aconteceu com você ou com qualquer ou pessoa?
- Não mas...
- Então eu não posso fazer muita coisa.
- Na verdade, - Eu digo, indo para o lado de Ash e pegando sua mão. - Eu também quero fazer a mesma denúncia. E também peço para falar com uma oficial mulher.
Então aconteceu. Uma policial foi nos ouvir e nós contamos nossa versões das histórias, ela disse que não fomos as únicas a prestarem queixa contra Jordan, e agora haviam vítimas demais para deixar o caso fechado. Ela disse que lamenta muito pela incompetência da polícia antes e disse que fará o possível para que Jordan não saia livre disso.
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Desculpem a demora pra postar aaaa, mas prometo que vou tentar postar com mais frequência.
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Playboy
FanfictionLili Reinhart é famosa por todos os motivos errados. Ainda aos 19 anos, ela engrenou em um caminho sem volta. Sem dinheiro para pagar os remédios da mãe, Lili conseguiu um emprego temporário como modelo na Playboy. Os anos se passaram tudo se tornou...