Pensamento Budista

35 30 16
                                    

Segundo o pensamento budista, tudo que fazemos tem consequências, inclusive o nosso comportamento moral, embora não possamos dizer quanto tempo leva para uma consequência se manifestar ou que forma assumirá quando isso acontecer. Talvez não possamos escolher estar ou não em uma situação específica, mas temos escolhas quanto ao que fazer com a situação em que nos encontramos. Escolhemos entre o bem e o mal, e se fizermos boas escolhas, acontecerão boas coisas. Se fizermos más escolhas, coisas ruins acontecerão. Isso transfere parte da responsabilidade e do controle às pessoas.

O budismo encara a existência como uma série de instantes, e o que acontece em um influência o que acontece no seguinte. É uma postura otimista e que exige mais responsabilidade pessoal. A ênfase está no desenvolvimento moral.

Realmente é interessante a forma como as pessoas estão a deixar o desenvolvimento moral de lado nas atividades diárias. Estamos a nos acovardar atrás de máscaras de medicamentos, pois isso é muito mais fácil do que ter uma atividade reflexiva de nossos atos. Chego a pensar se hoje em dia o ser humano ainda consegue realmente pensar e refletir. Creio que na maioria das vezes nos movemos por influência da massificação cultural, independente do nível e forma de conteúdo que se possa denominar cultura nos dias atuais.

Algo que realmente chama minha atenção é para o aquecimento global. Aquecimento esse apenas no clima, pois na vida diária dos seres humanos parece que estamos a viver a maior era GLACIAL da história.

Parece que cada pessoa comprou um iglu no polo norte ou sul e se isolou do restante do mundo.
Estamos a desenvolver uma característica em nossa espécie que não enxergo como verdadeira evolução.

Na rua, fechamos nossos olhos para as pessoas passando fome, ou até mesmo para as pessoas que enfrentam algum tipo de dificuldade diária, como por exemplo, um pneu furado. Enxergamos apenas o que nos interessa no momento. Viramos escravos dos horários e do trabalho.

Não raro, os pais não acompanham o crescimento e desenvolvimento de seus filhos, devido à famigerada falta de tempo. Esses fatos acabam por fazer com que pessoas de uma mesma família não se conheçam mais. E se dentro de uma mesma família já não é possível conhecer as pessoas na sua essência, imagina então conhecer uma pessoa estranha ao convívio familiar!

Talvez por esses motivos os relacionamentos matrimoniais estejam a dar tão errado entre pessoas nos dias atuais. Estamos tão habituados a fazer tudo tendo como direcionamento nossa visão "seletiva" que o ser humano está tornando-se cada vez mais individualista e também frio, afinal não é a era GLACIAL que estamos a viver hoje em dia? Eu sou exemplo disso, infelizmente consigo ser frio ao ponto de parecer que tenho coração de gelo.

O que me deixa mais preocupado é que não estamos mais a saber saborear as melhores coisas da vida e que nos são dadas de graça. Não temos mais tempo para olhar a paisagem, ouvir o som da natureza e, principalmente, aproveitar as amizades e nossa família.

Dizer um simples bom-dia a um vizinho, dar um abraço em uma pessoa querida ou mesmo dizer te amo para a pessoa amada, viraram quase frases e atos obsoletos nesta era glacial. Às vezes, tudo é feito de forma impessoal, o que é pior ainda; afinal, não se deve brincar com sentimentos nesta vida. Talvez tudo isso esteja a ocorrer porque nos dias atuais não temos mais a preocupação de achar soluções para nossos problemas e também para explicar nossas atitudes.

Não paramos para pensar antes de fazer. A preocupação moral tem ficado relegada a segundo ou até terceiro plano, infelizmente.

Creio que somente através da prática da filosofia em nossa vida é que conseguiremos sair da era glacial humana. Devemos buscar o calor de observar o brilho no olhar de uma pessoa que acabamos de fazer feliz. Aproveitar cada momento com as pessoas que gostamos. Curtir até o simples respirar em silêncio lendo o que está escrito no olhar de uma pessoa. Priorizar o pessoal ao impessoal. Devemos e podemos. E isso pode ser muito fácil: basta querermos!

NARRADOR Onde histórias criam vida. Descubra agora