⚜ SACRIFICE ⚜ [CONTINUAÇÃO]

⚜ Capítulo 35 ⚜

Sábado, 05 de março se 2016 - Milão, Itália - 22:50 PM

Chegamos ontem no Imperia, um hotel 5 estrelas construído para abrigar mafiosos e criminosos intocáveis para a justiça, porque compraram ela. Perdi as contas de quantas vezes já chorei esta semana por não ter contato com meus amigos e com meus bens pessoais. Passar os dias nos estúdios fotográficos ou gravando músicas é muito cansativo e virar as noites compondo músicas até o nascer do sol é ainda mais enfadonho.

O que está acontecendo comigo?

Meu maior defeito é pensar, porque eu penso demais. Crio paranoias que só fazem sentido na minha cabeça e um mundo livre de qualquer outra pessoa além de mim. Como eu queria confiar nas pessoas, como eu queria não ter medo de nada.

E como se todo esse caos não fosse o suficiente, estou sangrando pela vagina...

— No que está pensando? — a voz do diabo pôde ser ouvida, mas nem me esforcei para dar-lhe uma resposta. — Por favor, fale alguma coisa.

— Alguma coisa.

— Sua beleza apenas se multiplica dia após dia. — afasto-me quando ele tenta me tocar e caminho, parando na frente do espelho retangular, na parede da suíte do grande e prestigioso hotel. — Estarei te esperando lá em baixo.

De fato, estou muito bonita. Meu vestido é preto, não é tão curto, estampado por flores vermelhas e brancas que brilham ao entrar em contato com a luz. As mangas escuras são transparentes e podem ser abotoadas na região dos pulsos, além de possuir uma gola branca e botões na parte que cobre meu busto, já estava na hora de finalmente vesti-lo. Um par de botas de cano alto, pretas, Saint Laurent, único calçado que trouxe pensando neste evento.

O esfumaçado da sombra marrom destaca meus olhos escuros, a beleza do glitter bronzeado e o volume dos cílios empodera meu olhar, entretanto, não abri mão do meu gloss de cereja. Mexi nos meus cachos escuros que alcançam minha cintura e estão muito bonitos. Respirei fundo, peguei minha bolsinha preta da Gucci, a cópia da chave da porta do quarto, tranquei a porta e enquanto fazia isso, vi um homem encapuzado que sumiu rapidamente no instante em que o avistei no fim do corredor.

Estranho...

Alguns segundos se passaram e eu tomei coragem para passar pelo lindo corredor dourado cheio de lâmpadas e um extenso tapete cartesiano, indo ao térreo através do elevador, onde me deparei com uma senhora. Parecia muito humilde por sua postura, tinha um doce semblante, carregava algumas sacolas e tinha uma bengala de madeira escura e desgastada pelo tempo. Seus cabelos grisalhos estavam organizados em um coque bem-feito e tinha um xale azul em suas costas, não tirava seus olhos cinzentos de mim.

O que alguém com seu perfil faz aqui?

— Sei que tem muito amor por seus parentes, por isso, aceite o pedido. — suas palavras me fizeram franzir o cenho e encarar ela, que tem um singelo sorriso no rosto. — Para vencê-lo, terá que sujar suas mãos outra vez e manchar sua dignidade ainda mais, mas não esqueça de que está fazendo tudo para salvar sua família.

— Quem é você? — minha questão a fez rir, quando o elevador se abriu no primeiro andar.

— Sou apenas uma mensageira.

No térreo, encontrei-me com William que, resolveu variar, trocando o terno, pelo blazer preto. Parado de frente a mim, ele levanta os cantos dos meus lábios com seus dedos compridos, formando uma expressão feliz em meu rosto.

— Agora está bem melhor. — opina, antes de unir sua mão à minha, entrelaçando nossos dedos para sairmos do hotel, entrando na limousine preta.