vendido

120 19 5
                                    

Pov Lili

A única iluminação dentro do carro do Cole vinha do complexo painel da camionete. A lua se escondia entre árvores e os postes não se estendiam até aquela parte de onde quer que nós estávamos.

O museu onde assistimos a ópera ficava muito longe de qualquer civilização e havíamos ido por outro caminho. Ou seja: eu não sabia onde estávamos nem pra onde iríamos. Só sabia que Cole estava do meu lado, mais relaxado do que me lembro de o ter visto alguma vez.

Eu tentava não olhar muito para ele para não ser estranha, mas era difícil. Ele simplesmente estava ali e tudo o que eu queria era parar o carro e me aconchegar em seus braços.

Fazia muito, muito tempo desde que eu quis um homem de uma forma em que o sexo não fosse a prioridade ou a primeira coisa que me vinha em mente quando o olhava. E Deus sabe que eu desejava Cole de todas as formas possíveis, só de pensar no calor emanando de sua pele lisa enquanto passo minhas mãos pelo seu corpo...

A questão é que não é apenas luxúria, por mais que ela esteja lá. Eu realmente me importava com ele. E o mais estranho, ele também se importava. A única pessoa que já ligou pra mim dessa forma morreu quando eu era pequena demais para sequer me sentir grata.

Cole era praticamente tudo o que eu tinha agora. E ele sabia.

Por isso a viajem foi silenciosa. Por que entre nós haviam palavras que não precisavam ser ditas. Era um diálogo que dizia muito mais do que frases. Eu simplesmente sabia que ele pensava o mesmo.

Talvez fossemos mais parecidos se a vida tivesse nos apresentado circunstâncias diferentes.

**

Minha curiosidade já aumentou quando vi que estávamos indo para o centro de Londres. Quando Cole estacionou o carro na frente de seu prédio, eu nem sabia o que pensar.

- Está tarde e não tem nada aberto agora. Vamos comer alguma coisa lá em cima. - Ele disse.

Eu de fato estava com fome e também estava disposta a qualquer coisa se Cole fosse cozinhar novamente. Não vi duplo sentido na oferta. Por mais incrível que tenha sido a noite, ainda foi muito simples para que algo acontecesse. Simples demais para algo tão especial.

Entramos no elevador e ele pressionou o botão que levava para o penúltimo andar. Tinha quase 60 centímetros de distância entre nós e continuávamos olhando para a frente, para o aço luminado da parede do elevador. Eu queria me olhar no espelho, mas virar a cabeça pareceu algo... não sei, de repente eu estava nervosa.

Isso é novo.

Meu Deus, esse elevador não chegava nunca no destino.

Encarei meus sapatos. Não queria olhar para Cole. Não, na verdade tudo o que eu mais queria era olhar para ele, então porque eu não conseguia? Pela primeira vez eu não me perguntei o que ele estaria pensando naquele momento porque simplesmente parecia ser algo que eu jamais poderia adivinhar.

De repente Cole deixou de ser uma pessoa normal e se tornou inalcançável. Eu estava me sentindo como uma menina de 12 anos falando com o menino que gostava.

Qual é, Lili, caia na real.

Será que ele estava sentindo o mesmo? Por qual outro motivo ele estaria se balançando nos calcanhares? Porque olhava para tudo menos para mim?

Tomei coragem para falar algo, qualquer coisa, por mais estúpido que fosse. Virei a cabeça na sua direção e no momento que abri a boca para dizer algo ele fez o mesmo.

Paramos.

Então ficou aquele clima sem graça.

Mandou bem, Lili.

Playboy Onde histórias criam vida. Descubra agora