⚜ Capítulo 25 ⚜

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Encostei-me no balcão da pia de mármore da cozinha, de frente para Harris, incrédula do que acabei de escutar. Não, ele só pode estar mentindo para mim, isso não pode ser verdade. As duas perguntas que não saem da minha mente nesse momento são apenas duas. A primeira é: "Por que diabos eu acreditaria nele afinal?" e a segunda: "Mas por que ele mentiria se não tem nada a perder?". Ele brinca com a minha cabeça e consegue me confundir como o verdadeiro manipulador que é!

— Quando você e sua irmã eram apenas crianças, Victoria (sua mãe) costumava trancar os quartos de vocês enquanto vocês estavam dormindo e era agredida por seu pai na cozinha da casa quando ela reclamava das saídas dele à noite. — senti meus olhos se aquecerem e logo as lágrimas se tornaram inevitáveis, o que me impedia de enxergá-lo perfeitamente. — Seu herói amava mais a sua irmãzinha, já que te vendeu para Brian e te forçava a fazer tudo na casa, protegendo Angeline de molhar as mãozinhas na água com sabão que usavam para lavar o chão. Além de tudo isso, batia na sua mãe todas as noites e ela apanhava, chorando em silêncio... por vocês duas e pela família. — fecho meus olhos mas sinto que ele está se aproximando de mim. — Mas seu tio querido nunca te contaria isso porque ele apoiava seu pai e as nojeiras que ele fazia.

Claro, agora as queimaduras e hematomas fazem sentido. Minha inocência não me deixava compreender o que estava acontecendo e a minha mãe, com certeza, fez de tudo para que não compreendêssemos, fez de tudo para nos preservar e conseguiu. Levei as mãos à testa, lembrando da mulher forte que foi Victoria Sattler e conter meu pranto é quase impossível. Meu tio sempre soube de tudo e nunca nos disse nada, até onde vai esse pesadelo? Quando tudo isso vai parar? O que mais ele sabe sobre a minha vida que eu não sei?

— Há quanto tempo sabe disso?! — faço-lhe a pergunta quase gritando, tomada pela raiva, inconformada, enquanto ele se limita a me dar as costas e eu nunca desejei tanto ser tão ruim quanto ele porque assim teria coragem de cravar uma faca ali. — O que mais esconde? Por que não me mata de uma vez? Seu monstro!

— Você é a única que eu jamais teria coragem de assassinar, então não fale bobagens, meu amor. — pude vê-lo tirar algo que parecia um remédio e um lenço do bolso da calça preta social que o veste, intrigando-me. — Acalme-se, estamos prestes a ir para nossa nova casa... você vai gostar muito de lá.

— Não! Eu não vou à lugar algum com você! — berro, irritada, sinto meu corpo queimar, minhas mãos estão trêmulas, não consigo enxergar nitidamente por causa da água que escorre dos meus olhos como se o oceano habitasse dentro de mim e já começo a transpirar. — Você precisa se tratar! Você é louco! Doente!

— Acontece que eu tenho um amigo para te apresentar. — ele guarda algo no bolso, chegando perto de mim. — O nome dele é Clorofórmio.

Antes que eu pudesse me afastar, William cobriu meu nariz e minha boca com o lenço branco umedecido, permitindo-me somente arregalar os olhos. Era como ter sido anestesiada. Minha visão turva foi escurecendo-se, minhas pernas foram ficando cada vez mais fracas e o cheiro horrível trazia o peso nas minhas pálpebras...

...até que eu não enxergasse mais nada.

William's POV

Abracei-a, desfalecida em meus braços, dormia serena como um lindo anjo, sua fragilidade multiplicou seu peso e tive que pôr seus braços finos ao redor do meu pescoço para poder acariciar seu belo rosto. Seus cílios unidos mal se mexiam, o ar quente que sai do meu nariz perfeito é fleumático e seus lábios entreabertos tornaram-se meramente irresistíveis para mim que os selei com um beijo brando, sentindo meu coração, tão frio, tão cruel, se aquecer repentinamente, notando a presença de Ava, cozinheira da "nova" residência.

⚜ SACRIFICE ⚜ [CONTINUAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora