Capítulo Um - A Garota Que Podia Escolher

4.1K 268 265
                                    

Os fracos feixes de luz do sol entravam pelas brechas das cortinas de meu quarto. O dia que seguiria seria o mais normal possível, como havia sido desde sempre. Mas meus dias nunca foram realmente normais. Nada é completamente normal quando se é uma Goldstein. A reputação de minha família me persegue desde o dia em que nasci, e provavelmente perseguirá o resto de minha vida. Todos pareciam determinados a me lembrarem quem eu era. Principalmente no meu aniversário.

Senti a luz do sol finalmente entrar no meu quarto quando Kirya, a elfo doméstico, abriu as cortinas uma a uma. Não ia adiantar muito ficar ali deitada, então resolvi me levantar de uma vez.

— Bom dia, senhorita. — Disse Kyria com a voz baixa.

Segui direto para o banheiro, onde encontrei a banheira pronta para o banho, fiz minhas higienes e vesti a roupa que minha mãe havia escolhido para aquele dia. Meu aniversário sempre foi umas das minhas datas favoritas do ano. Presentes, festas e milhares de fotos. Esse ano, algo ainda mais especial. Desci as escadas quase correndo e entrei na sala de jantar, onde o café já havia sido servido. Minha mãe estava ao lado de meu pai como sempre, quando não estávamos em jantares formais. Meu tio estava à frente deles, com um lugar vazio ao lado dele. Ocupei o lugar, e com um sorriso no rosto, minha mãe foi a primeira a quebrar o silêncio.

— Feliz aniversário, Kate. — Disse minha mãe, Kathlyn Goldstein.

— 11 anos? Me lembro das vezes que tive que cuidar de você e era quase impossível fazer você se aquietar. Ah não espera, isso foi semana passada. — Renier Lestrange, meu tio, que carinhosamente chamava de Reny.

— Ei, eu não dou tanto trabalho assim. — Disse com tom de culpa. Eu dava trabalho sim, mas eram ótimos momentos e isso ele não podia negar.

— 11 anos, o que me faz lembrar... Kat? — Meu pai, August Goldstein, disse olhando para minha mãe. - A carta..?

Minha mãe abriu um sorriso. Ela retirou as mãos que estava escondidas embaixo da mesa, e nelas, havia uma carta com o brasão da escola de magia e bruxaria de Hogwarts.

— Chegou ontem a noite. — Disse ela com o sorriso.

— Me deixa ver! — Disse empolgada. Bruxos recebem um convite para estudar em Hogwarts aos 11 anos e sempre fiquei ansiosa para a minha chegar. Minha mãe me passou a carta e abri rapidamente. Abri e comecei a ler, finalmente sabendo que aquela carta pertencia a mim, e somente a mim. Li a carta e senti o sorriso brotar em meu rosto. Passei os olhos na lista de materiais e livros necessários. Devo ter lido a maioria daqueles livros pois meu tio achava que seria bom começar a aprender cedo e estar preparada quando chegasse a hora. — Então... quando vamos no beco diagonal?

— Provavelmente no final do mês. — Disse meu pai.

— Posso ir também? — Minha irmã mais nova, Alice perguntou.

— Depende, talvez. — Disse nossa mãe.

— Mal posso esperar. — Disse sorrindo também.

— Não vamos pensar nisso hoje. Temos uma festa para celebrar. — Disse ele com um sorriso.

As festas de meu pai nunca eram simples. Talvez por que ele estivesse acostumado com isso. A família Goldstein, tão antiga quanto se sabe, fazia parte do Sagrado Vinte e Oito. Não somente por ser puro sangue, mas por ter feito parte de grandes feitos na história da magia (e também por ser umas das poucas famílias puro sangue que não tem ligação com os Comensais da Morte, seguidores d'Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado) os Goldstein tem o que meu pai chama de "influência" no mundo bruxo, e ele sabe usar isso. Nossa família tinha a vida que muitos bruxos desejavam. As festas eram noticiadas no Profeta Diário como se fossem grandes acontecimentos, o que na minha opinião, é bem legal. Mas tenho a teoria que isso acontece por que o editor chefe do Profeta Diário é meio que fã do meu pai. Não tinha muitos amigos (na verdade não tinha nenhum) para convidar para meu aniversário, então os convidados sempre são os do meu pai, o que me dá a péssima impressão de que tudo é mais um evento diplomático. Em geral, me divirto bastante. Uma noite de fotos, presentes e milhares de "feliz aniversários" que eu tenho certeza que não são sinceros, mas desde que os presentes sejam bons, isso não faz a mínima diferença.

 1 | 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋 𝐖𝐇𝐎 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐂𝐇𝐎𝐎𝐒𝐄  [Harry Potter]Onde histórias criam vida. Descubra agora