Capítulo 10: Não Precisa de Palavras

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I'm falling for your eyes, but they don't know me yet.
(Estou me apaixonado por seus olhos, mas eles não me conhecem ainda)
Kiss Me - Ed Sheeran

- Você não vai nem nos ajudar? - Aaron perguntou emburrado.

Eu estava sentada ao lado de Oliver na areia os vendo trabalhar.

- Por que eu deveria? - perguntei arrogante.

- Você não quer voltar para casa? - Pierre perguntou no mesmo tom.

Era uma boa pergunta... Eu queria voltar para casa? Afinal, eu havia fugido, estava finalmente tendo a aventura que tanto sonhei! Não queria voltar! Sentia que meu lugar era ali...

Me levantei revirando os olhos.

- Me dá isso aqui! - disse pegando a espada da mão de Marlon.

Dei um golpe tão forte na árvore que ela desabou na mesma hora deixando todos boquiabertos (inclusive eu).

- Ela já estava quase caindo, só por isso ela conseguiu tão fácil, eu também conseguiria! - Marlon disse causando risada em todos e me fazendo revirar os olhos.

- Claro, Marlon, se isso te ajuda a dormir melhor... - disse Alec rindo.

Eu estava rindo também quando reparei algo no meio da floresta.

Era a casca de um coco, como aquele que estava com álcool no dia anterior.

Olhei para trás.

- Não! É um barco! Não a porcaria de uma canoa! É para cortar assim! Não assim!

- Dá na mesma! Mas cortar assim é mais fácil!

Tudo bem, acho que eles estavam bem distraídos, não notariam se eu escapasse um pouquinho...

Fui em direção ao coco e dei um pulo para trás ao ver que atrás do coco estava ele me esperando.

- Oi... - olhei para seu braço, parecia bem melhor. - Você está bem! - eu disse sorrindo.

- Guahe chendive? (Vem comigo?) - ele disse estendendo a mão.

Olhei para a praia.

Marlon e Alec estavam literalmente se batendo e Aaron e Pierre tentavam separar. Definitivamente ninguém estava prestando atenção em mim...

Dei minha mão para ele e tive que me segurar para não gritar quando ele saiu correndo me puxando com ele.

Meus pés descalços doíam, mas apesar disso, era uma sensação incrível! Estávamos correndo tão rápido que eu sentia o vento bater em minha cara e esvoaçar meus cabelos.

Ele sabia onde estava cada obstáculo, pulando e abaixando quase que automaticamente, e me ajudando a passar por todos eles também. Era como se ele tivesse decorado cada pedaço do caminho...

Ele se agarrou em uma árvore me puxando para cima com o braço bom, na nossa frente, havia um riacho com a correnteza tão forte que fazia um barulho ensurdecedor.

Ele me estendeu um cipó e fez um gesto para que eu pulasse.

- O quê? Me agarrar nesse cipó? Sem chances! Você viu a distância de uma margem até a outra?

- Neko'ē hupyty! (Você consegue!) - ele disse sorrindo, o que me fez perceber que ele realmente não havia entendido nada do que eu havia dito!

Fechei os olhos e respirei fundo.

Eu vou morrer!

Agarrei o cipó e me joguei gritando de medo mas com uma sensação de adrenalina imensa no peito.

Coração NaufragadoOnde histórias criam vida. Descubra agora