Fuga

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P.o.v Lili

- Espera, então você está me dizendo que invadimos um sex shop, fomos presos e você quase transou com uma prostituta? - Ele perguntou depois de eu explicar sobre a noite passada, deixando de fora alguns detalhes muito específicos.

Estávamos no píer da praia novamente, sentados e molhando apenas os pés na água. Cole enterrou a cabeça nas mãos.

- Deus, isso é tão ridículo. Me sinto um adolescente patético de novo.

Arqueei uma sobrancelha.

- Então você era do tipo de adolescente que se embebedava e invadia lugares?

- Ah não, eu era o esquisito do fundão, mas assisti muitos adolescentes patéticos se embebedando e invadindo lugares. - Ele disse quanto eu ria.

Depois de alguns segundos em silêncio, apenas observando o mar vazio e com as mãos apoiadas uma na outra, eu finalmente abri a boca.

- Cole... Não é só sobre a outra noite que eu quero falar com você. Tem algo que eu preciso te contar - senti ele ficar tenso ao se virar para mim, colocando a mão no meu rosto.

- Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é coelhinha? Eu daria as costas, não a você.

Olhei bem fundo naqueles olhos verdes. Qual era a pior coisa que poderia acontecer? Eu perderia um emprego onde sou bem paga os suficiente para comprar os remédios da minha mãe e poder gastar em mim mesma. Me amaldiçoei por ter torrado todo o dinheiro que ganhei na revista e não ter feito uma poupança. Mas eu poderia arranjar outro emprego, dificilmente seria tão bom mas... seria o bastante. Não, não era o emprego que eu tinha medo de perder, era Cole.

Ele me olharia com raiva? Nojo? Definitivamente não seria com o carinho e a compaixão com que me encarava agora, definitivamente não chegaria perto o suficiente para mim sentir o calor de sua respiração no meu rosto como está agora. Eu não podia estragar tudo, não agora. Por isso, não menti, apenas contei uma verdade quase tão importante quanto.

- Eu... Cole, acho que estou me apaixonando por você.

Ele não disse nada, não se moveu nem me beijou. Apenas continuou me encarando com uma expressão indecifrável antes de um sorriso surgir em seu rosto, do tipo que um moleque dá quando sabe que vai fazer algo errado.

- E se fugirmos? - ele pergunta, por fim.

A pergunta me pega de surpresa. O que ele quer dizer com isso? Fugir tipo fazer as malas, pegar o carro e ir com a vida? Abandonar tudo? Fugir do país? Fugir parece um ideia ruim, eu faço muito isso. Mas então não parece mais, então tudo o que eu quero é fugir com Cole, onde ninguém me conheça e possamos só andar em direção ao por do sol.

- Fugir? - A palavra sai um pouco mais do que uma respiração de mim. Ele se anima.

- É, fugir. Sair dessa cidade e voltar pra casa sem falar com ninguém, principalmente Camila. Vamos, vamos fazer as malas.

Ele se levanta e me puxa junto. Ainda estou meio atônita com uma mistura de decepção e alívio. Começamos a andar para a casa da tia Lucy e seu sinto vergonha alheia de mim mesma pela ilusão. O que eu tinha na cabeça para pensar que Cole simplesmente abandonaria seus negócios que o fazem rico e sairia pelo mundo comigo? Mas é um sonho tão perfeito... Por um momento me lembro de quando tinha doze anos e planejava com minhas amigas fazer um mochilão pela Europa, apenas nós e a estrada, fugindo dos fantasmas que assombravam minha infância.

- Por que, exatamente, devemos fugir? - pergunto antes que seja tarde demais.

- Qual é, Lili, você não quer suportar ter que dividir o carro com Camila durante duas horas né? - ele para e me olha.

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