Muitas pessoas sonham conseguir fama. Será que ser famoso é realmente uma necessidade ou um objetivo de vida? Devemos nos perguntar primeiro o porquê de querermos ser famosos. Creio que muitos vão responder que é pelo status, dinheiro, poder, enfim, coisas materiais. Eu por exemplo, como escritor já recebi vários convites para entrevistas em rádios e live's no Instagram, recusei propostas de patrocinadores que queriam financiar as minhas obras o que me daria mais visibilidade e credibilidade, porém não estava disposto a abdicar da minha liberdade e a sacrificar coisas como a universidade e a minha paz. Ficar famoso e rico nunca foi minha meta eu simplesmente quero ser um poeta.
Caímos aqui numa ilusão de que os bens materiais estão associados ao bem-estar e à felicidade. Conheço muitas famílias que possuem tanto poder e fama, mas que são cercadas de tragédias ou infelicidades afetivas. Esquecemos que a felicidade não depende de bens materiais, mas sim do que sentimos em nosso coração, de sabermos valorizar as pequenas coisas da vida e que estas não dependem de nenhum bem material. Quanto maior a nossa capacidade de desapego, maior nossa chance de ser feliz.
A maior armadilha da fama vem do que as pessoas envoltas por ela acabam por fazer: cometendo excessos e achando-se superiores a todo mundo, digo isso porque tenho amigos "famosos".
O paranoico acha que todo mundo está a olhar para ele. O famoso tem de lidar com isso na vida real; de fato está todo mundo a olhar para ele. Isso causa o afastamento do comum e acentua o narcisismo, o que acaba levando-o à solidão e, consequentemente, à busca por suportes: drogas, álcool e remédios para a frustração por ter de lidar com a insignificância humana.
Todo esse pensamento do psicanalista realmente nos leva a refletir sobre a busca pela fama e poder. Se pensarmos bem, a clássica frase "dinheiro não é tudo" neste contexto parece ter a sua fundamentação.
Eu chamo a atenção para o fato de a morte acabar por ser o limite para quem vive uma vida sem limites. E isso pode facilmente ser observado, pois normalmente os famosos acabam por terem mortes trágicas e muitos ainda jovens. Acabamos por transformar em mitos pessoas que filosoficamente e espiritualmente são vazias. Passamos a idolatrar pessoas não pelo seu caráter ou por sua capacidade de fazer o bem, mas sim pela sua capacidade de ser cada vez mais excêntrica. Ocorre uma grande inversão de valores morais na sociedade na hora da criação de mitos.
As pessoas absorvidas pela condição de celebridade acabam por se colocar acima de tudo e de todos. Esquecem que existe algo maior que nos rege. Esquecem que nossa missão terrena deve ser baseada em fazer o bem. Esquecem que o importante é sermos nós mesmos. É necessário saber reconhecer nossas limitações. Saber respeitar os espaços das diferentes pessoas. Entender que sempre existirão em estágios diferentes e momentos diferentes entre nossos semelhantes e que nem por isso deixaremos de ser felizes e de ter nosso espaço.
A grande maioria acaba confundindo o que é buscar espaço com a fama. Confundem reconhecimento profissional e pessoal com poder. Nada disso deveria ser fundamental em uma vida harmoniosa. Tudo isso deveria ser uma trajetória normal. Posso conseguir reconhecimento profissional cada vez que um paciente, por exemplo, gosta de como é tratado de forma humana.
Posso conseguir o reconhecimento pessoal cada vez que dou um abraço em algum membro da família ou ajudo alguém, mesmo que desconhecido. Para conseguir esses reconhecimentos, não preciso depender de ninguém, mas sim da minha paz interior. Esse tipo de reconhecimento vem com a satisfação própria. Eu mesmo tenho de me realizar com o que fiz e não depender de um reconhecimento de alguém. Para eu ter esses reconhecimentos, eu não preciso ser famoso.
Nenhuma excentricidade é necessária para ser feliz. O grande valor das coisas está justamente na sua simplicidade. Demorei a perceber isso, mas quando o fiz consegui estar em paz comigo mesmo e seguir meu caminho. Aprendi que mais importante do que fama e poder é ter amigos ao nosso lado. A solidão só existe para quem se torna vazio por dentro. Aprendi que mais importante do que ser um excêntrico, é procurar fazer o bem. Mais importante do que querer ser, é saber respeitar os semelhantes. Fundamental, acima de tudo, é ter em Deus uma referência primordial e fazer do bem a nossa meta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
NARRADOR
Non-FictionEu sempre disse que seria mais feliz sozinho. Teria meu trabalho. Meus amigos. Mas ter mais alguém na sua vida o tempo todo? São mais problemas que o necessário. Ao que parece, estou nesta situação. [...] Há um motivo para dizer que eu seria mais fe...