Invasão

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Pov Lili

A tarde está chegando ao fim, eu percebo quando olho pela janela.

Me pergunto se Cole está bem. Quer dizer, foi só um beijo mas... Será que ele sabe quantas vezes o pai dele beijou modelos dessa forma? Será que é isso que o afeta tanto? A ideia de ser filho de um monstro? Acho que ambos tivemos pais perturbados.

De vez em quando, me pego imaginando como seria minha vida se meu pai não tivesse se matado. Eu ainda teria cursado jornalismo? Eu com certeza não teria entrado para a Playboy. Meu Deus, o que meu pai pensaria se me visse agora? Será que ele realmente me veria com desgosto? Me abandonaria? Provavelmente sim. Ele me abandonou quando eu era uma criança, imagina o que faria se descobrisse que sua filha é uma modelo pornô.

Meus pensamentos são interrompidos quando escuto um barulho no telhado, logo acima do meu quarto. Conheço essas passadas, por isso o sigo. O telhado é um telhado tradicional, mas dá para subir nele pelo sótão, por isso eu o faço. Ando pelas telhas até chegar ao lado de Cole. Eles estava sentado com uma garrafa de Bourbon olhando para o por do sol, nem reconheceu minha presença até eu me sentar ao seu lado, ajeitando o vestido e quase caindo.

- Uma queda daqui te mataria, coelhinha - sua voz está cansada, cheia de desesperança.

- Por isso eu prefiro ficar aqui em cima - ele me oferece a garrafa, tomo um gole. - Sabia que o Bourbon é um uísque tradicional americano?

- Droga, acho que vou jogar fora.

Eu ri.

- Você não precisa, sabe?

- Eu estava brincando, Lili. Não vou jogar álcool fora só porque ele é americano - ele diz, como se fosse óbvio.

- Eu não estava falando disso, idiota. Você não precisa aturar Camila, ela é uma psicótica. Se você soubesse o que ela fez no dia em que eu fui no seu apartamento...

- O quê? - sua feição agora era preocupada.

Tomei outro gole.

- Deixa para lá, é história para outro dia.

Ele não insistiu, por isso ficamos lá, vendo o sol se pôr e bebendo. Quando acabou o Bourbon, apelamos para uma garrafa de vodka da minha tia. Depois de anoitecer por completo, já estávamos completamente bêbados, ele disse:

- Vamos dar uma olhada na cidade? Não aguento mais esse telhado.

- Você já foi em um sex shop? Porque eu vi um aqui perto e acho que ainda está aberto.

Ele apenas me olhos pelo canto dos olhos, com um sorriso torto no rosto.

O sex shop está sem nenhum cliente, e a atendente estava vendo algo no caixa, por isso nem deve ter notado quando entramos pela porta cambaleando e segurando outra garrafa de vodka. Fomos para a seção do canto direito, de vibradores.

- Como que se usa essa coisa? - perguntou Cole, segurando um vibrador de duas pontas. Eu ri e peguei o negócio na mão.

- É assim, olha, essa parte mais comprida a mulher enfia, a mais curtinha pega no clitóris e fica vibrando - eu falei, sem vergonha nenhuma, mas Cole estava mais vermelho que um pimentão.

- Ah, não fica assim, você que perguntou - falei. - Além do mais, é bom você saber caso um dia precise usar em alguém.

- Passo, obrigado.

- Quem perde é você. - Conclui, então fomos para outra sessão.

- E isso, o que é?

- É um plugue anal - dessa vez eu estava corando, mas Cole não, ele já bebeu demais para sentir vergonha. - Acho que o nome diz tudo. Você pode dar ele como quiser.

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