Capítulo Dois - Feliz Aniversário, Srta. Goldstein

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A festa estava acontecendo. Consegui fugir por uns minutos e fui para o meu quarto, olhar meu reflexo no espelho. O vestido era verde claro, que minha mãe havia escolhido semanas atrás. A cicatriz em meu braço, em formato de algo que lembra uma pequena cobra, estava ali como sempre. Minha mãe disse que eu ganhei ela com 4 anos, quando simplesmente cai de algum lugar muito alto em alguns espinhos. As outras haviam sumido, mas essa ficou como lembrança da vez que fui até o St. Mungus por causa de espinhos. Olhei uma última vez meu reflexo. Eu era minha mãe, em uma versão menor. Cabelos cacheados da cor castanho, olhos escuros como a noite, pele branca, bochechas rosadas e expressão... normal, apesar de muita gente dizer que quando não estou sorrindo, pareço estar irritada. Gostava da ideia de parecer com minha mãe, porque ela era linda. Dei uma última olhada e sai do quarto descendo a escadaria até o salão onde a festa ocorria.

Realmente haviam poucas pessoas. Cornélio Fudge, ministro da magia, estava ali, conversando com meu tio, que parecia entediado. Alguns amigos do meu pai que trabalhavam no ministério também estavam ali. Meus avós paternos Agnes e Edward Goldstein conversavam animadamente com um homem alto e magro de pele escura e rosto gentil. Meus avós maternos Genevieve e Elifas Lestrange nunca vinham em nossas festas. Na verdade mal cheguei a conhecer eles. Não que seja ruim, quase nunca escutei coisas boas sobre a família da minha mãe, todos eles acreditam nessa bobagem de Supremacia Puro-sangue. Renier Lestrange era o único membro da família que ainda tínhamos contato pois era irmão mais novo da minha mãe e veio morar com a gente depois que eu nasci. Não me orgulho de ter o sobrenome deles. Minha mãe também não, pois todos sabem o que eles já fizeram e suas crenças medíocres. Do outro lado do salão, Severo Snape, professor de poções de Hogwarts, conversava com minha mãe. Não que fosse possível, mas tentei ler a expressão dele. Ele mantinha a expressão de sempre, como se estivesse incomodado ou algo do tipo. Ele e minha mãe eram amigos desde Hogwarts, provavelmente o único que ela me contou sobre. Minha irmã, Alice Goldstein estava perambulando pelo salão cumprimentando todo mundo, não por educação, mas por não conseguir ficar quieta. Então, os últimos convidados foram avistados por mim. Lucius Malfoy conversava com meu pai que ria de alguma coisa que ele havia dito. Não vi nem a esposa e nem o filho dele, então criei a esperança de que ele tivesse vindo sozinho. Só um Malfoy para lidar. Obviamente eu estava totalmente enganada.

— Então... Kate Goldstein... — Uma voz soou atrás de mim. O tom de voz utilizado pelos Malfoy era o mesmo independente da idade, pelo visto. Me virei e me deparei com a figura branca de cabelos louro prateado e olhos azuis cinzentos, extremamente iguais aos do pai.

— Draco Malfoy... —Olhei para o garoto.

— Da última que eu te vi.. — Ele começou.

— Foi ano passado. — Respondi entediada.

— A festa esse ano ficou menor, por quê? — Ele perguntou olhando em volta.

— Não faço ideia.

— Foi castigo por você ter enfeitiçado sua irmã? — Ele perguntou sorrindo irônico.

— Não, mas pode ser por que talvez eu vá enfeitiçar você.

— Você não tem coragem. — Ele desafiou.

— Diferente de você eu não sou covarde.

Deve ter se irritado. Um rubor vermelho surgiu em seu rosto.

— Me chame de covarde de novo e eu...

— Vai fazer o quê? Acha que eu vou ter medo de você, Malfoy? — Interrompi antes que ele terminasse a frase.

— Tome cuidado, Goldstein. — Ele disse.

— Não precisa se preocupar comigo, Malfoy. — Disse com um sorriso irônico e me afastei. Era sempre assim que eu conversava com Draco Malfoy. Nunca tive paciência pros delírios de grandeza dele. Fui em direção de minha mãe e Severo.

 1 | 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋 𝐖𝐇𝐎 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐂𝐇𝐎𝐎𝐒𝐄  [Harry Potter]Onde histórias criam vida. Descubra agora