lésbica

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Lili Pov

Presa.
Detida.
Em uma cela.
Com o Cole.
Até o amanhecer.

Estávamos ambos apoiados nas grades, mas de lados opostos da cela, encarando o chão. Estamos aqui a uma hora ninguém falou um A. Aparentemente Cole é um bêbado triste depois da loucura. Nós decidimos rachar a multa e os estragos da loja depois dele se oferecer para pagar trezentas vezes.

Ele sabe. Merda, ele sabe. Só espero que o álcool limpe tudo de sua memória quando estiver sóbrio, por que se não...

Se não o que, Lili? - eu me perguntava. Ele não seria babaca a ponto de me demitir por ter sido modelo pornô, tenho certeza, mas ele nunca mais olharia na minha cara.

E daí? - eu insistia. Que diferença faz?Que diferença faz o fato de que ele provavelmente gosta de mim, de que se ele souber eu vou acabar com ele e não sei qual vai ser sua reação?

Eu sabia a resposta, mas não admitiria nem para mim mesma.

- Cole? - chamei, ele me olhou - Quando você bebe você costuma esquecer o que aconteceu na noite anterior? - perguntei descaradamente, afinal, o que eu tinha a perder?

Ele deu um meio sorriso.

- Por que a pergunta? Tem medo que eu me lembre de onde minha língua estava à menos de uma hora? Ou das descobertas da noite, coelhinha?

Humor sombrio, entendi.

- Não tem graça, Cole.

- Não. Eu não costumo esquecer, mas às vezes acontece, acho que pode acontecer, já que bebemos muito mesmo hoje.

Suspirei aliviada e voltei a encarar o chão.

- E Lili - ele acrescentou -, estou bêbado demais para me importar, mas eu jamais te perdoaria por isso se estivesse sóbrio - seus olhos estavam mais sérios do que nunca. Me perguntei como alguém pode raciocinar tanto com tanto álcool no sangue. - Você devia me contar, eu confio muito em você, mais do que em qualquer pessoa, e eu nem sei o motivo.

- Eu sei - murmurei.

O silêncio caiu de novo. Me perguntei se ele já não estava sóbrio ou se sabia que não iria esquecer e só estivesse fingindo... como um teste.  Um arrepio percorreu minha coluna. Cole parece ser inocente demais para fazer algo assim.

E não faz diferença. Eu contaria para ele. Amanhã. Ou talvez semana que vem. Ou quando desse. Merda, não posso, não posso, não posso. Estou trabalhando para reconstruir uma reputação, mas Camila e Jordan já sabem e a cidade é pequena... Quando tempo até isso chegar no ouvido de todo mundo e minha reputação ir por água abaixo, até os ouvidos de Cole. Era melhor ele saber por mim do que por outras pessoas.

Será que ele entenderia? Entenderia que eu precisava do dinheiro e que minha mãe estava morrendo? Entenderia que era meu passado e eu não me orgulhava dele? Entenderia que isso ia além de um trauma de infância seu?

Talvez se eu contasse para ele, ele entenderia. Talvez o problema fosse o quanto essa mentira iria se estender. Mas... e se ele se afastar de mim pelas lembranças do pai? E se ele realmente me demitir? O que eu vou fazer? Como vou pagar os remédios da minha mãe e ajudar Mary?

Será que ele daria as costas para mim como meu pai fez?

Meus pensamentos não estão fazendo sentido, estou muito bêbada, melhor parar.

Alguns minutos se passaram e nos sentamos no banco de metal da cela na delegacia. Qua vergonha, eu não sou mais adolescente para ir presa por vandalismo e esperar um responsável vir buscar, não sou mais criança. Cole deve estar pensando a mesma coisa pois já está vermelho faz algum tempo, ou talvez seus pensamentos estejam nós acontecimentos de mais cedo.

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